segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Quem vai entrar para esta lista?

20. Os desalojados da natureza

A vida moderna (e já apontada como pós moderna), impôs às pessoas uma brutal modificação nos hábitos, nos sentimentos, na alimentação, na vida familiar, nos transportes, no trabalho, nas diversões, na vida religiosa...
No dia-a-dia, enfrentamos diversos problemas desencadeados por pressões sociais, culturais, econômicas e financeiras, tanto na rua, no emprego, como na família.
Uma vez, os casais iam aos bailes para dançar abraçados e para segredar frases de carícia ao pé do ouvido, sentindo um do outro as vibrações energéticas e o afeto corporal. Hoje o volume do som os impede de se falarem e a distância entre os corpos não permite; a dança é um show ritmado. As almas pedem socorro, mas o remédio é apenas corporal.
No trânsito, cada um em seu carro, em silêncio, ouvindo, quem sabe as notícias policiais do dia ou um som nem sempre adequado para relaxar.
Na vida religiosa, em desuso, o representante de Deus fala do que é certo e errado citando exemplos de 2, 3 mil anos passados...
Em família, raramente sentam-se todos no mesmo ambiente para falar ou fazer refeições ou orar. Cada um em sua quarto, em seu televisor, em seu PC, note book, ou tablet...
A vida moderna e já identificada como pós-moderna, faz de muita gente, maioria talvez, verdadeiros autômatos, coisa que o ser humano não é e não será.
Estamos sempre "correndo atrás do trem da vida" e com medo de ficarmos para trás, pois o mundo competitivo nos obriga a sermos os melhores: melhor funcionário, melhor namorado, melhor cônjuge, melhor pai, melhor mãe, melhor filho, melhor aluno... Nossa busca se generaliza para diversas áreas e acabamos nos esquecendo de coisas simples, como arranjar tempo para nós mesmos.
Essas pressões acabam produzindo conflitos pessoais, emocionais e espirituais que se exteriorizam como dificuldades em mantermos saúde plena, física e mental.
Então, percebemos a necessidade do retorno ao equilíbrio pessoal, da paz e da saúde para a nossa e para a vida daqueles com quem convivemos e amamos. Entretanto, também percebemos que as pessoas que conosco vivem e em quem buscamos apoio se encontram com problemas semelhantes aos nossos, necessitando também de auxílio.  Nestes momentos de dificuldades, podemos melhorar nosso entendimento, clareando nossos pensamentos e aliviando nossos sentimentos através de uma conversa amiga.
Mas, quem está disposto a ouvir com o coração e entender com a alma?
Essa preciosidade, uma vez, ainda estava na moda: o melhor amigo, a melhor amiga. Até um diário, muita gente rabiscava. Mas, além de cair de moda, essas figuras emblemáticas de nossas vidas, cambiaram de interesse. O diário foi parar nas páginas de relacionamento da Internet. Os nossos amigos, “amigos pero nó mucho”, se achegam para esvaziar seu saco a procura de um saco que acolha as suas lamúrias. Falam, falam, falam e não querem ouvir. Despejam suas angústias, como se fosse o vaso que recebe os dejetos e nem puxam a descarga e se vão apressadamente.
Muito provavelmente essa é a causa do imenso sucesso dos milhões de animais convivendo com pessoas, comendo com elas à mesa, dormindo com elas à cama, andando com elas nos carros e fazendo até coisas que seriam exclusivas entre humanos... O animal ouve e não fala. Dá afeto e não exige compromisso. Quando se entrega, se entrega totalmente. Faz tantas coisas mais que os humanos complicam quando querem fazer...
Onde chegamos, hein? Somos trocados por um cachorro, por um gato, por um passarinho. Regredimos? Sim. Isso não é evolução, porque o andar de cima do gênero humano é algo parecido com o que os anjos são capazes. Certamente não é o andar de baixo, que pertence aos animais.
Nada contra aqueles que buscam conforto emocional, companhia, afeto e outras coisas mais entre os animais. Pelo menos essas pessoas estão se dando a oportunidade de uma via alternativa de vida nesta estrada pedregosa por onde marchamos ansiosos e cansados.
Uma prática que tem tido um sucesso enorme em algumas casas de caridade é o Ouvido Fraterno. Pessoas que se oferecem para ouvir. Ouvem com acurada atenção. Nada sugerem, confirmam ou perguntam e descobrem, os dois envolvidos no diálogo, que o desabafo é uma grande sessão terapêutica sem a intervenção do psicólogo, pois o paciente sabe tudo quanto lhe é útil e saudável, mas o turbilhão emocional o impede de raciocinar.
O pior é que, uma maioria, sem poder desabafar em harmonia, acaba desabafando em crise: no casamento, no trânsito, na fila, na balada, onde mais? Conseqüências: casamentos arrombados, brigas, socos, agressões, tiros, tribunal, cadeia, cemitério, hospital... Mais solidão, mais desagregação, mais separação, mais alcoolismo, mais drogas, mais suicídios...
Em nosso próximo artigo iremos explorar a hipótese de reversão dessa tendência à luz da Era de Aquário ou sem ela.

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