sábado, 23 de junho de 2012

De Simão Pedro a Pietro Ubaldi (XI)

126. Um homem à frente de sua época


Pietro Ubaldi apresentou uma concepção de Deus que extrapolou a comum dos homens. É a concepção de Deus Criador — amor, bondade, justiça, perdão e todas as qualidades positivas do Sistema. Diz Ubaldi que Deus, com a nossa queda espiritual, transubstanciou-se em dois: Deus transcendente e Deus imanente. “Deus, causa primeira sem causa, não tem princípio nem fim e tudo gera sem ter sido gerado. Deus simplesmente “É”, e tudo Ele “é”, não encerrado no limite de nenhuma dimensão. As várias dimensões nasceram depois entre as quais o tempo e o espaço, apenas como limites do ser, enquanto Deus é o ser sem limites. Eis, então, que Deus transcendente, que “é” acima e independente de qualquer criação Sua, acima da atual, como de qualquer outra possível, eis que Deus realiza, com respeito à atual, a Sua primeira criação, feita de espíritos perfeitos. Ele destacou do Seu seio, por Amor, seres feitos à Sua imagem e semelhança, para amá-los, incluindo-os na Sua própria felicidade. Isto ocorreu segundo um sistema, cujos princípios fundamentais eram aqueles mesmos que observamos na natureza do Pai, que os gerara. Nesse sistema, tudo era feito à Sua imagem e semelhança. Ele era único e tudo encerrava nada havendo fora e além Dele e dos Seus princípios e perfeição. Com o desmoronamento do Sistema no Anti-Sistema, formou-se a contraposição — transcendência e imanência. Esta cisão do único aspecto, o absoluto, de Deus, no de Deus transcendente e Deus imanente, representa justamente a cisão do Uno, que, como Uno absoluto, reúne em si dois aspectos. Ele é ambos ao mesmo tempo, estando acima da cisão, sem poder ser um só deles, ou seja, não é exclusivamente transcendente, nem exclusivamente imanente. Desta forma, compreenderemos que a visão dualística, a do Uno bipartido, é relativa à posição do ser no universo atual e no período da cisão, não possuindo valor absoluto. Em outros termos, se encarado do seio de nosso universo, Deus pode parecer à criatura como imanente ou como transcendente, isto é, pode ser concebido sob dois aspectos diversos, desde que saiamos do relativo para o absoluto, deveremos admitir a existência de Deus em um Seu só e único aspecto que está além de qualquer dualismo e criação, ao qual denominaremos Deus absoluto”. Assim, continua Ubaldi expondo sua visão de Deus transcendente e Deus imanente em Deus e Universo. Em Ascese Mística, encontramos: “Eu ouvi a harmonia do criado, fundi-me nela e alcancei a sensação de Deus. O meu coração pulsou com o coração de todas as criaturas irmãs e nestas palpitações percorreu-me o amor de Deus”.
Simão Pedro, como discípulo de Cristo, revelou o seu contato com as altas fontes noúricas, e, dos apóstolos, foi o que teve a maior revelação de Deus. Quando Jesus perguntou aos discípulos quem Ele era, Simão, prontamente, respondeu: “Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo. Disse-lhe Jesus: Bem-aventurado és, Simão Bar-Jonas, porque não foi carne e sangue quem to revelou, mas meu Pai que está nos Céus”. As Epístolas de Pedro nos advertem: “Graças e paz nos sejam multiplicadas no pleno conhecimento de Deus e de Jesus, nosso Senhor. Cada um de vós, segundo o dom que recebeu, comunicando-o uns aos outros, como bons despenseiros das várias graças de Deus. Se alguém fala, falando como oráculos de Deus; e se alguém ministra, ministrando como da força que Deus dá, para que em tudo Deus seja glorificado por Jesus Cristo, a Quem pertence a glória e domínio pelos séculos dos séculos”. A preocupação de Pedro era, também, de que os cristãos alcançassem a mais ampla concepção de Deus.
