sábado, 2 de junho de 2012

Mestres de Luz (XII)



105. Reencarnações de Allan Kardec (II)

Outra existência do professor Hippolyte Léon Denizard Rivail passa-se de 30 a.C. a 37 d.C., época em que Jesus exerce na Terra o seu celeste mandato. Foram anos de surpresa, de deslumbramento, de paixão e de glória. Ter podido reencarnar nesse período, nessa faixa histórica, é merecimento e prêmio, até mesmo para os que houveram de suportar terríveis provações.
É natural também que se aceite como apanágio razoável a importância de terem os principais Espíritos responsáveis pela Terra participado, de um modo ou de outro, da pregação de Jesus; em outras palavras, é muito sensato que Kardec, Ghandi, Francisco de Assis, Emmanuel (como senador Públio Lêntulus) e Francisco Cândido Xavier (como Flávia, filha do então senador, segundo o próprio médium), tenham sido contemporâneos do Messias.
Kardec, nesta época, estava reencarnado e seu nome era Quirílius Cornélius. Seu pai fora soldado, a mãe e os tios habitavam a casa do avô, um rico e sábio filósofo. Esse avô quis fazer de Quirílius Cornélius um sábio, também, mas o pai acabou conduzindo-o à carreira das armas. Estagiou pela primeira vez em Massília, nas Gálias; dali foi destacado para servir em Jerusalém, na Judéia, província então governada, como é sabido, pelo procurador romano, Pôncio Pilatos. Quirílius Cornélius tinha grande facilidade de aprender línguas.
Em Jerusalém, passou a ocupar um cômodo na casa de certo Galileu, homem pobre de numerosa família, mas muito honesto. Uma de suas filhas, jovem e bonita chamada Abigail, veio a agradar sobremaneira a Quirílius; foi ali, naquela casa e naquele ambiente que ouviu falar pela primeira vez em Jesus, com quem irá posteriormente ter contato pessoal.
Quem era Quirílius Cornélius? Seria Allan Kardec? Onde se encontram essas informações? Numa obra seríssima, muito bem feita, de grande repercussão mundial, ditada por um respeitável autor espiritual, psicografada por uma médium de excepcionais recursos e, finalmente - o que é importantíssimo - editada sob a chancela da Federação Espírita Brasileira, em tradução de Manuel Quintão. Trata-se do livro “Herculanum”, do conde J. W. Rochester (na realidade, o poeta inglês Hohn Wilmor, desencarnado em 1680, boêmio e cortesão de Carlos II, da Inglaterra).
A informação sobre Allan Kardec é apresentada de forma muito clara e muito explícita; o ponto essencial se encontra à página 351, da quarta edição, e está vazado nos seguintes termos: "A esses, como conquistá-los? Como encontrar a pista de suas almas? Tu mesmo, tu valoroso centurião que não há muito foste Allan Kardec; tu que na última encarnação te devotasse à fundação de uma doutrina que esclarece e consola a humanidade, quantos dissabores não amargastes? Mais adiante, à página 353: "Depois, o Espírito Kardec ascendeu aos páramos infinitos".
Com a revelação sobre Quirílius Cornélius, podemos seguir e bater noutra figura referida naquele mesmo livro. Trata-se do eremita João, que aliás, na narrativa de Rochester é o personagem que interessa. Quirílius só surge porque João recorda sua encarnação ocorrida antes, ao tempo de Cristo. A rigor, o personagem de Herculanum é João, o eremita. Vivia ele no ano 79, época da erupção do Vesúvio, numa espécie de gruta, perto da cidade de Herculano. Era um homem alto que, comumente, aparecia envolto num hábito cinzento, tinha idade avançada, porém denotando vigor e porte. Na história, é uma figura austera, centro dos principais acontecimentos, embora surgindo muito poucas vezes no enredo.
A referência principal de Rochester está contida a partir da página 191, da edição citada. João, o eremita, aparece narrando à personagem central da história, passagens de sua vida pretérita, quando ainda tinha sido o centurião Quirílius Cornélius. Era então o responsável por Jesus, na prisão; mas, como não acreditava na culpa do Salvador, propôs-lhe uma troca; tomaria o seu lugar, deixando que Jesus se evadisse; morreria pelo Cristo. Este, porém, lhe teria respondido:
― Agradeço-te e muito. Aprecio teu devotamento, mas não posso aceitá-lo.
Acaso consideras menor o meu sacrifício, se houvera de permanecer neste mundo em que me é tão difícil praticar o bem? Não, amigo, eu deploro a minha sorte, a mesma que tiveram os profetas que me precederam, mortos pelos homens; mas, não suponhas, também que eu desdenhe o sacrifício da tua vida.
Parou com os olhos no vácuo, dando à fisionomia uma feição singular e concluiu:
— Pois tu hás de morrer por mim, e estou a ver as chamas da fogueira que te espera, mas, isto não será por agora...
Referia-se a Jan Huss, queimado em Constança, em 1415.
Resumindo: o centurião Quirílius Cornélius quis morrer em lugar do Mestre. Jesus lhe diz, então, que seu sacrifício será aproveitado no futuro, quando reencarnar como Jan Huss.
No livro de Camille Flammarion, “Narrações do Infinito”, em tom de diálogo, Lúmen explica a Quaerens inumeráveis aspectos do passado longínquo da Terra e de outros tipos de vidas existentes na criação, há milhares de anos. Na narrativa escrita por Camille em 1869, Lúmen descreve a constelação de Órion, onde há um planeta em que os seres não têm a natureza vegetal, nem animal - não poderiam mesmo caber em nenhuma das catalogações terrestres, ou ainda em uma das grandes divisões: reino vegetal e reino animal. Eis e descrição:
— Foi lá que conheci o Espírito Cencardo, presentemente na Terra; que publica seus estudos sob o nome de Allan Kardec. Durante nossa vida terrena, não nos recordamos de que éramos velhos conhecidos, mas nos sentimos, por vezes, atraídos um para o outro, por singulares aproximações de pensamento. Agora que retornou, tal qual eu, ao mundo dos Espíritos, ele se lembra também da singular República de Órion e poder revê-la. (continua)

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