sábado, 16 de junho de 2012

De Simão Pedro a Pietro Ubaldi (IV)

119. A obediência de Pedro e Pietro


Pietro Ubaldi foi sempre dócil e obediente, desde menino. Até o sofrimento ele aceitou com toda humildade. Concordou, sem discutir, com a escolha da profissão e do casamento, feita pelos pais. Não lutou contra a Igreja, quando esta o perseguiu. Não se defendeu, quando vários artigos foram escritos contra ele. Tudo aceitou em silêncio, porque “Sua Voz” lhe dizia que ficasse tranqüilo. Sobre a necessidade e a vantagem de ser obediente à Lei de Deus, Pietro Ubaldi escreveu dois volumes: “A Lei de Deus e A Técnica Funcional da Lei de Deus”. “O ser é livre, mas o universo é um concerto musical, onde qualquer dissonância produz sofrimento. Num sistema dessa natureza, é lógico que a felicidade não se possa atingir senão pelo caminho da obediência, e que a revolta não possa trazer senão sofrimentos”. Assim, viveu Pietro Ubaldi, sempre obediente à Lei.
O mesmo acontecia com Simão Pedro, desde quando estava pescando no mar da Galiléia, com seu irmão André, e foram convidados por Cristo para serem seus discípulos: “Segue-me e Eu vos farei pescadores de homens. Imediatamente eles deixaram as redes e O seguiram”. Pedro era casado, e naquele momento não cogitou dos problemas de sua família, obedeceu, simplesmente. Mais tarde, quando preso juntamente com outros companheiros e soltos pelos anjos, o Sinédrio mandou buscá-los no templo e os admoestou que não ensinassem em nome de Jesus, Pedro e os outros apóstolos responderam: “importa antes obedecer a Deus que aos homens”. O próprio Simão Pedro ensinou a obediência em sua primeira Epístola: “vós que sois mais moços, sede sujeitos aos que são mais velhos, e cingi-vos todos de humildade, para servirdes uns aos outros, porque Deus resiste aos soberbos, mas aos humildes dá graça. Humilhai-vos, pois, debaixo da poderosa mão de Deus, para que vos exalte a seu tempo”.
A BOA NOVA
Pietro Ubaldi tinha por instinto o Evangelho e todos os seus atos estavam pautados na Boa Nova de Cristo. O amor, o perdão, a confiança, a consciência do dever cumprido; o respeito pelo próximo, a obediência aos ensinamentos de Jesus, tudo isso estava impregnado em seu coração, que o tornava um espírito forte e poderoso. Para o mundo era um homem frágil, fácil de ser manipulado, mas, espiritualmente, era uma rocha gigantesca. “Se, no alto, sou forte, porque sustentado pela corrente noúrica, sou humanamente débil cá em baixo, e devo, timidamente e sozinho, dar os primeiros passos dessa grande viagem, que implica numa transformação de consciência”. Em outra passagem afirmou ele: “Havia jurado fé no Evangelho e com o Evangelho queria ir até o fim, se necessário, até os extremos da desesperação e da morte. Havia decidido dar agora à sua vida este conteúdo: a experiência suprema do Evangelho, integralmente vivida”. Foi, sem dúvida, uma experiência vitoriosa.
Sobre o Evangelho escreveu “Evolução e Evangelho”, além de mencioná-lo em toda a sua Obra.
Essa mesma preocupação teve Simão Pedro com a Boa Nova, em divulgá-la e dar o melhor exemplo possível. “Tendo chegado a Cafarnaum, dirigiram-se a Pedro os que cobravam as duas dracmas, e perguntaram: não paga vosso Mestre as duas dracmas? Respondeu ele: paga. E ao entrar Pedro em casa, antes que falasse, perguntou-lhe Jesus: “que te parece, Simão? De quem recebem os reis da terra tributo ou imposto? De seus filhos ou dos estranhos?” Respondeu Pietro: “Dos estranhos”. Concluiu Jesus: “Logo são isentos os filhos. Mas para que os não escandalizemos, vai ao mar, lança o anzol, e o primeiro peixe que subir, tira-o, e abrindo-lhe a boca, acharás um státer (quatro dracmas), toma-o e entrega-lhes por Mim e por ti”. Pedro não foi consultar Jesus se devia pagar ou não impostos, imediatamente respondeu que pagava. Na passagem do perdão, tão conhecida de todos nós, Pedro não perguntou a Jesus se devia perdoar, mas quantas vezes deveria perdoar seu irmão. “Senhor, quantas vezes pecará meu irmão contra mim, que lhe hei de perdoar? Será até sete vezes?” Respondeu-lhe Jesus: “Não te digo que até sete vezes, mas até setenta vezes sete”.
Para a maioria de nós, mais de uma vez não nos agrada; entretanto, Simão queria perdoar sete vezes, mas Jesus ensinou-lhe que devia perdoar 490 vezes. Ele recebeu o belo ensinamento e perdoou a vida inteira. Em suas Epístolas, sua preocupação não é menor para com seus companheiros na observância do Evangelho: “sede, portanto, prudentes e sóbrios com a oração. Tendo antes de tudo ardente caridade uns para com os outros, porque a caridade cobre a multidão dos pecados”.
Essa vontade de viver de acordo com as prerrogativas do Mestre acompanhou o Apóstolo Pedro em toda a sua existência, como nos mostra Paulo e Estêvão — Emmanuel, psicografado por Francisco Cândido Xavier — e todas as obras sobre o Pescador de Cafarnaum, inclusive o Novo Testamento.

Nenhum comentário:

Postar um comentário