sábado, 30 de junho de 2012

Reencarnação: nem tudo é fácil (IV)


133. Qual a evidência da reencarnação?
        
Infelizmente, o homem moderno não consegue admitir que o seu pensamento tenha mergulhado num denominador espiritual muito baixo por conta da invenção de salvadores para nossa travessia do corpo para a vida eterna e,  assim, tem procurado "evidências", “provas”, tem querido obter certeza para tudo que esteja relacionado àquilo que a materialidade nem sempre consegue explicar. Esse é o resultado do sepultamento da idéia de sagrado.
Sem levar em conta o Sagrado que percebemos mas não conseguimos explicar, a ênfase mais comum da Reencarnação passou a ser vista como o fenômeno das recordações de "vidas passadas", com o intuito de recordar detalhes dessas supostas vidas anteriores. Isso pode ser obtido através da hipnose ou da recordação espontânea ou intuitiva, fenômeno que se chama "dejá vu".
Certos movimentos ocultistas que têm se infiltrado nas igrejas pentecostais têm usado a técnica da regressão a vidas passadas, uma prática totalmente condenada na Palavra do próprio Deus que inspirou a Bíblia por eles usada.
Por enquanto as provas buscadas que possam comprovar a doutrina da Reencarnação, são o ato de encontrar na mente humana lembranças de vidas passadas, que de fato, existem, mas, novamente sem comprovação, pois se o João da Silva lembrar-se que viveu como Pedro de Oliveira e que seu corpo está enterrado no cemitério das Cucuias, lá, certamente, não existirá uma tumba com uma lousa com este registro, porque, há 200 anos atrás, essa não era uma prática corrente nos cemitérios. Imagine-se então vidas que tenham ocorrido há 500 ou mais anos...
Hoje sim, os cartórios, os cemitérios, os batizados, tudo fica escrito.
De maneira irresponsável, pessoas sem competência para tanto andam conduzindo outras pessoas em experiências de regressão de consciência em busca de registros de vidas passadas. Encontram. Mas, não comprovam nada e os efeitos desta experiência podem danosos àquele que se submete a ela.
Esse exercício é tão delicado quanto mexer na formatação do DNA biológico. A ciência dos homens não pode brincar com a Ciência de Deus.
As igrejas baixo-pentecostais, aquelas da fé aliada à prosperidade, andam se baseando em evidências do tipo das visões, profecias, revelações e outras coisas que lá na própria Bíblia que eles tanto invocam estão condenadas.
Alguns relatos de vidas passadas feitos por pessoas sob o efeito da hipnose podem ser atribuídos à sua própria fantasia ou pelo fato de estar a pessoa hipnotizada sob o comando mental do hipnotizador. O argumento é usado por aqueles que pretendem negar a hipótese da reencarnação, mas não é um argumento burro, pois se sabe que isso é possível. Quando assisto um culto em certas igrejas pentecostais e alguém começa a dizer: “O Senhor está me revelando...”, tenho vontade de ir à frente e puxar as orelhas desse cristão raquítico, que deseja apenas chamar a atenção dos visitantes, melhor dizendo, dos ignorantes que o ouvem e vêm. Não entendem nada de revelação, pois são eles mesmos que condenam a mediunidade e em se tratando de mediunidade, jamais a mente de Deus viria a ser sintonizada por um simples mortal em processo de encenação e pantomima diante dos fiéis de sua igreja.
A edição de junho/1985 da revista "Hipnotic Misrecall" (Recordação Hipnótica Indevida) declara o seguinte: “Os pesquisadores descobriram que as pessoas sujeitas à hipnose haviam improvisado livremente, preenchendo os detalhes esquecidos por passagens fabricadas segundo o estilo do autor. Vários outros estudos levaram à conclusão de que embora um sujeito pareça recordar-se melhor das coisas passadas, quando está sob efeito hipnótico,  o aumento de detalhes registrados vem geralmente acompanhado da perda de evidência. Certos preconceitos do hipnotizado e do hipnotizador podem em muito distorcer as recordações da mente. Por exemplo, uma pessoa hipnotizada  pode se deixar conduzir mais facilmente pelas perguntas direcionadas do que outra pessoa em condições normais” (p. 73).
No entanto, outras revistas e em muito maior número e com maior credibilidade, vêm apresentando notícias extraordinárias valendo-se das impressões digitais. Sabemos todos que aqueles caracóis que nossos dedos desenham sobre o papel quando imprimimos nossa marca individual na Cédula de Identidade ou no Passaporte, não têm similar no universo das pessoas de toda a humanidade. Este é uma prova de que somos únicos, sem cópias, por obra de Deus. Nos registros dos Institutos de Identificação estão sendo buscadas provas de que o sujeito que viveu há 130 anos passados está de volta noutro corpo e com a mesma impressão digital.
Mas, isso não é bastante, ao menos, para algumas pessoas colocarem as barbas de molho. Em seu livro "Reincarnation and Christianity" (Reencarnação e Cristianismo), o Dr. Robert Morey afirma que "um transe hipnótico é o exato estado mental, ao qual os médiuns e as bruxas têm se auto-induzido durante séculos, a fim de se entregarem ao controle demoníaco dos maus espíritos" (p. 24).
Se é esse o caso, não é difícil imaginar um ser demoníaco apossando-se da vontade do sujeito hipnotizado, a fim de se comunicar através do mesmo afirmando o que ele bem entender. Um demônio, com acesso a muitos séculos de informação histórica, poderia organizar uma pauta, fazendo o hipnotizado falar (ou agir) sobre o assunto da mesma, dando a idéia de que o hipnotizado está se recordando de vidas passadas. Verdade, isso é possível, mas para usar esta argumentação o analista tem por obrigação de aceitar que também os bons espíritos podem atuar nos médiuns com intuito de ajuda, coisa que os adversários da reencarnação não aceitam. Não aceitam e argumentam: “Como Satanás é o pai da mentira, com apenas 20 de mentira e 80% de verdade, ele induz a vítima do transe a fazer com que todos acreditem no que o demônio está falando, até mesmo um cristão que se acha profundo conhecedor da Bíblia. Os demônios se divertem bastante à custa das pessoas crédulas, imitando personagens importantes da antiguidade e levando-as a crer que foram alguns desses tipos. Um exemplo comum é o de pessoas que ficam inteiramente convencidas de que são uma reencarnação de Cleópatra! Isso poderia ser engraçado, se não fosse tão trágico”.
E obviamente o mesmo argumento pode ser usado para definir o papel do pastor que insufla seus fiéis a acreditarem na divindade de suas palavras. Tanto uma coisa como a outra pode ser coisa do diabo. Não dá para ser radical, nem burro.

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Reencarnação: nem tudo é fácil (III)


