terça-feira, 26 de junho de 2012

De Judas Iscariotes a Joana D'Arc (II)

129. A quase rainha da França

Como Joana d’Arc, depois de várias reencarnações das quais não se tem notícias, Judas Iscariotes vem como uma camponesa pobre que viveu numa casinha humilde no interior da França, precisamente em uma aldeia denominada Domrémy, existente até hoje. Domrémy era uma aldeia que, quase como toda a França, sofria bastante com as guerras.
A situação na França não era muito favorável para os franceses. Era em plena Guerra dos Cem Anos. A Inglaterra liderada por Henrique V dominava vários territórios ao norte da França e, duas organizações lutavam pelo poder francês: os Armagnacs liderados por Carlos VII, francês, e os Borgonheses liderados pelo temível Duque de Borgonha, francês, mas aliado para o lado dos Ingleses.
Henrique V assinou o tratado de Tours com o rei da França, Carlos VI pelo qual dava a mão de Catarina, sua filha, para Henrique V para que seu filho mais velho (o Delfim), fosse deserdado do trono, e quem assumiria as duas nações no futuro seria Henrique VI. Pouco tempo depois Carlos VI morre, duas semanas após morre também Henrique V.
Quem governaria a França, o Henrique VI que tinha apenas alguns meses, ou Carlos VII que tinha perdido o trono por causa de um tratado? A França estava sem um rei e é nesse universo que a menina de Domrémy vivia.
Joana d’Arc tinha uma amiga de nome Hauviette. Hauviette representa uma infância pobre e sem instrução educacional. Joana d’Arc era católica e rezava sempre na capela de São Remígio.
Domrémy sofreu poucos ataques dos borgonheses, mas a pequenina Joana começava a interessar-se sobre as guerras que aconteciam, mais não entendia p’ra que elas serviam. Ela dizia: “Deus fez tudo e que tudo pertencia a Deus, então como que os homens querem tomar conta de uma coisa, que pertence a Deus, e não aos homens?”.
Joana d’Arc era católica praticante, não faltava quase a nenhuma missa. Às vezes que faltava era porque tinha que acabar com as suas obrigações em casa, como: levar as ovelhas para pastar no prado, acabar o bordado, regar as plantas e etc…
Quando tinha treze anos, ela começou a ter visões de São Miguel que falava-lhe sobre umas novas aparições, as de Santa Catarina e Santa Margarida que viriam em nome de Deus para cumprirem uma missão. Joana ficou anos tendo visões, mas um dia as Santas deram-lhe a ordem para que ela fosse lutar contra os ingleses e que ela levasse o Delfim Carlos VII, de Valois, à sua dita sagração em Reims. Joana ficou perdida sem saber o que fazer, mas decidiu, que por ordem de Deus, ela faria qualquer coisa. As Santas pediram para que ela fosse falar com um Capitão em Vancoulers, sem dizer como ele era fisicamente. Joana d’Arc, com muita fé, foi até o Capitão Roberto de Baudricourt e pediu-lhe para parar as tropas e que a levasse para Órleans onde iria ganhar a batalha. Órleans era a cidade mais importante para os Ingleses, lá eles cobravam mais altos impostos. O Capitão Roberto de Baudricourt ficou impressionado como aquela rapariga e se perguntava: “Como conseguistes entrar em meu castelo sem que ninguém a percebesse?”. Ele não acreditou na conversa de Joana d’Arc e mandou que seus soldados a levassem para casa.
Passaram-se alguns meses e as visões não pararam. Joana d’Arc retornou ao castelo do Capitão e, dessa vez João de Metz, acreditou fielmente na menina e tentou convencer seu Capitão à também acreditar nela. Eles dois fizeram um teste com água benta para retirar a suspeita de que ela era uma enviada do demônio. Nada aconteceu com a menina. `
O Capitão então, mesmo desconfiado, decidiu levá-la até o Delfim Carlos VII, de Valois, para que eles se reunissem contra um imprevisível levante armado contra os Ingleses.
Antes da chegada de Joana, Carlos VII, sabendo da vinda da menina, resolveu disfarçar-se como um guerreiro e deixou outro soldado como Delfim sentado em seu trono. Quando a donzela adentrou as dependências do castelo, ela foi diretamente para o Delfim que estava disfarçado. Todos da sala surpreenderam-se. Como que aquela menina conseguiu conhecer o Delfim disfarçado sem nunca tê-lo visto antes? Em seguida, ela disse para o Delfim um segredo que somente ele e Joana d’Arc agora sabiam. Com este segredo o capitão começou a acreditar na menina. A donzela também despertou muita inveja no castelo, principalmente, em um amigo do Delfim que tentava convencê-lo de que a menina era impostora. Nada adiantou, o Delfim foi avisado, semanas antes da chegada da menina por um astrólogo amigo, que uma donzela apareceria para salvar a França, assim como dizia a profecia do mago Merlin. Apoiado nesses conhecimentos esotéricos, Carlos decidiu ajudar a menina e investir em sua campanha de guerra.
