segunda-feira, 4 de março de 2013

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domingo, 3 de março de 2013

1000-Estudos sobre a Consciência


O aspecto moral da consciência

(Advertência ao leitor: estamos caminhando em busca do espírito onde se presume seja a sede da consciência)

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.


Consciência, no aspecto moral, é a capacidade que o homem tem de conhecer não apenas valores e mandamentos morais, mas de aplicá-los em diferentes situações. Há uma indicação de que consciência modela atitude.

A consciência moral tem alguns pressupostos que são a consciência psicológica, que tem dentro de si, o outro, a realidade, a transcedência e a si mesmo. A consciência moral supõe uma hierarquia de valores, e também uma finalidade do ato, seja ele bom ou mau. Ela consiste na capacidade do ser humano observar a própria conduta e formular juízos sobre os atos praticados, passados e presentes e as intenções futuras. E depois de julgar, o homem tem condições de escolher, dentre as circunstâncias possíveis, seu próprio caminho na vida. No fundo, a consciência é a bússola do livre arbítrio.

Consciência moral: (a) ratifica no intimo as normas que vêm de fora; (b) exerce a sua autonomia face aos atos e ao mundo.

Temos também a consciência social e pessoal que vem formar a consciência moral, dentro de uma tensão nas dimensões do ser humano.

A consciência moral pode ser vista como um juiz, ou uma voz interior que ora gera em nós sentimentos de nostalgia e prazer, como também grandes remorsos e arrependimentos. Esta é uma caracteristica que nos é dada pela própria natureza, e que deve de ser ouvida e seguida, porque ela pressupõe o que é para cada individuo o correto e o incorreto, ou seja, atua como uma bússola interior, emite conselhos e orienta a ação, indica-nos o melhor caminho. Diz-nos: "Deves de fazer isto!" ou "Não deves fazer aquilo!". Mas no fim, em casos extremos, ela vinga-se e leva-nos por caminhos errados, gerando os tais sentimentos de culpa e arrependimento. Isto assim mostra-nos que a consciência moral, é a consciência de que nem todas as possibilidades "ouvidas" são igualmente valiosas. Há aqueles que desafiam sua consciência e entram em turbilhões carregados de ventanias e tempestades. Perdem a ternura. Olham-se no espelho e se detestam. Dirigem-se às outras pessoas como se estivessem dirigindo-se a se mesmas. Tudo é crítica, tudo é recriminação, o mundo parece haver-se voltado contra essas pessoas. E, na verdade, é isso mesmo. O nosso mundo é a nossa consciência, a única instância capaz de nos punir em liberdade, sentir fome com a mesa farta, perder o sono depois de um dia estafante, perder o prazer em situações de muito gozo. Esse perfil de pessoas é aquele que só voltarão a pertencer ao mundo quando reconciliarem-se com o seu próprio mundo.

FECHA-SE UM TEMPO

De acordo com as repetidas advertências publcadas aqui, esta postagem (de nº 1000) é a última a ser postada neste blog. Ele permanecerá aberto apenas para que os leitores tenham a chance de migrar para o endereço onde continuaremos atuando. Se for de seu desejo adicione à barra de favoritos o novo endereço onde diariamente haverão novos artigos:

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sábado, 2 de março de 2013

999-Estudos sobre a Consciência


A consciência sob o ponto de vista espiritual
 

(Advertência ao leitor: estamos caminhando em busca do espírito onde se presume seja a sede da consciência)

O extraordinário Leon Denis, em “O Problema do Ser, do Destino e da Dor”, no capítulo IV – A Personalidade Integral, que vem em abono a esta série – também fala de consciência. Assim:


A consciência, o “eu”, é o centro do ser, a própria essência da personalidade. Ser pessoa é ter uma consciência, um “eu” que reflete, examina-se, recorda-se. Poder-se-á, porém, conhecer, analisar e descrever o “eu”, os seus misteriosos recônditos, as suas forças latentes, os seus germens fecundos, as suas atividades silenciosas? As psicologias, as filosofias do passado debalde o tentaram encontrar. Os seus trabalhos não fizeram mais do que tocar de leve a superfície do ser consciente. As camadas internas e profundas continuaram obscuras, inacessíveis, até ao dia em que as experiências do Hipnotismo, do Espiritismo, da renovação da memória aí projetaram, afinal, alguma luz.