132. Qual é a Atração da Reencarnação?

O mais óbvio apelo da Reencarnação para os ocidentais é a promessa de que a vida continua e que temos muitas chances de torná-la melhor, cada vez mais, conforme o nosso desejo. Existindo a Reencarnação o homem não precisa fazer uma reconciliação com o Deus Justo apenas nesta vida, nem ainda tratar os semelhantes com amor e respeito apenas nesta vida. Os desinformados adversários da Tese da Reencarnação argumentam: se o homem tem tantas vidas quantas forem necessárias a fim de conseguir a perfeição, ele pode pensar: "Por que não aproveitar bem esta vida presente, deixando para praticar o bem e reconciliar-me com Deus somente na próxima?"
Ninguém tem o direito de pensar assim porque todo exagero cometido agora irá se transformar em carestia imediatamente. Melhor dizendo: toda a abundância indevida retornará como devolução daquilo que nos pertenceria por justiça. Ele não pode pensar de forma diferente porque toda a dívida da vida exuberante vivida em prejuízo dos outros terá de ser quitada logo a seguir. Argumentam que a necessidade de se reconciliar com Deus, realmente, não existe para os verdadeiros reencarnacionistas, visto como estes não crêem num Deus pessoal (o Deus da Bíblia). E é certo o argumento. O apogeu, o acme, o píncaro nunca serão benesses de um Deus que se deixa influenciar por elogios e agrados e sim conquistas do homem, méritos seus. Dizem também, por causa dessa forma de pensar, que a Reencarnação anda de mãos dadas com o Panteísmo, que ensina o seguinte: "Deus é tudo e tudo é Deus", inclusive o ser humano.
As igrejas neo-pentecostais estão praticamente admitindo o Panteísmo, quando procuram elevar a auto-estima de seus membros, transformando o Espírito de Deus num "office boy", que lhes atende todos as ordens: Eu não aceito! Eu exijo! Eu decreto!, etc.
A desinformação é uma monstruosidade na vida das pessoas. As doutrinas do Panteísmo e da Reencarnação constituem a pedra fundamental do Hinduísmo e do Budismo. Este último tem penetrado disfarçado rapidamente nas igrejas evangélicas, religiões que têm ganho, nos últimos anos, ampla aceitação no mundo ocidental.
Na verdade, o materialismo ensinado no Ocidente levou as pessoas a pensarem Deus como um celeiro a liberar bênçãos econômicas. E a idéia de felicidade ou realização foi atrelada ao poder do dinheiro.
Em seu livro "Miracles" (Milagres), C. S. Lewis, o grande escritor cristão, fala o seguinte sobre o Panteísmo e a Reencarnação: “O Panteísmo agrada a nossa mente, não porque seja o estágio final de um demorado processo de iluminação, mas por ser quase tão antigo como o somos. Ele até pode ter sido a religião mais primitiva de todas. Tem, de fato, uma natural e permanente aceitação da mente humana... O nível permanente ordinário mais baixo no qual mergulha o homem... e acima do qual seus próprios esforços jamais poderão conduzi-lo" (ps. 84-85).
O que os analistas de plantão jamais poderão fazer, porque isso é uma tremenda desonestidade, é juntar reencarnação com a soma de panteísmo e religiões neo-pentecostais. Esse casamento nunca existiu.
E outra coisa: tem gente usando a expressão panteísmo sem saber do seu exato conceito. O mais usual é dizer que ele contradita o monoteísmo. E se por monoteísmo se entende Jeová, na figura antropomórfica criada pelos judeus para imaginar seu Deus, sim, o panteísmo é a antítese. Mas, se tomar por panteísmo a idéia de um Deus espiritual que se manifesta aos homens através da imensa obra ecológica, estamos chegando perto de nos entender. O Deus panteísta é aquele perpassa tudo, permeia tudo e está manifesto numa borboleta tanto quanto no sorriso de uma criança, como evidentemente também no gesto caridoso de qualquer cristão para com o seu próximo. É claro que fica mais difícil entender “esse Deus” quando queremos “outro Deus” que apenas olhe para os meus interesses pessoais e engorde a minha conta a ponto de fazer sobrar muito dinheiro para entregar ao pastor da minha agremiação religiosa. Piorando o raciocínio que já é precário: e nunca perguntar para onde vai essa grana.
Para ser bem claro, curto e grosso: isso nada tem de divino, nem se sagrado. Não desse jeito.
Como é que pode ser sério o pastor dizer diante das câmeras de TV que todo o dinheiro enviado a ele é um presente dos fiéis a Deus?
E o pior é que tem milhões de pessoas acreditando nisso. Fala sério!!!!

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Reencarnação: nem tudo é fácil (II)


131. Introdução (II)

E assim se pode retomar o tema “reencarnação”. A ampla aceitação da Reencarnação nos Estados Unidos, pode ser atribuída a vários fatores. Dentre estes fatores temos o testemunho favorável da suposta evidência científica e de pessoas famosas, como dos atores Shirley MacLaine e Glenn Ford, que falam de suas "vidas anteriores". Livros têm sido escritos, como "Out of a Limb" (Além de Uma Fronteira) de Shirley MacLaine, que se tornou um bestseller. Este livro descreve os ciclos do renascimento. Outros autores como a reencarnacionista "cristã"  Jeanne Dixon e o falecido Edgar Cayce também escreveram livros sobre o assunto. Jornais de sensacionalismo  como o "National Enquirer"   têm contribuído para a divulgação da crença na Reencarnação, atraindo a atenção dos leitores para este assunto.
Nos passados anos 1960 e 1970, alguns livros como "Jonathan Livingston Seagull", e "A World Beyond", de Richard Bach, foram vendidos rapidamente, semeando as bases da filosofia hinduísta e ocultista, da qual provém a doutrina da Reencarnação para condicionar a mente dos leitores.
Na década de 1970, as idéias de Bach e Montgomery foram substituídas pelas de Elizabeth Kubler-Ross, autora de livros como "On Death and Dying" (Sobre a Morte e o Morrer),  e "Questions and Answers on Death" (Perguntas e Respostas sobre a Morte) e de Raymond Moody, autor do livro "Life After Life"  (Vida Após a Vida), e "Reflections on Life After Life" (Reflexões Sobre a Vida Após a Vida).
A proposta destes dois escritores é de que a morte é o princípio de outra vida espiritual e de que todas as pessoas encontram descanso e paz nessa nova vida. Tanto Kubler-Ross como Moody negam a doutrina cristã do Julgamento Divino. Ambos acreditam na Reencarnação.
Conquanto alguns cristãos tenham criticado a teoria da Reencarnação, a maioria das igrejas tem permanecido ignorante das implicações da mesma. Diante do amplo silêncio dessas igrejas e das aparentes evidências, muitos cristãos têm chegado à conclusão de que a Reencarnação existe ou, pelo menos, não descartam a possibilidade de que esta seja um fato.
Na verdade, lá no fundo da consciência dos cristãos de todas as agremiações religiosas, deve estar a mesma sensação que assalta a todos nós: como pode ser amoroso e justo o Deus do julgamento final, que entrega a seus filhos uma única existência e condena uns a viverem aleijados e miseráveis, enquanto a outros premia com perfeição e riqueza? Faz mais do que isso: ao fim de uma única existência baixa a sentença condenando muitos de seus “amados” filhos ao fogo eterno do inferno, sem chances de recuperação.

O Que é Reencarnação?
        