Muitos outros pontos de concordância existem em torno de Simão Pedro e Pietro Ubaldi, mostrando-nos que o espírito não perde as qualidades positivas adquiridas e nele afloram, quando possível, em sua escalada evolutiva. É importante a continuação da pesquisa, que vai confirmar, não somente a “Teoria da Reencarnação”, mas, também, aquelas sublimes palavras de Jesus: “Não vos deixareis órfãos, Eu voltarei a vós”. E Cristo voltou, através de seu apóstolo: Pietro Ubaldi.
Notas
Seria Pietro Ubaldi a única reencarnação de Simão Pedro, desde o tempo de Cristo? Não. Se o espírito pode reencarnar-se, até completar o ciclo evolutivo terrestre, é possível que Simão tivesse retornado à Terra algumas vezes nesse espaço de dezoito séculos, e uma delas foi, sem dúvida, junto de S. Francisco de Assis na pessoa de um discípulo que o acompanhou de perto, seguindo as suas pegadas. Foi o único a estar próximo do Santo, na hora dos estigmas, no Monte Alverne, e se tornou seu enfermeiro. Frei Leão, o cordeirinho de Deus, esse foi seu nome.
São Francisco burilou sua alma, enriquecendo-a não somente das três virtudes franciscanas, mas de todas as demais. Existe aquele conhecido episódio narrado em I Fioretti, quando os dois foram a pé de Perúgia a Assis (Igreja Santa Maria dos Anjos), cerca de 30km em que o mestre ensinou a seu discípulo a perfeita alegria. Em muitos outros fatos, o mesmo livro mostra o grau de confiança e amizade reinantes entre ambos. Após receber os estigmas, antes de partir do Monte Alverne para Assis, S. Francisco deu a Frei Leão uma bênção especial, escrita com a mão trespassada e sangrenta:
“Deus te abençoe e te guarde
Mostre a ti Sua face e compadeça-se de ti,
Incline para ti Seu rosto e te dê paz:
O Senhor te abençoe, Frei Leão”.
Enquanto viveu, Frei Leão carregou consigo a bênção do Santo. O cordeirinho de Deus morreu 45 anos depois de Francisco de Assis, já bastante idoso, em 1271. A Igreja ainda conserva no Monte Subásio (em Assis) e no Monte Alverne (em Sansepolcro), duas grutas em cada local, distante entre si não mais de 100 metros, uma de São Francisco e outra de Frei Leão. E na Basílica de São  Francisco de Assis, em Assis, encontram-se os restos mortais do seu padroeiro, de Frei Leão, Frei Masseo, Frei Ângelo e Frei Rufino.
São Francisco e Frei Leão estiveram sempre juntos no tempo de Cristo, e unidos permaneceram no século XII. Agora, no século XX, os dois novamente na mesma tarefa cristã, um reencarnado e o outro desencarnado. Recordemos alguns fatos que mostram a união entre aqueles dois seres angélicos — Pietro Ubaldi e Sâo Francisco de Assis — justificados, somente, por um passado de confiança recíproca. A paixão de Pietro Ubaldi pelo “poverello” de Assis existiu desde o seu nascimento em terras franciscanas. Para se analisar a ligação entre ambos basta ler: “Os Ideais Franciscanos Diante da Psicologia Moderna” (escrito em 1927, quando Ubaldi fez o voto de pobreza), “Irmão Francisco” e “São Francisco no Monte Alverne”. Além disso, São Francisco é estudado ou apresentado em quase toda a Obra, inclusive no capítulo “Os Grandes Inspirados”, de As Noúres. Por outro lado, São Francisco acompanhou, de perto a missão de Pietro Ubaldi. No início da tarefa, na Itália, em Colle Umberto, São Francisco apareceu junto de Cristo para encorajá-lo e dar as boas vindas. Em 17 de agosto de 1951, em Pedro Leopoldo, novamente, São Francisco veio junto de Cristo para fortalecer Pietro Ubaldi no centro de sua missão e início da segunda parte da Obra. realizada no Brasil. Cristo à direita e São Francisco de Assis à esquerda foram os dois grandes sustentáculos do arauto da nova civilização do espírito, que veio ao mundo somente para fazer o bem.