Então se pôde ver que em nós se reflete, se repercute todo o universo na sua dupla imensidade, de espaço e de tempo. Dizemos de espaço, porque a alma, nas suas manifestações livres e plenas, não conhece as distâncias. Dizemos de tempo, porque um passado inteiro dorme nela ao lado do futuro que aí jaz no estado de embrião.

As escolas antigas admitiam a unidade e a continuidade do “eu”, a permanência, a identidade perfeita da personalidade humana e a sua sobrevivência. Os seus estudos basearam-se no sentir íntimo, no que em nossos dias se chama introspecção.

A nova psicologia experimental considera a personalidade como um agregado, um composto, uma “colônia”. Para a psicologia experimental ela é apenas a aparente unidade do ser, que pode decompor-se. O “eu” é uma coordenação passageira, disse Th. Ribot, em Les Maladies de la Personnalité, páginas 170 e 172. Essas afirmações baseiam-se em fatos de experiência, que não se podem deixar de lado, tais como vida intelectual inconsciente, alterações da personalidade, correlação entre as doenças da memória e as lesões do cérebro, etc.

Como aproximar e conciliar teorias tão dessemelhantes e, contudo, baseadas, ambas, na ciência de observação? De maneira simples. Pela própria observação, mais atenta, mais rigorosa. Myers disse-o (em La Personnalité Humaine, pág. 19 – obra que representa o mais grandioso esforço tentado pelo pensamento para resolver os problemas do ser) por estes termos:

“Uma investigação mais profunda, mais audaz, exatamente na direção que os psicólogos (materialistas) preconizam, mostra que eles se enganaram afirmando que a análise não provava a existência de nenhuma faculdade acima das conhecidas na vida terrestre, assim como eles a concebem, é capaz de produzir e o meio terrestre de utilizar. Porque, na realidade, a análise revela os vestígios de uma faculdade que a vida material ou planetária nunca poderia ter gerado e cujas manifestações implicam e fazem necessariamente supor a existência de um mundo espiritual. Por outro lado, e em favor dos partidários da unidade do “eu”, pode-se dizer que os dados novos são de natureza a fornecer às suas pretensões uma base muito mais sólida e uma prova presuntiva que se avantaja em força a todas as que eles poderiam ter imaginado, a prova, especialmente, de que o “eu” pode sobreviver, e sobrevive realmente, não só às desintegrações secundárias, que o afetam no curso da sua vida terrestre, mas também à desintegração derradeira que resulta da morte corporal.

Muito falta ao “eu” consciente de cada um de nós para poder compreender a totalidade da nossa consciência e das nossas faculdades. Existem uma consciência mais vasta e faculdades mais profundas, cuja maior parte se conserva virtual em relação à vida terrestre, das quais se desprenderam, por via de seleção, a consciência e as faculdades da vida terrestre; tais, consciência mais alta e faculdades mais profundas, de novo se afirmam em toda a plenitude depois da morte.

Há cerca de catorze anos tenho sido levado lentamente a essa conclusão, que revelou para mim a sua forma atual, em conseqüência de uma longa série de reflexões baseadas em provas, cujo número ia aumentando progressivamente. Em certos casos vê-se aparecer em nós um ser muito diferente do ser normal, possuindo não só conhecimentos e aptidões mais extensas que as da personalidade comum, mas, além disso, dotado de modos de percepção mais poderosos e variados. Às vezes, até mesmo nos fenômenos de “segunda personalidade” o caráter se modifica e difere por tal forma do caráter habitual que alguns observadores se julgaram na presença de um outro indivíduo.