Reencarnação é o ensino de que a alma se move de um corpo para outro, num ciclo de nascimento-morte-renascimento, teoria desenvolvida pela doutrina budista/hinduísta da transmigração da alma e bem mais tarde decodificada de forma ampla pelo professor francês conhecido pelo pseudônimo de Allan Kardec. Para os hinduístas, a transmigração ensina  a possibilidade de a alma renascer, inclusive, no corpo de um animal, o que foi amplamente desmentido pelos espíritos que prestaram informações às equipes de Kardec.
O status do corpo no qual a alma nasce depende da qualidade de vida vivida por aquela alma em seu corpo anterior. Uma vida boa conduz ao renascimento numa forma mais elevada, enquanto uma vida má conduz ao renascimento numa forma inferior, marcada por resgates.
Essa graduação para uma forma melhor ou pior satisfaz a Lei do Carma, teoria central do Hinduísmo. A Lei do Carma ensina que as boas obras são recompensadas e as más obras são cobradas em resgates. O alvo do Hinduísmo é que a alma consiga quebrar a Lei do Carma e venha a se integrar no universo, livre das reencarnações. Um pouco diferente é a evolução pregada pelos espíritos que assistiram ao trabalho de Kardec: ao completar todos os ciclos de resgates, a alma reencarna se quiser para uma missão elevada.
Tivemos vários casos assim: Simão Pedro, Paulo de Tarso, João Evangelista e o próprio Judas Iscariote estiveram entre nós novamente.
A mente ocidental, que aparentemente rejeita a idéia de renascer como um mosquito ou como uma minhoca, achou melhor deletar os animais do seu ciclo... E com razão. Esta hipótese, hoje, já está reduzida a zero mesmo entre os hinduístas, que confundiram a formação dos espíritos, vindos dos reinos mineral, vegetal, entômico, viral, animal para chegar ao reino humano e daqui apenas avançar para, por exemplo, para o reino angelical.
A Reencarnação ensina ainda que a alma tem preexistido eternamente. Montgomery, em seu livro "A World Beyond", afirma que este foi escrito psicografado através do médium Arthur Ford, o qual estava na fila do Além, aguardando a oportunidade de entrar em um novo corpo. Ele escreveu: “Iniciamos com a premissa de que cada ser humano é uma entidade em continuação por toda a eternidade, sem princípio e sem fim, a despeito do que afirmam os moralistas, que a nossa vida começa com o nascimento físico de um bebê e termina no Dia do Julgamento. Ora, jamais houve um tempo em que não tenhamos existido e sempre existiremos, ainda que constantemente mudando de forma e de estágio, pois tanto somos parte Deus como Deus é parte de nós (p. 7).
Apegados, porém, aos escritos antigos, à ciência velha que não se renovou, muitos intérpretes religiosos tentam explicar que vivemos uma vez só e que ao depositar-se o nosso corpo em uma sepultura, existirá apenas a vida espiritual, que se tornará eterna no paraíso, para os bons, e eterna no inferno para os maus. Este princípio é tão cruel e absurdo que, mesmo entre os humanos, não poderia funcionar. Se um homem comete um desatino levado pela embriagues (que é doença) e, sendo condenado, não ficará eternamente preso, pois poderá curar-se, pagar por seu erro e retornar ao convívio social como outra pessoa em termos de caráter e de índole. Mas, infelizmente, algumas religiões negam essa perspectiva a Deus, colocando-o como irado e irascível aplicador de uma lei nada amorosa, nada generosa.
A mesma situação pode ser reconhecida no caso dos suicidas. Quantos casos conhecidos de pessoas que tomam remédio para emagrecer e sob o efeito de tais “tarjas pretas” receitadas por seus médicos jogam-se pela janela de seus apartamentos e morrem. Assassinos de si mesmos, levados ao fogo do inferno? E seu médico? Teriam ambos a oportunidade de repararem suas atitudes numa próxima etapa, atendendo aos preceitos do Deus amoroso e generoso, que dá a todos os seus filhos a oportunidade de refazerem suas rotas tortuosas?
Apenas nestes dois exemplos qualquer mente obtusa começará a pensar e a dar importância e verossimilidade a tese da reencarnação. É isso que faz o povo dos Estados Unidos dada a sua boa formação, dada a abundância de informações e dada a democracia que impera em seu país, onde para afirmar qualquer asneira o autor tem de estar pronto a responder pelo que disse. Assim, a tese do céu e inferno eternos coroando uma única existência passa a ser rejeitada por aquele povo.  

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Reencarnação: nem tudo é fácil (I)


130. Introdução (I)

O assunto mais controvertido entre os humanos desde que começamos raciocinar é, sem dúvida, a religião. Religião entendida por formas de interpretar Deus e a vida. Para não ficar apregoando verdades e mitos contidos nas diversas correntes de fé, este blog decide propor um estudo sobre o sagrado. Sagrado, entendido como aquilo que o homem não domina porque não conhece, mas percebe que existe. E assim fica afastado o perigo de confundir religião com agremiação religiosa.
Neste universo de nossa sintonia para a dimensão percebida, porém desconhecida, o aspecto mais apaixonante tem se mostrado ser o que acontece com os espíritos: uma só passagem pelo corpo ou múltiplas vidas?
Queremos fazer uma abordagem madura e desapaixonada através desta série.
Há um estudo nos Estados Unidos mostrando que mais do que nunca as pessoas estão aceitando a idéia da Reencarnação como um fato, ou seja, que a alma sai do corpo após a morte, reencarnando-se mais tarde em outro corpo, mantendo a mesma consciência profunda, também chamada de inconsciente ou memória da alma. mantendo a mesma consci corpo.spaixonante tem se mostrado na questao  fnar
As pesquisas mostram que pelo menos 60% dos norte-americanos consideram possível a Reencarnação, o que para alguns analistas carimbados como membros de agremiações religiosas interessadas nas tradições ou nos dividendos que isso possa trazer, é um fato lamentável e absurdo. Mais ainda em se tratando de um país conhecido como cristão evangélico, como é os EUA.
Perdem-se nos argumentos tais analistas quando se esquecem de anotar que Jesus era um cientista e filósofo colocado no mundo para falar a língua dos oprimidos, àqueles aos quais a informação sempre chegara deturpada, viciada, dirigida, manipulada. Como manipulados foram os textos dos Evangelhos Cristãos no século IV.
Cristo falava por parábolas, mas chegou um dia em que Ele abriu o jogo ciente de que muito do queria informar aos gentios humildes da Palestina (engessados por muitos séculos de dominação estrangeira e por regras rígidas de um pensar sagrado exotérico – vindo de fora) havia chegado a hora de libertar aquele povo. E esse ensinamento os ferrenhos defensores dos evangelhos estão negando reconhecer, quando Jesus anunciou em João 14 “16 E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Paráclito (intérprete), para que fique eternamente convosco. 17 É o Espírito da Verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê nem o conhece, mas vós o conhecereis, porque permanecerá convosco e estará em vós. 18 Não vos deixarei órfãos. Voltarei a vós. 19 Ainda um pouco de tempo e o mundo já não me verá. Vós, porém, me tornareis a ver, porque eu vivo e vós vivereis. 20 Naquele dia conhecereis que estou em meu Pai, e vós em mim e eu em vós. 21 Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é que me ama. E aquele que me ama será amado por meu Pai, e eu o amarei e manifestar-me-ei a ele. 22 Pergunta-lhe Judas Tadeu: Senhor, por que razão hás de manifestar-te a nós e não ao mundo? 23 Respondeu-lhe Jesus: Se alguém me ama, guardará a minha palavra e meu Pai o amará, e nós viremos a ele e nele faremos nossa morada. 24 Aquele que não me ama não guarda as minhas palavras. A palavra que tendes ouvido não é minha, mas sim do Pai que me enviou. 25 Disse-vos estas coisas enquanto estou convosco. 26 Mas o Paráclito, o Espírito da Verdade, que o Pai enviará em meu nome, ensinar-vos-á todas as coisas e vos recordará tudo o que vos tenho dito. 27 Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz. Não vo-la dou como o mundo a dá. Não se perturbe o vosso coração, nem se atemorize! 28 Ouvistes que eu vos disse: Vou e volto a vós. Se me amardes, certamente haveis de alegrar-vos, que vou para junto do Pai, porque o Pai é maior do que eu. 29 E disse-vos agora estas coisas, antes que aconteçam, para que creiais quando acontecerem. 30 Já não falarei muito convosco, porque vem o príncipe deste mundo (o intérprete equivocado); mas ele não tem nada em mim. 31 O mundo, porém, deve saber que amo o Pai e procedo como o Pai me ordenou. Levantai-vos, vamo-nos daqui”.
Jesus estava a dizer aos apóstolos e a todos que tiveram acesso aos evangelhos populares: ensino-vos aqui a tabuada, mas outro professor vos ensinará álgebra, claro, quando vossa mente estiver em condições de entender álgebra. Esse tempo chegou 18 séculos após. Quando a Igreja de Roma parou de queimar vivos os homens e mulheres que chamava de bruxos, a espiritualidade passou a ser encarada como matéria relevante e o mundo (dominado por Roma) passou a conhecer que a vida real, muito mais real que a conhecemos, está no plano espiritual.

terça-feira, 26 de junho de 2012

De Judas Iscariotes a Joana D'Arc (II)