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Certamente, Pietro Ubaldi veio à Terra no intervalo entre o século XII e o século XX. Aplicando a Lei de causa-efeito nele próprio, só encontrou uma justificativa para tanto sofrimento nesta vida: haver retornado a este mundo, há poucos séculos, e ter contraído pesado débito. Buscou a História e se identificou num de seus personagens mais ilustres. Visitou os lugares, tudo era verdadeiro. Assim, ele compreendia porque estava sendo triturado pela engrenagem dos ciclos menores que se fundem num ciclo maior, dos quais fala “Sua Voz”, em A Grande Síntese. Certa ocasião, estudando as suas vidas pretéritas, ele nos disse que sem uma reencarnação de descida espiritual, não teria sentido esta última. Logo, Deus estaria sendo injusto para com ele, e a Sua Lei de premiar os bons e punir os maus não seria correta. Essa reencarnação involutiva, não somente fazia parte de sua as
censão espiritual, como serviu de embasamento à tarefa nesta vida. Sem ela a Obra inspirada por Cristo ficaria incompleta, teria a parte relativa ao Sistema, mas faltaria a outra, relativa ao Anti-Sistema. Existiria a Obra italiana, mas faltaria a brasileira.
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Que dizem os espíritos, através dos médiuns?
No livro “Comentários”, estão algumas mensagens particulares, dizendo que o Apóstolo Simão Pedro estava de volta à Terra na pessoa de Pietro Ubaldi. Uma delas revela sua reencarnação como Frei Leão. De propósito, reproduzimos alguns tópicos da Mensagem de São Francisco de Assis dirigida a Pietro Ubaldi, em Pedro Leopoldo, por último, porque para nós, eles traduzem as palavras de um Apóstolo dirigidas a outro Apóstolo:
“Pedro,
O Calvário do Mestre não se constituía tão somente de secura e aspereza.
Lembra-te, Ele era sozinho! Sozinho anunciou e sozinho sofreu.
Quando o silêncio se fizer mais pesado ao redor de teus passos, aguça os ouvidos e escuta!
A voz Dele ressoará de novo na acústica de tua alma e as grandes palavras, que os séculos não apagaram, voltarão mais nítidas ao círculo de tua esperança, para que as tuas feridas se convertam em rosas e para que o teu cansaço se transubstancie em triunfo.
É necessário que o lume da cruz se reacenda, que o clarão da verdade fulgure novamente, que os rumos da libertação decisiva sejam traçados.
Ilumina a estrada, buscando a lâmpada do Mestre
que jamais nos faltou.
Avança... Avancemos...
Cristo em nós, conosco, por nós e em nosso favor é o Cristianismo que precisamos reviver à frente das tempestades, de cujas trevas nascerá o esplendor do Terceiro Milênio.
Certamente, o apostolado é tudo. A tarefa transcende o quadro de nossa compreensão.
Não exijamos esclarecimentos.
Procuremos servir.
Todavia, Cristo reina e amanhã contemplaremos o celeste despertar”.
Os grifos são nossos. Apoiado neles, podemos concluir que São Francisco de Assis está recordando nesta Mensagem, o seu tempo de apostolado junto de Pietro Ubaldi, há dois milênios, e garantindo a Ubaldi “o celeste despertar”. Cristo é o mesmo de ontem, de hoje e eternamente.
Não vamos pedir aos médiuns, nem exigir dos espíritos mais revelações. As provas estão aí, são lógicas e racionais para os reencarnacionistas. Mas para os que não acreditam nelas, a dúvida persiste. Isso não impede que tenhamos vindo a este planeta muitas vezes, nem que Pietro Ubaldi seja a reencarnação de Simão Pedro; São Francisco de Assis — João (o Evangelista); Martin Luthero — Paulo de Tarso; Emmanuel (Manoel da Nóbrega) — Públio Lêntulus (Senador Romano); Joana D’Arc — Judas Iscariotes; Hippolyte Léon Denizard Rivail — Allan Kardec; e tantos outros.
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Que pensa Pietro Ubaldi de suas reencarnacões anteriores?