Cumpre fazer bem a distinção entre esses casos e os fenômenos de incorporações de Espíritos. Os médiuns, no estado de desdobramento, de sonambulismo, emprestam às vezes o seu organismo a entidades do Além, Espíritos desencarnados que dele se servem para se comunicar com os homens; mas, então, os nomes, as particularidades, as provas de identidade fornecidas pelos manifestantes não permitem confusão alguma. A individualidade que se manifesta difere radicalmente da do paciente.

.....

Sem embargo, o erro era possível. Com efeito, do mesmo modo que as incorporações de Espíritos, a intervenção de personalidades secundárias é precedida de um sono curto. Estas surgem, as mais das vezes, num acesso de sonambulismo ou mesmo após uma comoção. O período de manifestação, a princípio de breve duração, prolonga-se pouco a pouco, repete-se e vai-se destacando, cada vez com maior precisão, até adquirir e constituir uma cadeia de recordações particulares que se distinguem do conjunto das recordações registradas na consciência normal. Esse fenômeno pode ser facilitado ou provocado pela sugestão hipnótica. É mesmo provável que nos casos espontâneos, em que nenhuma vontade humana intervém, o fenômeno seja devido à sugestão de agentes invisíveis, guias e protetores do sujet. Exercem eles, nesses casos, como veremos, a sua ação para um fim curativo, terapêutico.

AGORA, CHEGOU A VEZ!

Esta postagem de número 999 é a penúltima a ser postada neste endereço, neste blog. A próxima (nº 1000) será a última. As postagens continuarão postadas apenas no endereço:


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sexta-feira, 1 de março de 2013

998-Estudos sobre a Consciência


Para entender talvez melhor



O palavrório pode parecer confuso, mas em se tratando dos vários níveis em o aspecto consciência atua sobre nós, é, mesmo, difícil saber-se qual das consciências está em nós. Mas, entenda, nem que seja necessário ler e reler este trecho.

Tendo em vista a consciência fazer exigências gerais das leis morais ao caso presente, concreto, daí resultam os seguintes deveres relativamente ao seu ditame para conosco: em se tratando de consciência não se deve agir com dúvida verdadeira, insolúvel, acerca da legitimidade da ação. Requer-se, pois, uma certeza prática (não rigorosamente científica). (Sobre a maneira de obter indiretamente uma consciência certa: valer-se do probabilismo). Deve-se seguir sempre o ditame imperativo da consciência, mesmo no caso da consciência errônea invencível e inculpável. O agente não tem outra possibilidade razoável. Acomoda-se ele à vontade de Deus, tanto quanto momentaneamente lhe é possível. Contudo não devemos apelar precipitadamente para nossa própria consciência certa, principalmente quando outras autoridades superiores julgam de maneira discrepante, porque não teríamos então o caso da consciência inculpavelmente errônea. Existe, portanto, a estrita obrigação de formar uma reta consciência, mediante a reflexão, a instrução, a tomada de conselho, etc. Da obrigação de seguir a própria consciência, até quando errônea, decorre a liberdade de consciência e a tolerância, ou seja, o dever de respeitar as decisões de outrem, mesmo que se julguem erradas, e não obrigar as ações por ele tidas como contrárias à consciência.

Entretanto, não é proibido insurgir-se contra ações que provêm de uma consciência errônea e prejudicam o direito dos indivíduos ou da comunidade. Também pode o Estado obviar (eficientemente) uma injustificada recusa de prestar serviços, pela negação das vantagens jurídicas correspondentes. {Brugger}

Peculiar dificuldade para se formar uma consciência surge no caso da chamada colisão de deveres. Não se trata aqui de um mal clara ou facilmente reconhecível, mas de dois deveres, que parece serem, por igual, prementes e que pretendem ser cumpridos no mesmo momento, apesar de não poderem ser simultaneamente. Não pode haver real colisão de deveres, fundada na ordem moral. Ela iria de encontro à santidade e sabedoria de Deus, que não pode conduzir um homem a pecar. À colisão só existe no deficiente conhecimento do homem. Deve, portanto, ser solucionada, investigando-se a qual dos deveres deve ser dada preferência num dado momento. Não podendo isto fazer-se um caso particular, quer dizer que falta a liberdade necessária para a ação moral e para a falta de moral.