129. A quase rainha da França

Como Joana d’Arc, depois de várias reencarnações das quais não se tem notícias, Judas Iscariotes vem como uma camponesa pobre que viveu numa casinha humilde no interior da França, precisamente em uma aldeia denominada Domrémy, existente até hoje. Domrémy era uma aldeia que, quase como toda a França, sofria bastante com as guerras.
A situação na França não era muito favorável para os franceses. Era em plena Guerra dos Cem Anos. A Inglaterra liderada por Henrique V dominava vários territórios ao norte da França e, duas organizações lutavam pelo poder francês: os Armagnacs liderados por Carlos VII, francês, e os Borgonheses liderados pelo temível Duque de Borgonha, francês, mas aliado para o lado dos Ingleses.
Henrique V assinou o tratado de Tours com o rei da França, Carlos VI pelo qual dava a mão de Catarina, sua filha, para Henrique V para que seu filho mais velho (o Delfim), fosse deserdado do trono, e quem assumiria as duas nações no futuro seria Henrique VI. Pouco tempo depois Carlos VI morre, duas semanas após morre também Henrique V.
Quem governaria a França, o Henrique VI que tinha apenas alguns meses, ou Carlos VII que tinha perdido o trono por causa de um tratado? A França estava sem um rei e é nesse universo que a menina de Domrémy vivia.
Joana d’Arc tinha uma amiga de nome Hauviette. Hauviette representa uma infância pobre e sem instrução educacional. Joana d’Arc era católica e rezava sempre na capela de São Remígio.
Domrémy sofreu poucos ataques dos borgonheses, mas a pequenina Joana começava a interessar-se sobre as guerras que aconteciam, mais não entendia p’ra que elas serviam. Ela dizia: “Deus fez tudo e que tudo pertencia a Deus, então como que os homens querem tomar conta de uma coisa, que pertence a Deus, e não aos homens?”.
Joana d’Arc era católica praticante, não faltava quase a nenhuma missa. Às vezes que faltava era porque tinha que acabar com as suas obrigações em casa, como: levar as ovelhas para pastar no prado, acabar o bordado, regar as plantas e etc…
Quando tinha treze anos, ela começou a ter visões de São Miguel que falava-lhe sobre umas novas aparições, as de Santa Catarina e Santa Margarida que viriam em nome de Deus para cumprirem uma missão. Joana ficou anos tendo visões, mas um dia as Santas deram-lhe a ordem para que ela fosse lutar contra os ingleses e que ela levasse o Delfim Carlos VII, de Valois, à sua dita sagração em Reims. Joana ficou perdida sem saber o que fazer, mas decidiu, que por ordem de Deus, ela faria qualquer coisa. As Santas pediram para que ela fosse falar com um Capitão em Vancoulers, sem dizer como ele era fisicamente. Joana d’Arc, com muita fé, foi até o Capitão Roberto de Baudricourt e pediu-lhe para parar as tropas e que a levasse para Órleans onde iria ganhar a batalha. Órleans era a cidade mais importante para os Ingleses, lá eles cobravam mais altos impostos. O Capitão Roberto de Baudricourt ficou impressionado como aquela rapariga e se perguntava: “Como conseguistes entrar em meu castelo sem que ninguém a percebesse?”. Ele não acreditou na conversa de Joana d’Arc e mandou que seus soldados a levassem para casa.
Passaram-se alguns meses e as visões não pararam. Joana d’Arc retornou ao castelo do Capitão e, dessa vez João de Metz, acreditou fielmente na menina e tentou convencer seu Capitão à também acreditar nela. Eles dois fizeram um teste com água benta para retirar a suspeita de que ela era uma enviada do demônio. Nada aconteceu com a menina. `
O Capitão então, mesmo desconfiado, decidiu levá-la até o Delfim Carlos VII, de Valois, para que eles se reunissem contra um imprevisível levante armado contra os Ingleses.
Antes da chegada de Joana, Carlos VII, sabendo da vinda da menina, resolveu disfarçar-se como um guerreiro e deixou outro soldado como Delfim sentado em seu trono. Quando a donzela adentrou as dependências do castelo, ela foi diretamente para o Delfim que estava disfarçado. Todos da sala surpreenderam-se. Como que aquela menina conseguiu conhecer o Delfim disfarçado sem nunca tê-lo visto antes? Em seguida, ela disse para o Delfim um segredo que somente ele e Joana d’Arc agora sabiam. Com este segredo o capitão começou a acreditar na menina. A donzela também despertou muita inveja no castelo, principalmente, em um amigo do Delfim que tentava convencê-lo de que a menina era impostora. Nada adiantou, o Delfim foi avisado, semanas antes da chegada da menina por um astrólogo amigo, que uma donzela apareceria para salvar a França, assim como dizia a profecia do mago Merlin. Apoiado nesses conhecimentos esotéricos, Carlos decidiu ajudar a menina e investir em sua campanha de guerra.
A donzela decidiu atacar do lado mais difícil da cidade, pelo lado direito de Órleans, Ponte de Tourelles. Foram com muitos homens, mas não com o suficiente. Joana d’Arc liderou, e eles tomaram a cidade com uma derrubada tremenda que não se via pelo lado francês há muito tempo. Com essa vitória a menina conseguiu reunir mais soldados e decidiu invadir a cidade de Jorgeau. Esta cidade foi tomada facilmente com a desistência de muitos soldados. Após esta vitória, o exército de Joana d’Arc, decidiu invadir Patay, uma cidade estrategicamente importante para a chegada em Reims, onde seria a tão glorificada coroação. Patay é derrubada com muito sacrifício e insistência dos soldados do exército de Joana.
Carlos VII não acredita que em breve Joana d’Arc lhe tornaria rei da França, assim como ela mesma dissera.
Ao chegar em Reims, nenhuma tropa de resistência atacou o exército da menina de Domrémy. A coroação de Carlos VII, de Valois, aconteceu e os soldados devem todas as graças e glórias conquistadas pela fé e força de liderança, para a menina do interior.
Após a coroação, ouve um período de paz entre Carlos e o Duque de Borgonha. Esse tratado não foi comunicado para Joana. Em troca da Paz com o Duque, Carlos VII decidiu devolver a cidade de Champagne, mas o povo não aceitou e lutou contra o Duque, que fugiu para não perder importantes homens de guerra.
Mesmo com esse período de paz, a menina não pensou em voltar para sua casinha em Domrémy. As vozes das Santas pararam de aparecer para a camponesa. Joana d’Arc insistia em invadir Paris. Com muito esforço e dedicação Joana consegue reunir soldados para o levante armado em Paris. Joana d’Arc é derrotada na batalha pelo Duque de Borgonha. Joana pediu ajuda para várias cidades, mas todas estavam pobres. Em Lagny Joana ressuscitou uma criança que tinha acabado de falecer.
Ao voltar para o castelo, Carlos decidiu não mais ajudar a menina em suas cruzadas. Ele dizia que era muito arriscado tomar Paris e que o Duque era muito perigoso. Houve boatos que o Duque de Borgonha organizava-se para invadir Champange novamente. Joana d’Arc sabendo do risco que corria aquela cidade, decidiu ajudá-la. Pediu homens ao rei. Carlos VII negou o pedido e disse que mandaria homens para ajudá-la em breve, mas não naquele momento. As Santas voltavam a aparecer e diziam que ela iria ser capturada antes do dia de São João. A camponesa parte com seu pelotão para a praça de Champange. Todos pediram para que Joana esperasse o reforço prometido por Carlos. Mas Joana sabendo que o seu reforço não chegaria nunca, decidiu dar ordem de invasão para seus soldados. Nesse momento eles foram surpreendidos pelo exército do Duque. Foi um massacre. O Duque venceu facilmente, e ainda, capturou Joana d’Arc. O Duque de Borgonha tinha verdadeiro ódio da Donzela que tinha atrapalhado todos os seu planos de conquistar a França. Depois de deixá-la sofrer durante dias passando fome, sede, frio, em um lugar úmido e sem higiene, ele entregou a menina para João de Luxemborg. João não tinha porque ter ódio da camponesa, mas sabia que tinha uma peça muito valiosa em suas mãos. Não demorou muito para que a Santa Inquisição oferecesse-lhe uma recompensa pela pele de Joana.
Bispo Pedro de Cauchon comprou a menina de Domrémy por vinte mil libras. Joana d’Arc estava nas mãos da Santa Inquisição Católica. De heroína passou a ser vilã. Seu julgamento foi uma farsa, Pedro queria garantir seu cargo na Igreja e aumentar sua popularidade perante o povo Católico. Joana d’Arc respondeu todas as perguntas com uma sabedoria surpreendente, sem demonstrar, em nenhum momento, que era culpada por algum crime que a acusaram.
Ela foi injustamente condenada por bruxaria, heresia e por blasfêmia. Sendo considerada bruxa ela foi levada para a fogueira onde queimou e sofreu seus últimos instantes na Terra. Ao desencarnar ela encontrou com Santa Catarina e Santa Margarida que lhe disseram que Jesus estava à sua espera há muito tempo.
O processo de Joana foi revisado, anos depois, dando causa vencida para a camponesa. Joana d’Arc foi canonizada em 1920 pela Igreja Católica.