“Cristo esplendia naquele destino, no seu passado, e no seu futuro. Como uma lembrança e como um pressentimento envolvia-o todo em luz, tanto que o breve espaço daquela vida de treva dolorosa se fechava entre dois esplendores. Aquela luz estava antes da culpa e depois da expiação. Cristo era a sintonização mais palpitante daquela vida e sempre ressurgia diante daquela alma, com profunda emoção. Este era o sulco mais fortemente traçado e que ali se tornara indelével. Parecia, sempre, àquele homem ver a grande e amada figura andar pelas terras da Galiléia, às margens do lago de Tiberíades, de Belém a Nazaré, a Jerusalém, da pobre manjedoura ao Getsêmani e ao Gólgota. E a seguiria como exemplo, em silêncio, pelos caminhos da vida, amando e sofrendo. Cristo era, para ele, antes do nascimento e depois da morte, a última síntese de todos os valores humanos”. “Aquele homem” é Pietro Ubaldi e os trechos grifados por nós representam as vidas ao lado de Cristo e de descida espiritual.
No mesmo volume, “História de Um Homem”, já no final, vamos encontrar uma visão do autor que revela sua existência na figura humilde e mansa de Simão Pedro, com uma advertência: “quem vive da forma e da letra e não no espírito não poderá penetrar o sentido dessas palavras”. Eis o diálogo:
“Aquele pensamento olhava-o intensamente; aquele afeto penetrava-o, aquela vontade arrebatava-o e aquela forma assumira lineamentos precisos. Reconheceu-a então. Mas jamais a divina visão lhe aparecera com tanta força e clareza. E então, contemplando-a com os olhos e com a alma, exclamou:
— Cristo, Senhor !
E assim ficou longo tempo. Seus lábios não tinham força para se moverem, mas entre a visão e ele, quem tivesse sentidos espirituais capazes, teria ouvido se desenvolver um breve colóquio
— Cristo, Senhor! — repetia ele.
— Reconheces-me? — respondia a visão.
— Reconheço-Te, Senhor.
— Lembras-te?
— Lembro-me.
— Quem sou Eu?
— Tu és Cristo, o filho de Deus.
— Tu me amas?
— Senhor, Tu sabes todas as coisas, Tu sabes que Te amo.
— Pedro, estás extenuado. Teu caminho está completo. Repousa em mim e pousa tua cabeça sobre o meu peito e repousa.
Aqui, a visão se dilatou. Apareceram as margens do lago de Tiberíades, as doces colinas da Galiléia, a noite da paixão, o triunfo da ressurreição. E tudo ele, agora fora do espaço e do tempo, reviu intensamente, detalhada-mente, não com o sentido de nostalgia para com a inalcançável realidade longínqua, como em vida, mas com um sentido de paz e felicidade”.
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João encerrou o seu Evangelho dizendo: “este é o discípulo que dá testemunho destas coisas e que as escreveu, e sabemos que o seu testemunho é verdadeiro”. Também dizemos nós: somos testemunhas de tudo isto que acabamos de escrever. Para nós Pietro Ubaldi foi, realmente, a reencarnação de Simão Pedro, o grande pescador de almas, no dizer de Clóvis Tavares. E, se compararmos as duas personalidades: a do presente século com a de há dois mil anos, vamos encontrar a atual mais enriquecida do poder divino e com muito mais sabedoria. Pietro Ubaldi foi um homem virtuoso, um verdadeiro sábio, um superdotado espiritualmente — um protótipo do Terceiro Milênio.

Um comentário:

  1. Muito bom seu artigo recentemente lendo o livro Francisco de Assis pelo Espírito Fernando Milanez descobri que na verdade Francisco foi Encarnação do apóstolo João e quando ele era a João ainda ele tinha um discípulo Na verdade era uma pessoa que ele conhecia que ele curou da lepra essa pessoa se torna seu discípulo era chamado pátios então ele começou a seguir João daí e ficou com ele até o fim de sua existência e ele volta novamente como Frei leão e mais recentemente como Pietro ubaldi

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