A solução destes e de outros casos de consciência, denominada casuística, é tarefa, frequentemente mal compreendida, mas importante e insubstituível, de uma ética que queira influir na atuação real dos homens. Nenhum jurista razoável põe em dúvida a necessidade de um tratado em que se estudem casos concretos de direito civil e penal referentes a situações individuais, que exponha a importância e aplicação exata das leis, e sirva de auxiliar não só ao estudante aprendiz, mas também ao jurista prático no exercício tantas vezes árduo de sua profissão. Esta dificuldade existe igualmente para quem tem a missão custosa e cheia de responsabilidade de dirigir homens. Todavia a exposição positiva da lei moral deve preceder a casuística. Na seleção e solução dos casos de consciência, importa evitar as possibilidades abstrusas e irreais. — Schuster. [Brugger]

Esta consciência distingue-se da consciência em sentido psicológico, em sentido epistemológico ou em sentido gnoseológico, e em sentido metafísico, a que já nos referimos. O sentido da expressão “consciência moral” popularizou-se nas frases “apelo à consciência”, “voz da consciência”, etc. Mas, no seu sentido mais comum, a consciência moral aparece como algo demasiado simples. Os filósofos investigaram, com efeito, em que sentido se pode falar de uma voz da consciência e, sobretudo, qual é - se é que existe a origem dessa voz.

Adotaremos aqui uma classificação que se apóia antes nas concepções das origens da consciência moral. É o seguinte:

1. a consciência moral pode ser concebida como inata. Supõe-se neste caso, pelo mero fato de existir em todos os homens uma consciência moral. O que pode entender-se em dois sentidos. a) a consciência moral é algo que se tem sempre efetivamente (neste caso é um fenômeno espiritual); b) a consciência moral é algo com a possibilidade de se possuir sempre que se suscite para isso uma sensibilidade moral adequada (neste caso o fenômeno se manifesta no âmbito material quando suscitado).

2. a consciência moral pode ser concebida como adquirida. Pode considerar-se que se adquire por educação das potências morais  íntimas no homem, neste caso esta posição aproxima-se da última mencionada, ou pode supor-se que se adquire no decurso da história, da evolução natural, das relações sociais, etc. Uma consequência desta  teoria é a de que a consciência moral não só pode surgir ou pode não surgir no homem, mas também a de que o seu conteúdo depende por sua vez do conteúdo natural,  histórico, social, etc. As teorias naturalistas, historicistas, social- históricas, sociais, etc., entram dentro deste grupo.

3. a origem da consciência moral racional pode ser atribuída a uma entidade divina. A moral resultante é então heterônoma ou, mais propriamente teônoma.

4. a origem da consciência moral irracional pode atribuir-se a uma fonte humana. Por sua vez, essa fonte humana pode conceber-se como natural, histórica ou social, e assim esta posição combina-se com o texto dois. Também pode considerar-se que esta fonte é individual ou social.

5. o fundo donde procede uma consciência moral pode ser racional ou irracional. Estas duas posições combinam-se frequentemente com quaisquer outras das atrás mencionadas.

6. o fundo donde procede a consciência moral pode ser pessoal ou impessoal.

7. finalmente, o fundo donde procede a consciência moral pode ser autêntico ou inautêntico. Se se dá o primeiro caso, podem admitir-se muitas das concepções anteriores. Se se dá o segundo caso, as concepções usualmente admitidas são as da sua origem natural e puramente social. A consciência moral é então desmascarada como um sentido que o homem adquiriu em virtude de certas conveniências sociais ou de certos processos naturais e que pode desaparecer logo que essas conveniências deixem de vigorar. {Ferrater}


quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

997-Estudos sobre a Consciência


Consciência e razão emanam do espírito?

Sindérese, na escolástica da filosofia moral, é a capacidade natural ou disposição (habitus) da razão prática para apreender intuitivamente os universais primeiros princípios da ação humana.