Sinopse da peça “De traidor a Santa: Judas Iscariotes e sua reencarnação como Joana D’arc”
Marcelo de Barros

segunda-feira, 25 de junho de 2012

De Judas Iscariotes a Joana D'Arc (I)

128. O homem de confiança de Jesus

Talvez um dos mais polêmicos personagens da época de Jesus seja Judas Iscariotes. Foi um dos doze apóstolos de Jesus na Palestina e era um líder popular. Lutou contra a dominação Romana que fazia o povo de Israel sofrer com impostos e trabalhos forçados.
Judas uniu-se a Jesus, obteve o cargo de Tesoureiro da caravana e se destacou como um homem da inteira confiança do Messias.
Destacado por Jesus para entregá-lo aos soldados da polícia judaica, cumpriu a tarefa com maestria. Precisou fingir que estava vendendo a informação para despistar a inteligência policial, pois as escrituras sagradas tinham de cumprir-se e Jesus precisava ser preso, julgado, condenado e crucificado para que as profecias se cumprissem.
Judas recebeu o “dinheiro maldito” e em seguida jogou-o fora e foi amargar a decepção de sua escolha para a “tarefa suja”.
Mas, nem toda a opinião pública tem essa posição. As escrituras o dão como traidor e vendilhão do amigo e mestre.
Outras fontes dizem que Judas não conseguia entender como um salvador e libertador tão esperado, podia ser tão calmo e pacífico como Jesus. Como os Judeus poderiam ser salvos por um messias tão calmo que falava por parábolas e dizia que o reino Dele não era desse mundo? Como um carpinteiro pobre, sem conhecidos importantes, receberia o título de Salvador dos Judeus? Como um homem que só pregava e via-se na companhia de mendigos e prostitutas poderia ser Rei?
Jesus falava, sim, em guerra e libertação, mas não batia em ninguém. Sua guerra era pela consciência popular capaz de renunciar a escravidão e sua libertação não viria como dádiva e sim como conquista.
As mesmas fontes do parágrafo anterior revelam que para Judas, Jesus era uma pessoa muito pacífica na liderança de um exército; um homem sem maldade e sem ganância; não poderia salvar o povo Judeu e libertá-lo de Roma.
Judas teria conversado muito com seu amigo Tiago, e não havia esclarecido de tantas dúvidas que tinha sobre o comportamento de Jesus e nem compreendido o alcance da pregação de Jesus. Movido por idéias políticas, o que se diz é que Judas havia desejado tirar Jesus de seu caminho para que ele próprio pudesse liderar uma revolução armada contra os romanos. Por isso teria ele ido falar pessoalmente com Caifás, que aproveitando da ingenuidade do ambicioso tesoureiro de Jesus, seduziu-lhe dizendo que estava fazendo a coisa certa, livrando o sofrido povo judeu de um messias falso. Caifás agiu por política e deixou a filosofia religiosa de lado quando decidiu condenar Jesus para não perder a opinião pública e garantir o seu mais alto posto no Sinédrio.
Caifás torna-se responsável pela condenação de Jesus, não Judas.
Jesus, antes de ser preso, interrogado e julgado, já tinha sido condenado e estava morrendo na cruz independente de quaisquer outros episódios que pudessem ocorrer.
Sentindo-se muito arrependido por se achar culpado, e por ter recebido como recompensa, trinta moedas de prata (valor dado por um escravo Judeu).
Parte da história diz que quando sentiu-se perdido, Judas jogou fora as moedas de prata e implorou perdão a Deus por ter feito tal atrocidade com Jesus. Arrependido, elevou súplicas a Deus. Mesmo assim, entendei que a única maneira de acabar com a dor que sentia lhe rasgando o coração era o suicídio. Judas pegou uma corda amarrou em seu pescoço, foi até uma amendoeira, que ficava próximo a um despenhadeiro, atirou-se e morreu implorando perdão a Deus.
Judas sofreu durante pouco tempo no vale dos suicidas. Foi visitado por Jesus, fato que melhor esclarece a missão que o Mestre lhe dera.
Depois de haver executado a Jesus e a muitos dos seus seguidores, inclusive Simão Pedro, a elite romana em decadência foi buscar em Jesus e no próprio Simão Pedro as principais figuras de uma religião destinada a dominar o mundo. E precisava encontrar argumentos para esmaecer as responsabilidades dos romanos naquelas execuções. Um desses argumentos foi colocar Judas Iscariotes como traidor, entreguista, incentivando a tradição de “malhar o judas”, numa indireta referência de que foram os judeus os culpados pela tragédia de Jesus. Agora, Jesus era o mártir, morto para livrar a cara dos pecadores e o ato de sua execução, pregado numa cruz, foi parar no centro dos altares de todas as igrejas. O coitadinho lá ficou estático, sofrendo as dores do mundo, enquanto milhares de sacerdotes e bispos tomavam conta da salvação do rebanho humano.
Após ser visitado por Jesus no umbral dos suicidas, Judas recebeu a certificação de que seu ato fazia parte das profecias, sem o qual as profecias não se teriam cumprido e obteve a oportunidade de reencarnar diversas vezes na Terra. Ainda não temos conhecimento das demais encarnações do Apóstolo Tesoureiro. A sua última reencarnação foi como Joana d’Arc, a última prova pela qual passaria para chegar à honra. (continua)

domingo, 24 de junho de 2012

De Simão Pedro a Pietro Ubaldi (XII)

127. Obras de Pietro Ubaldi (Conclusão)

 