A donzela decidiu atacar do lado mais difícil da cidade, pelo lado direito de Órleans, Ponte de Tourelles. Foram com muitos homens, mas não com o suficiente. Joana d’Arc liderou, e eles tomaram a cidade com uma derrubada tremenda que não se via pelo lado francês há muito tempo. Com essa vitória a menina conseguiu reunir mais soldados e decidiu invadir a cidade de Jorgeau. Esta cidade foi tomada facilmente com a desistência de muitos soldados. Após esta vitória, o exército de Joana d’Arc, decidiu invadir Patay, uma cidade estrategicamente importante para a chegada em Reims, onde seria a tão glorificada coroação. Patay é derrubada com muito sacrifício e insistência dos soldados do exército de Joana.
Carlos VII não acredita que em breve Joana d’Arc lhe tornaria rei da França, assim como ela mesma dissera.
Ao chegar em Reims, nenhuma tropa de resistência atacou o exército da menina de Domrémy. A coroação de Carlos VII, de Valois, aconteceu e os soldados devem todas as graças e glórias conquistadas pela fé e força de liderança, para a menina do interior.
Após a coroação, ouve um período de paz entre Carlos e o Duque de Borgonha. Esse tratado não foi comunicado para Joana. Em troca da Paz com o Duque, Carlos VII decidiu devolver a cidade de Champagne, mas o povo não aceitou e lutou contra o Duque, que fugiu para não perder importantes homens de guerra.
Mesmo com esse período de paz, a menina não pensou em voltar para sua casinha em Domrémy. As vozes das Santas pararam de aparecer para a camponesa. Joana d’Arc insistia em invadir Paris. Com muito esforço e dedicação Joana consegue reunir soldados para o levante armado em Paris. Joana d’Arc é derrotada na batalha pelo Duque de Borgonha. Joana pediu ajuda para várias cidades, mas todas estavam pobres. Em Lagny Joana ressuscitou uma criança que tinha acabado de falecer.
Ao voltar para o castelo, Carlos decidiu não mais ajudar a menina em suas cruzadas. Ele dizia que era muito arriscado tomar Paris e que o Duque era muito perigoso. Houve boatos que o Duque de Borgonha organizava-se para invadir Champange novamente. Joana d’Arc sabendo do risco que corria aquela cidade, decidiu ajudá-la. Pediu homens ao rei. Carlos VII negou o pedido e disse que mandaria homens para ajudá-la em breve, mas não naquele momento. As Santas voltavam a aparecer e diziam que ela iria ser capturada antes do dia de São João. A camponesa parte com seu pelotão para a praça de Champange. Todos pediram para que Joana esperasse o reforço prometido por Carlos. Mas Joana sabendo que o seu reforço não chegaria nunca, decidiu dar ordem de invasão para seus soldados. Nesse momento eles foram surpreendidos pelo exército do Duque. Foi um massacre. O Duque venceu facilmente, e ainda, capturou Joana d’Arc. O Duque de Borgonha tinha verdadeiro ódio da Donzela que tinha atrapalhado todos os seu planos de conquistar a França. Depois de deixá-la sofrer durante dias passando fome, sede, frio, em um lugar úmido e sem higiene, ele entregou a menina para João de Luxemborg. João não tinha porque ter ódio da camponesa, mas sabia que tinha uma peça muito valiosa em suas mãos. Não demorou muito para que a Santa Inquisição oferecesse-lhe uma recompensa pela pele de Joana.
Bispo Pedro de Cauchon comprou a menina de Domrémy por vinte mil libras. Joana d’Arc estava nas mãos da Santa Inquisição Católica. De heroína passou a ser vilã. Seu julgamento foi uma farsa, Pedro queria garantir seu cargo na Igreja e aumentar sua popularidade perante o povo Católico. Joana d’Arc respondeu todas as perguntas com uma sabedoria surpreendente, sem demonstrar, em nenhum momento, que era culpada por algum crime que a acusaram.
Ela foi injustamente condenada por bruxaria, heresia e por blasfêmia. Sendo considerada bruxa ela foi levada para a fogueira onde queimou e sofreu seus últimos instantes na Terra. Ao desencarnar ela encontrou com Santa Catarina e Santa Margarida que lhe disseram que Jesus estava à sua espera há muito tempo.
O processo de Joana foi revisado, anos depois, dando causa vencida para a camponesa. Joana d’Arc foi canonizada em 1920 pela Igreja Católica.

Sinopse da peça “De traidor a Santa: Judas Iscariotes e sua reencarnação como Joana D’arc”
Marcelo de Barros

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