Razão é uma faculdade única, mas é chamada de maneira diferente de acordo com o fim que ela atribui à sua busca de verdade. Quando seu objetivo é a mera consideração (contemplação) da verdade, ela é chamada de razão especulativa; quando se considera a verdade na perspectiva da ação (práxis), é chamada de razão prática. Em ambos os casos a razão usa demonstração (silogismo) como sua ferramenta, que procede do entendimento de verdades já conhecidas (premissas) para a declaração de uma proposição (conclusão), cuja verdade procede necessariamente das premissas.

Como saber que esses conteúdos (e, consequentemente, a sua conclusão) são verdadeiros? Resposta: por serem eles próprios conclusões de manifestações anteriores.

Embora pudéssemos ter de volta esse processo de demonstração da verdade dos conteúdos, é certo também que uma regressão ad infinitum privaria a cadeia demonstrativa da certeza. Por isso, é necessário que o ponto de partida do raciocínio humano parta de algumas premissas imediatamente cognoscíveis, ou seja, auto-evidentes, proposições chamadas primeiros princípios, cuja verdade não é, de fato, não podem ser, captadas através da demonstração, mas apenas por intuição (nous).

O hábito ou disposição que permite a especulação ou motivo para intuitivamente apreender os princípios que presidem o raciocínio discursivo, é chamado de “compreensão dos princípios” (intellectus principiorum). O princípio da “não contradição”, da “identidade” e de “terceiro excluído”, os quais são, em última análise, com base na noção de “ser”, o primeiro que a nossa razão apreende absolutamente.

Sindérese é a capacidade ou disposição que permite que a razão prática apreenda intuitivamente os princípios ou leis que presidem o seu raciocínio discursivo sobre a ação humana. “Ser” é a primeira noção absolutamente apreendida.

“Boa” é a primeira coisa que é apreendida pela razão prática, uma vez que tudo que age o faz para um fim que possui a qualidade de bondade. É por isso que o primeiro princípio ou lei da razão prática é: “o bom é para ser feito e buscado; o mal deve ser evitado”. Talvez aqui comecemos por entender que consciência e razão são emanações espirituais.

Também os preceitos da lei natural podem ser considerados objetos de sindérese na medida em que o bem esteja à frente de todas as coisas para as quais o ser humano tem inclinação. Entende-se que o ser humano nasce benévolo. O princípio sagrado é ser benévolo. Torna-se corrompido pelo meio.

Sindérese também é tomada como capacidade não só de apreender os primeiros princípios, mas também para julgar cada passo do discurso prático à luz desses princípios. Nada escapa inerte, imune; tudo é anotado.

Mas, como uma disposição intelectual relacionada com o conhecimento dos primeiros princípios de ação, sindérese, fornece apenas a premissa universal do silogismo prático? Toda a ação humana é singular, contingente e tem lugar em circunstâncias particulares. Para completar o discurso prático e chegar a uma conclusão sobre o que tem de ser feito aqui e agora, outras capacidades são necessárias além da sindérese para, realmente, dar ação a outras faculdades além da razão. É por que toda a imagem relativa à ação humana inclui poderes, disposições e atos como o desejo (questão instintiva), a consciência (questão espiritual que não deixa de ser cultural), a vontade (questão psíquica), cada um dos quais a ser esmiuçado aqui no blog em futuro próximo.

A origem da noção de sindérese como aqui apresentada pode ser rastreada, também, por um lado, nos Comentários sobre Ezequiel, por São Jerônimo, onde syntéresin é mencionada entre os poderes da alma e descrita como centelha da consciência (e esta como a mente do espírito). Também aparece citada por Alberto Magno e Tomás de Aquino à luz da psicologia e das teses aristotélicas como ética. Veja que agora se abre outro viés para estudos da consciência. Uma interpretação alternativa de sindérese foi proposta por Boaventura de Souza Santos, que a considerou como a inclinação natural da vontade para o bem moral.