Grandes Mensagens - Introdução e início da obra de Ubaldi, considerada por ele "de origem exclusivamente inspirativa". A edição brasileira apresenta uma biografia do autor.
A Grande Síntese - Começa com a epígrafe "Síntese e Solução dos Problemas da Ciência e do Espírito". Traça o caminho que o ser percorreria por meio da evolução, desde o "plano da matéria" até o "do espírito", e mostra a "via de retorno a Deus", que seria o fenômeno fundamental do Universo e escopo supremo da Vida. O problema da consciência é sintetizado numa visão unitária e monista.
As Noúres - Fala sobre "Técnica e Recepção das Correntes de Pensamento". Defende a existência de tais correntes e procura explicar como elas poderiam ser "captadas" pela intuição.
Ascese Mística - Explica o fenômeno místico e descreve a experiência do autor nesse campo.
História de um homem - O autor analisa as várias fases da vida, sobretudo em função de A Grande Síntese e Ascese Mística, que foram colocados pela Igreja, em 1939, no Index dos livros proibidos.
Fragmentos de Pensamento e de Paixão - Aplicação dos princípios expostos nos volumes precedentes, dos problemas individuais e sociais. Os ideais franciscanos. A "verdadeira religião".
A nova civilização do terceiro milênio - O autor mostra que a idéia central, o escopo da obra, é o de contribuir conceptualmente para a formação de uma "nova civilização" que estaria para surgir. Faz previsões sobre o novo Cristianismo e estuda o fenômeno místico vivido por São Francisco.
Problemas do futuro - (O Problema Psicológico, Filosófico, Científico) Propõe e apresenta solução aos problemas mais díspares, fundamentais ao Conhecimento.
Ascensões humanas - (O Problema Social, Biológico e Místico) O autor volta a observar a evolução da vida no aspecto espiritual.
Deus e Universo - Síntese teológica. Começa a enfrentar em linhas gerais o problema das primeiras origens do Universo e o aspecto cósmico do ciclo involução-evolução do ser.
Profecias - O autor faz profecias que se cumpriram integralmente. Explica Nostradamus, o Apocalipse e os profetas do Velho Testamento.
Comentários - Apresenta opiniões e críticas à primeira obra, escrita até 1951. Inclusive a carta de Albert Einstein.
Problemas atuais - (O Novo Mundo) Faz uma crítica à Maquiavel, tratando da Estabilidade Monetária, da Patogênese do Câncer e da Teoria da Reencarnação.
O Sistema - (Gênese e Estrutura do Universo) É uma teologia científica que traça o caminho da existência do ser e as primeiras origens, mostrando a Obra de Deus na Criação.
A Grande batalha - Descreve a luta que o indivíduo espiritualizado deve sustentar no ambiente terrestre, diante da necessidade prática contrastando com o Ideal.
Evolução e Evangelho - Examina a posição do Evangelho diante da realidade da vida e a moral utilitária.
A Lei de Deus - Com palavras simples, explica como funciona, no mundo, o pensamento diretivo de Deus.
A Técnica funcional da Lei de Deus - Mostra o mecanismo da forças espirituais em ação; as trajetórias e ações; como se pode corrigir os destinos errados; qual é a técnica da redenção e salvação e como, racionalmente, se planifica a vida.
Queda e Salvação - É uma continuação de O Sistema. Analisa o fenômeno da involução do espírito até a matéria (a descida), anterior e complementar ao fenômeno da evolução (subida), estudado em A Grande Síntese.
Princípios de uma nova ética - Trata-se de uma nova moral racional, construída sobre bases científicas. Estuda a personalidade humana e o destino, sob uma nova psicanálise, psicodiagnose, psico-síntese, e a ética do sexo como fenômeno social.
Um Destino Seguindo Cristo - Neste volume o Autor narra as experiências espirituais nos 40 anos dedicados à Obra.
Pensamentos - Mostra como orientar-se na vida, e, através de casos verídicos, como é possível observar o funcionamento da Lei de Deus.
Cristo - Analisa a personalidade de Jesus Cristo, o Evangelho e os problemas sociais. Cristo é pensado nessa obra como "o centro do fenômeno evolução-redenção-salvação".

sábado, 23 de junho de 2012

De Simão Pedro a Pietro Ubaldi (XI)