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terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

996-Estudos sobre a Consciência


Introdução ou como se entende a consciência

Consciência não goza de um único conceito. Temos dela, pelo menos, três. No primeiro deles, o termo está associado ao que popularmente chamamos de ter consciência de algo, ecologia, cidadania, divindade, dever, direitos...

O segundo, em sentido lato, seria a consciência moral. Significa a capacidade do espírito humano para conhecer os valores, os preceitos e as leis morais (synderesis ou sidérese); em sentido mais restrito, designa a aplicação destas aquisições à ação própria imediata. E aquela instância interior, que notifica ao homem, de maneira inteiramente pessoal e forçosamente perceptível, o que ele deve fazer ou omitir, que emite seu juízo antes da ação como voz avisadora, proibitória, preceptiva ou permissória, e como força laudatória ou condenatória (remorso), uma vez cumprida a ação. Testemunho impressionante do poder da consciência é o arrependimento moral, pelo qual o homem detesta, com pesar, sua má ação, e que não raro o impele a confessar externamente sua culpa. A origem da consciência reside na aptidão do homem, como pessoa e imagem de Deus, para realizar valores morais, bem como na capacidade para conhecê-los e aplicá-los à situação pessoal, individual. De suma importância é, naturalmente, para o incremento dos demais aspectos da vida do espírito, como, no domínio ético, a instrução, a educação e a direção, mediante a autoridade e a comunidade. Podemos distinguir uma consciência antecedente (espiritual) e uma conseqüente (cultural e ética) e, além disso, uma consciência verdadeira e uma errônea que, na prática seriam as mesmas já mencionadas. A primeira pode ser invencível, e, por conseguinte, isenta de culpa, e a segunda, vencível e, por conseguinte, culpável. Entre a consciência laxa ou embotada ou subconsciente e a consciência angustiosa ou escrupulosa ou consciente encontra-se a consciência delicada, finamente formada, como veremos adiante, com mais detalhes.

Ao que podemos filosofar, tudo cabe num mesmo arquivo e este, certamente, será o arquivo espiritual, de muito longo prazo, eterno se quisermos, pois não é nenhum segredo que este blog trabalha sob a ótica de que o ser humano é, em essência, um espírito em trânsito pelo corpo e mais, não passa pelo corpo uma só vez.

Não podemos, porém, tomar as coisas pelo caminho mais curto, eis que o leitor precisa ser devidamente instrumentado para discernir, papel que é fundamental do blog. 

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segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

995-A Revolução de Jung em Busca do Espírito


e. Um novo Jung, maduro e firme

Mas, mesmo não tendo podido publicar tudo o que sabia sobre a dimensão espiritual, Jung disse muito.

Quem já teve contato com o mundo espiritual sabe o quanto este processo se acelera a partir do momento em que o “iniciado” se assume. E Jung, agora, era um iniciado, perdera o medo, encarava o processo com naturalidade. Entre os anos de 1918-19 começou a sair da escuridão em que se achava movido por dois fatores: por um lado, distanciou-se da voz feminina que queria convencê-lo que suas fantasias eram de valor artístico e por outro, começou a compreender as mandalas que desenhava praticamente em estado de êxtase. Todos os dias desenhava pequenas figuras circulares através das quais observava suas transformações psíquicas. Considerava-as a totalidade do "Self". À medida que as desenhava expunha-se à finalidade desta atividade, mas sabia que não podia compreender o significado a priori, a não ser através do processo em si. Dava-se conta que o desenvolvimento da psique não era um processo linear, mas circular, que "tudo tende para o centro". Esta certeza lhe permitiu encontrar paz interior e estabilidade. Era como se ele mesmo estivesse encontrando seu próprio centro. O leitor espírita precisa distinguir como espiritual aquilo que, por razões acadêmicas, Jung ainda chamava de psíquico.

Em 1927, ele teve um sonho que confirmava esta idéia. Representou-o através de uma mandala que titulou "Janela para a Eternidade". No sonho, Jung se encontrava em uma cidade de forma circular, em um ambiente nublado e escuro, em companhia de alguns suíços. Apesar deste ambiente opaco, no centro da cidade havia um lugar com uma pequena ilha no centro, onde se achava uma árvore de magnólias, que tinha luz própria. Só Jung tinha notado esta presença de luminosidade, e então compreendeu que essa era a meta. A respeito deste sonho Jung afirma "O centro é a meta e tudo se dirige para o centro. Graças a este sonho compreendi que o "Self" é o princípio e o arquétipo da orientação e do significado... reconhecê-lo para mim quis dizer ter a intuição inicial de meu próprio mito”.

Tempo para um resgate: Jung já havia sonhado com duas figuras bíblicas, a de Elias e de Salomé, acompanhadas por uma serpente negra - que afirmava pertencerem à eternidade. Jung interpretou-as como a personificação de Logos e Eros. Agora, ele via, em sonho, “a árvore da sabedoria”, descrita na Gênese. Os sonhos buscam associações para que sua interpretação se torne coerente. E parece que Jung foi competente.

Sem esta imagem ele teria perdido a orientação e abandonado o caminho que tinha iniciado. Depois de tanta escuridão tal imagem devia conceber-se como um "ato de graça", como a manifestação do numinoso, isto é, uma confortadora revelação do Sagrado.

No ano seguinte desenhou outra mandala que tinha um castelo de ouro no centro. A forma e as cores lhe sugeriam um estilo chinês. De maneira sincrônica, Richard Wilhelm – o alemão que deu início às explorações acadêmicas ocidentais sobre sabedoria espiritual chinesa, o I Ching – lhe enviava uma carta com um manuscrito de um tratado de alquimia taoísta intitulado "O mistério da flor de ouro". Esta coincidência ajudou Jung sair de sua solidão, já que lhe dava a esperança que existiam pessoas com as quais podia ter afinidade e compartilhar suas idéias.

Para Jung, estes foram os anos mais importantes de sua vida: sem cortar os laços com sua realidade de homem comum e apesar da solidão, correu o risco de inundar-se em sua própria escuridão tratando de lhe encontrar um significado e uma finalidade a tudo aquilo que experimentava. Assumiu a responsabilidade de analisar e compreender o material que o inconsciente lhe proporcionava e foi em busca de seu próprio mito.

Muito do que Jung vivenciou, estudou e escreveu enriquece o conhecimento psicológico principalmente do conhecimento europeu, cuja tradição religiosa se voltou contra Kardec a ponto de obscurecê-lo naquele continente. Não foi fácil a Freud também. Jung trazia um jeito espírita de lidar com a Psicologia. E a própria Psicologia, que se proclama ciência de estudos da mente, da alma, do logos, a partir de Jung teve também de aceitar que a alma tem outras ligações noutras direções que a ciência dos homens tem de admitir como campos de estudos. 

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domingo, 24 de fevereiro de 2013

994-A Revolução de Jung em Busca do Espírito


d. Jung premido pelo dever e pela ética

Aos leitores deste blog com algum conhecimento sobre o Sagrado através da Cultura, já perceberam que o velho e querido Jung passou muitos anos de sua vida envolvido com algo entre xamanismo e espiritismo, mas a escola onde estudara e onde lecionara jamais admitiriam tais conteúdos. Ele, porém, já tinha absoluta certeza do que se passava com ele e suas experiências. Esta foi uma árdua tarefa de sua vida, já que sentia uma responsabilidade moral perante a comunidade acadêmica. Afirmava que o homem não pode limitar-se a ver surgir as imagens e surpreender-se ante elas, deve compreendê-las porque de outro modo está condenado a viver de forma incompleta. "É grande a responsabilidade humana ante as imagens do inconsciente", são palavras suas.

Sentia uma vontade louca de abrir para o mundo tudo o que descobrira, mas o mundo científico não o compreenderia, como já havia acontecido com outros.