126. Um homem à frente de sua época


Pietro Ubaldi apresentou uma concepção de Deus que extrapolou a comum dos homens. É a concepção de Deus Criador — amor, bondade, justiça, perdão e todas as qualidades positivas do Sistema. Diz Ubaldi que Deus, com a nossa queda espiritual, transubstanciou-se em dois: Deus transcendente e Deus imanente. “Deus, causa primeira sem causa, não tem princípio nem fim e tudo gera sem ter sido gerado. Deus simplesmente “É”, e tudo Ele “é”, não encerrado no limite de nenhuma dimensão. As várias dimensões nasceram depois entre as quais o tempo e o espaço, apenas como limites do ser, enquanto Deus é o ser sem limites. Eis, então, que Deus transcendente, que “é” acima e independente de qualquer criação Sua, acima da atual, como de qualquer outra possível, eis que Deus realiza, com respeito à atual, a Sua primeira criação, feita de espíritos perfeitos. Ele destacou do Seu seio, por Amor, seres feitos à Sua imagem e semelhança, para amá-los, incluindo-os na Sua própria felicidade. Isto ocorreu segundo um sistema, cujos princípios fundamentais eram aqueles mesmos que observamos na natureza do Pai, que os gerara. Nesse sistema, tudo era feito à Sua imagem e semelhança. Ele era único e tudo encerrava nada havendo fora e além Dele e dos Seus princípios e perfeição. Com o desmoronamento do Sistema no Anti-Sistema, formou-se a contraposição — transcendência e imanência. Esta cisão do único aspecto, o absoluto, de Deus, no de Deus transcendente e Deus imanente, representa justamente a cisão do Uno, que, como Uno absoluto, reúne em si dois aspectos. Ele é ambos ao mesmo tempo, estando acima da cisão, sem poder ser um só deles, ou seja, não é exclusivamente transcendente, nem exclusivamente imanente. Desta forma, compreenderemos que a visão dualística, a do Uno bipartido, é relativa à posição do ser no universo atual e no período da cisão, não possuindo valor absoluto. Em outros termos, se encarado do seio de nosso universo, Deus pode parecer à criatura como imanente ou como transcendente, isto é, pode ser concebido sob dois aspectos diversos, desde que saiamos do relativo para o absoluto, deveremos admitir a existência de Deus em um Seu só e único aspecto que está além de qualquer dualismo e criação, ao qual denominaremos Deus absoluto”. Assim, continua Ubaldi expondo sua visão de Deus transcendente e Deus imanente em Deus e Universo. Em Ascese Mística, encontramos: “Eu ouvi a harmonia do criado, fundi-me nela e alcancei a sensação de Deus. O meu coração pulsou com o coração de todas as criaturas irmãs e nestas palpitações percorreu-me o amor de Deus”.
Simão Pedro, como discípulo de Cristo, revelou o seu contato com as altas fontes noúricas, e, dos apóstolos, foi o que teve a maior revelação de Deus. Quando Jesus perguntou aos discípulos quem Ele era, Simão, prontamente, respondeu: “Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo. Disse-lhe Jesus: Bem-aventurado és, Simão Bar-Jonas, porque não foi carne e sangue quem to revelou, mas meu Pai que está nos Céus”. As Epístolas de Pedro nos advertem: “Graças e paz nos sejam multiplicadas no pleno conhecimento de Deus e de Jesus, nosso Senhor. Cada um de vós, segundo o dom que recebeu, comunicando-o uns aos outros, como bons despenseiros das várias graças de Deus. Se alguém fala, falando como oráculos de Deus; e se alguém ministra, ministrando como da força que Deus dá, para que em tudo Deus seja glorificado por Jesus Cristo, a Quem pertence a glória e domínio pelos séculos dos séculos”. A preocupação de Pedro era, também, de que os cristãos alcançassem a mais ampla concepção de Deus.
Muitos outros pontos de concordância existem em torno de Simão Pedro e Pietro Ubaldi, mostrando-nos que o espírito não perde as qualidades positivas adquiridas e nele afloram, quando possível, em sua escalada evolutiva. É importante a continuação da pesquisa, que vai confirmar, não somente a “Teoria da Reencarnação”, mas, também, aquelas sublimes palavras de Jesus: “Não vos deixareis órfãos, Eu voltarei a vós”. E Cristo voltou, através de seu apóstolo: Pietro Ubaldi.
Notas
Seria Pietro Ubaldi a única reencarnação de Simão Pedro, desde o tempo de Cristo? Não. Se o espírito pode reencarnar-se, até completar o ciclo evolutivo terrestre, é possível que Simão tivesse retornado à Terra algumas vezes nesse espaço de dezoito séculos, e uma delas foi, sem dúvida, junto de S. Francisco de Assis na pessoa de um discípulo que o acompanhou de perto, seguindo as suas pegadas. Foi o único a estar próximo do Santo, na hora dos estigmas, no Monte Alverne, e se tornou seu enfermeiro. Frei Leão, o cordeirinho de Deus, esse foi seu nome.
São Francisco burilou sua alma, enriquecendo-a não somente das três virtudes franciscanas, mas de todas as demais. Existe aquele conhecido episódio narrado em I Fioretti, quando os dois foram a pé de Perúgia a Assis (Igreja Santa Maria dos Anjos), cerca de 30km em que o mestre ensinou a seu discípulo a perfeita alegria. Em muitos outros fatos, o mesmo livro mostra o grau de confiança e amizade reinantes entre ambos. Após receber os estigmas, antes de partir do Monte Alverne para Assis, S. Francisco deu a Frei Leão uma bênção especial, escrita com a mão trespassada e sangrenta:
“Deus te abençoe e te guarde
Mostre a ti Sua face e compadeça-se de ti,
Incline para ti Seu rosto e te dê paz:
O Senhor te abençoe, Frei Leão”.
Enquanto viveu, Frei Leão carregou consigo a bênção do Santo. O cordeirinho de Deus morreu 45 anos depois de Francisco de Assis, já bastante idoso, em 1271. A Igreja ainda conserva no Monte Subásio (em Assis) e no Monte Alverne (em Sansepolcro), duas grutas em cada local, distante entre si não mais de 100 metros, uma de São Francisco e outra de Frei Leão. E na Basílica de São  Francisco de Assis, em Assis, encontram-se os restos mortais do seu padroeiro, de Frei Leão, Frei Masseo, Frei Ângelo e Frei Rufino.
São Francisco e Frei Leão estiveram sempre juntos no tempo de Cristo, e unidos permaneceram no século XII. Agora, no século XX, os dois novamente na mesma tarefa cristã, um reencarnado e o outro desencarnado. Recordemos alguns fatos que mostram a união entre aqueles dois seres angélicos — Pietro Ubaldi e Sâo Francisco de Assis — justificados, somente, por um passado de confiança recíproca. A paixão de Pietro Ubaldi pelo “poverello” de Assis existiu desde o seu nascimento em terras franciscanas. Para se analisar a ligação entre ambos basta ler: “Os Ideais Franciscanos Diante da Psicologia Moderna” (escrito em 1927, quando Ubaldi fez o voto de pobreza), “Irmão Francisco” e “São Francisco no Monte Alverne”. Além disso, São Francisco é estudado ou apresentado em quase toda a Obra, inclusive no capítulo “Os Grandes Inspirados”, de As Noúres. Por outro lado, São Francisco acompanhou, de perto a missão de Pietro Ubaldi. No início da tarefa, na Itália, em Colle Umberto, São Francisco apareceu junto de Cristo para encorajá-lo e dar as boas vindas. Em 17 de agosto de 1951, em Pedro Leopoldo, novamente, São Francisco veio junto de Cristo para fortalecer Pietro Ubaldi no centro de sua missão e início da segunda parte da Obra. realizada no Brasil. Cristo à direita e São Francisco de Assis à esquerda foram os dois grandes sustentáculos do arauto da nova civilização do espírito, que veio ao mundo somente para fazer o bem.
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Certamente, Pietro Ubaldi veio à Terra no intervalo entre o século XII e o século XX. Aplicando a Lei de causa-efeito nele próprio, só encontrou uma justificativa para tanto sofrimento nesta vida: haver retornado a este mundo, há poucos séculos, e ter contraído pesado débito. Buscou a História e se identificou num de seus personagens mais ilustres. Visitou os lugares, tudo era verdadeiro. Assim, ele compreendia porque estava sendo triturado pela engrenagem dos ciclos menores que se fundem num ciclo maior, dos quais fala “Sua Voz”, em A Grande Síntese. Certa ocasião, estudando as suas vidas pretéritas, ele nos disse que sem uma reencarnação de descida espiritual, não teria sentido esta última. Logo, Deus estaria sendo injusto para com ele, e a Sua Lei de premiar os bons e punir os maus não seria correta. Essa reencarnação involutiva, não somente fazia parte de sua as
censão espiritual, como serviu de embasamento à tarefa nesta vida. Sem ela a Obra inspirada por Cristo ficaria incompleta, teria a parte relativa ao Sistema, mas faltaria a outra, relativa ao Anti-Sistema. Existiria a Obra italiana, mas faltaria a brasileira.
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Que dizem os espíritos, através dos médiuns?
No livro “Comentários”, estão algumas mensagens particulares, dizendo que o Apóstolo Simão Pedro estava de volta à Terra na pessoa de Pietro Ubaldi. Uma delas revela sua reencarnação como Frei Leão. De propósito, reproduzimos alguns tópicos da Mensagem de São Francisco de Assis dirigida a Pietro Ubaldi, em Pedro Leopoldo, por último, porque para nós, eles traduzem as palavras de um Apóstolo dirigidas a outro Apóstolo:
“Pedro,
O Calvário do Mestre não se constituía tão somente de secura e aspereza.
Lembra-te, Ele era sozinho! Sozinho anunciou e sozinho sofreu.
Quando o silêncio se fizer mais pesado ao redor de teus passos, aguça os ouvidos e escuta!
A voz Dele ressoará de novo na acústica de tua alma e as grandes palavras, que os séculos não apagaram, voltarão mais nítidas ao círculo de tua esperança, para que as tuas feridas se convertam em rosas e para que o teu cansaço se transubstancie em triunfo.
É necessário que o lume da cruz se reacenda, que o clarão da verdade fulgure novamente, que os rumos da libertação decisiva sejam traçados.
Ilumina a estrada, buscando a lâmpada do Mestre
que jamais nos faltou.
Avança... Avancemos...
Cristo em nós, conosco, por nós e em nosso favor é o Cristianismo que precisamos reviver à frente das tempestades, de cujas trevas nascerá o esplendor do Terceiro Milênio.
Certamente, o apostolado é tudo. A tarefa transcende o quadro de nossa compreensão.
Não exijamos esclarecimentos.
Procuremos servir.
Todavia, Cristo reina e amanhã contemplaremos o celeste despertar”.
Os grifos são nossos. Apoiado neles, podemos concluir que São Francisco de Assis está recordando nesta Mensagem, o seu tempo de apostolado junto de Pietro Ubaldi, há dois milênios, e garantindo a Ubaldi “o celeste despertar”. Cristo é o mesmo de ontem, de hoje e eternamente.
Não vamos pedir aos médiuns, nem exigir dos espíritos mais revelações. As provas estão aí, são lógicas e racionais para os reencarnacionistas. Mas para os que não acreditam nelas, a dúvida persiste. Isso não impede que tenhamos vindo a este planeta muitas vezes, nem que Pietro Ubaldi seja a reencarnação de Simão Pedro; São Francisco de Assis — João (o Evangelista); Martin Luthero — Paulo de Tarso; Emmanuel (Manoel da Nóbrega) — Públio Lêntulus (Senador Romano); Joana D’Arc — Judas Iscariotes; Hippolyte Léon Denizard Rivail — Allan Kardec; e tantos outros.
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Que pensa Pietro Ubaldi de suas reencarnacões anteriores?
“Cristo esplendia naquele destino, no seu passado, e no seu futuro. Como uma lembrança e como um pressentimento envolvia-o todo em luz, tanto que o breve espaço daquela vida de treva dolorosa se fechava entre dois esplendores. Aquela luz estava antes da culpa e depois da expiação. Cristo era a sintonização mais palpitante daquela vida e sempre ressurgia diante daquela alma, com profunda emoção. Este era o sulco mais fortemente traçado e que ali se tornara indelével. Parecia, sempre, àquele homem ver a grande e amada figura andar pelas terras da Galiléia, às margens do lago de Tiberíades, de Belém a Nazaré, a Jerusalém, da pobre manjedoura ao Getsêmani e ao Gólgota. E a seguiria como exemplo, em silêncio, pelos caminhos da vida, amando e sofrendo. Cristo era, para ele, antes do nascimento e depois da morte, a última síntese de todos os valores humanos”. “Aquele homem” é Pietro Ubaldi e os trechos grifados por nós representam as vidas ao lado de Cristo e de descida espiritual.
No mesmo volume, “História de Um Homem”, já no final, vamos encontrar uma visão do autor que revela sua existência na figura humilde e mansa de Simão Pedro, com uma advertência: “quem vive da forma e da letra e não no espírito não poderá penetrar o sentido dessas palavras”. Eis o diálogo:
“Aquele pensamento olhava-o intensamente; aquele afeto penetrava-o, aquela vontade arrebatava-o e aquela forma assumira lineamentos precisos. Reconheceu-a então. Mas jamais a divina visão lhe aparecera com tanta força e clareza. E então, contemplando-a com os olhos e com a alma, exclamou:
— Cristo, Senhor !
E assim ficou longo tempo. Seus lábios não tinham força para se moverem, mas entre a visão e ele, quem tivesse sentidos espirituais capazes, teria ouvido se desenvolver um breve colóquio
— Cristo, Senhor! — repetia ele.
— Reconheces-me? — respondia a visão.
— Reconheço-Te, Senhor.
— Lembras-te?
— Lembro-me.
— Quem sou Eu?
— Tu és Cristo, o filho de Deus.
— Tu me amas?
— Senhor, Tu sabes todas as coisas, Tu sabes que Te amo.
— Pedro, estás extenuado. Teu caminho está completo. Repousa em mim e pousa tua cabeça sobre o meu peito e repousa.
Aqui, a visão se dilatou. Apareceram as margens do lago de Tiberíades, as doces colinas da Galiléia, a noite da paixão, o triunfo da ressurreição. E tudo ele, agora fora do espaço e do tempo, reviu intensamente, detalhada-mente, não com o sentido de nostalgia para com a inalcançável realidade longínqua, como em vida, mas com um sentido de paz e felicidade”.
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João encerrou o seu Evangelho dizendo: “este é o discípulo que dá testemunho destas coisas e que as escreveu, e sabemos que o seu testemunho é verdadeiro”. Também dizemos nós: somos testemunhas de tudo isto que acabamos de escrever. Para nós Pietro Ubaldi foi, realmente, a reencarnação de Simão Pedro, o grande pescador de almas, no dizer de Clóvis Tavares. E, se compararmos as duas personalidades: a do presente século com a de há dois mil anos, vamos encontrar a atual mais enriquecida do poder divino e com muito mais sabedoria. Pietro Ubaldi foi um homem virtuoso, um verdadeiro sábio, um superdotado espiritualmente — um protótipo do Terceiro Milênio.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

De Simão Pedro a Pietro Ubaldi (X)

125. Presença de Cristo


Cristo era uma presença marcante na vida de Pietro Ubaldi e se fez visível muitas vezes. Acreditamos que a luz vista por ele na igreja, quando ainda criança, e que fora obrigado a calar-se, tenha sido a luz do próprio Cristo, a dizer-lhe: “eis que estou contigo”. A sintonização entre Cristo e Pietro Ubaldi era total, e tomava formas delineadas, quando necessário. Foi visto, em 1927, quando Ubaldi fez voto de pobreza. Apareceu, juntamente com S. Francisco de Assis, em 1931, em Colle Umberto, quando renunciou a riqueza e o conforto proporcionado por ela. Apareceu em Módica, na Sicília, no início da vida missionária de Pietro Ubaldi. Fez-se presente no trem, quando Ubaldi retornava a Gúbio, após as festas natalinas junto da família, muito preocupado com a solidão daquele quarto frio, numa casa gelada. Assim, é descrito o aparecimento de Cristo, a Ubaldi: “E como de outras vezes, nascia primeiro o olhar e esse olhar lhe falava”. Em Gúbio, “As vezes, o colóquio se fazia tão intenso, tão forte aquele pensamento batia as portas de sua alma, que lhe parecia encarnar uma forma branca, luminosa e diáfana, que recordava a figura de Cristo. E o protagonista a olhava para fixar-lhe os lineamentos feitos de luz”. Em 17 de agosto de 1951, em Pedro Leopoldo, transmitiu-lhe uma Mensagem de encorajamento. Naqueles saudosos dias dos meses de janeiro e fevereiro de 1964, na praia de Grussaí, diz Ubaldi na última página de “Um Destino Seguindo Cristo”: “Assim vivo nesta casinha humilde, à beira do mar, num deserto povoado de pensamentos, no meio do vento e das ondas, hospedado graças à bondade e ao amor de um amigo sincero. Assim, vivo aqui, livre e despreocupado, longe do inferno humano. Passo as noites escrevendo, ocupando-me de Cristo, como O sinto a meu lado. Ele me está olhando, e eu leio nos Seus olhos o pensamento de Deus”. Em São Vicente, no seu quarto e gabinete de trabalho, Cristo aparecia-lhe, constantemente, e, acreditamos, em muitos outros lugares de nosso imenso pais.
O mesmo dizemos de Simão Pedro. Cristo, quando ainda neste mundo, sempre procurou trazer a seu lado o discípulo a quem entregou as chaves do reino, talvez pela responsabilidade que deveria assumir após a Sua crucificação, porque viu nele o principal herdeiro espiritual. Convidou-o para ir com Ele ao local da transfiguração; chamou-o para andar sobre as águas do mar de Tiberíades; avisou-o de que ele O negaria três vezes, antes que o galo cantasse; levou-o Consigo para o monte das Oliveiras; fez com ele e os demais apóstolos a última ceia; realizou várias curas em sua presença; disse-lhe e aos demais discípulos que os enviaria como ovelhas no meio de lobos; repreendeu-o na hora necessária; explicou-lhe e aos outros que estavam em sua companhia, várias parábolas; e além de tudo isso, não o abandonou, nem depois da ressurreição. Quando dois discípulos Seus seguiam para Emaús, Jesus caminhou com eles e explicou toda a escritura a Seu respeito. Quando o Senhor desapareceu, após o partir do pão, eles se recordaram de que Ele havia ressurgido e apareceu a Simão Pedro. Em toda a trajetória do Apóstolo, Jesus se fazia presente, até o fim de sua existência terrena, como nos relata Henry Sienkiewicz, em Quo Vadis?: “Numa madrugada, dois vultos sombrios percorriam a Via Appia, na direção das planícies e dos campos.
Um era Nazário, o outro era Pedro, que abandonava Roma e os seus filhos aí martirizados. A estrada estava deserta. Os camponeses, que levavam legumes para a cidade, não tinham ainda atrelado as suas carroças. No lajedo de pedra que calçava a estrada até as montanhas, ressoavam debilmente as sandálias dos dois peregrinos.
O sol emergiu por detrás do dorso da serrania, e um espetáculo estranho se apresentou aos olhos do Apóstolo. Pareceu-lhe que a dourada esfera, em vez de se elevar no céu, deslizara do cimo dos montes e vinha ao seu encontro.
Pedro se deteve e perguntou:
Vês esse clarão, que caminha para nós?
— Nada vejo, respondeu Nazário.
Mas o Apóstolo abrigou os olhos com a mão, e, passado um instante, afirmou:
— Dirige-se para nós um homem transportado na irradiação do sol! Mas não se ouvia som dos passos; em torno, o silêncio era absoluto. Nazário só distinguia as árvores, que estremeciam como agitadas por mão oculta e a claridade que na planície se espelhava, cada vez mais ampla.
E olhou para o Apóstolo com surpresa.
— Rabino, que tens Tu, interrogou, ansiosamente.
O bordão caíra das mãos de Pedro, que fixava o olhar na frente, com a boca entreaberta, tendo no rosto refletidos o júbilo e o êxtase...
Ajoelhou-se; e os seus lábios murmuraram!
— Cristo! Cristo!
Prostrou-se na atitude de quem beijava invisíveis pés; e durante muito tempo reinou completo silêncio. Por fim, a voz do ancião, entrecortada de soluços, se ouviu:
— Quo Vadis, Domine? Nazário não percebeu a resposta: mas aos ouvidos do Apóstolo chegou uma voz triste e suave que dizia
— Abandonas o meu povo; vou, por isso, a Roma, a fim de ser crucificado outra vez.
O Apóstolo permanecia deitado no caminho, com o rosto no pó, sem um gesto, sem uma palavra. Nazário supôs que Pedro havia perdido os sentidos, ou expirara. Ele, porém, ergueu-se, tomou, com a mão trêmula, o seu bastão de peregrino; e, silencioso, voltou-se para as sete colinas de Roma.
Nazário, então repetiu como um eco
—”Quo Vadis, Domine?”.
— A Roma, disse com brandura o Apóstolo.
E voltou para a cidade eterna”.
Chegando a Roma foi preso e crucificado, de cabeça para baixo, como nos testemunha a história, porque não se julgava digno de morrer como o Cristo morrera”.