Em 1916 Jung experimenta uma nova visão: sua alma voava fora dele, o que interpretou como a possibilidade de conectar-se com o mundo dos mortos, dos antepassados ou do inconsciente coletivo. Pouco depois desta visão percebia a presença de espíritos que habitavam sua casa – também seus filhos os percebiam –, até que uma tarde os espíritos tocaram o timbre gritando "Retornamos de Jerusalém, onde não encontramos aquilo que procurávamos". Jung então escreve durante três noites os "Sete Sermões aos Mortos" e posteriormente os espíritos desapareceram. Afirma que esta experiência devia ser tomada pelo que foi: a manifestação externa de um estado emotivo favorável à aparição de fenômenos parapsicológicos. A evasão de sua alma o tinha conectado com os espíritos. Estes escritos, que são diálogos com os mortos, Jung os considera uma preparação daquilo que devia comunicar ao mundo sobre o inconsciente e seus conteúdos. Para escrever os “Sete Sermões” usou praticamente tudo que ditava o espírito Basilides, que se anunciava ter vivido em Alexandria.

Neste período Jung se encontra frente a uma encruzilhada: ou seguir aquilo que lhe ditava seu mundo interno, ou continuar com sua profissão acadêmica. Considerava que não podia seguir ensinando aos estudantes quando em seu interior havia só dúvidas, dúvidas do ponto de vista acadêmico, apenas. Decide então deixar seu posto como docente na Universidade porque "sentia que estava ocorrendo algo grandioso", e ele precisava descobri-lo ou entendê-lo antes de poder compartilhá-lo publicamente. Como conseqüência desta decisão, inicia um período de solidão já que não pode compartilhar seus pensamentos com outros colegas: não o teriam compreendido. Nem sequer ele conseguia entender as contradições entre seu mundo interno e o externo. Para aumentar ainda mais o suplício das dúvidas, Jung tinha como pano de fundo de sua cultura a velha tradição religiosa européia, resultado do confronto de Calvino e Lutero com o Vaticano. Seus colegas e contemporâneos da Psicologia também provinham da mesma escola tradicional ou eram agnósticos. Ele balançava entre declarar-se um estudioso do mundo espiritual e manter a estreitas fronteiras traçadas pela academia. Só quando pudesse demonstrar que os conteúdos psíquicos eram reais e coletivos, pensava ele, era o momento de comunicar sua nova visão sobre a psique. Não teve todo o tempo que desejava. Antes de escancarar sua nova ciência, foi arrebatado desta dimensão.

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sábado, 23 de fevereiro de 2013

993-A Revolução de Jung em Busca do Espírito


c. Enfim, Jung se faz médium
 

Se olharmos para seu achado à beira do lago, relatado no capítulo antecedente, iremos compreender que algo transcendental estava a caminho para Jung. Até que no outono de 1913, o sentimento de opressão interna parecia cobrar vida exterior através de feitos concretos. Começaram a se apresentar visões repetitivas que profetizavam uma grande catástrofe de tipo coletivo onde preponderavam conteúdos de morte e acontecimentos de sangue, enquanto que uma voz interna lhe assegurava que tudo o que percebia era certo. Jung não conseguia explicar estas visões e chegou a pensar que estava psicótico. As visões duraram quase um ano, com intervalos de meses entre umas e outras; todas aludiam ao mesmo conteúdo.

Em agosto de 1914 começou a primeira guerra mundial. Nesse momento Jung compreendeu que existia uma conexão entre sua experiência pessoal e a coletiva, por isso sentiu a necessidade de explorar a fundo sua própria psique e começou a anotar todas as fantasias que lhe chegavam nos seus momentos de jogo e construção, quando dava liberdade à sua criatividade.

Começa um período no qual era invadido por toda classe de fantasias e imagens. Afirmava sentir-se indefeso ante este mundo difícil e incompreensível. Mais de uma vez intuía a necessidade de amparo, convencido de ter que obedecer a uma "vontade superior". Recorria a exercícios de ioga para dominar suas emoções e encontrar calma para assim inundar-se de novo em seu enfrentamento com o inconsciente.

(Onde Jung achava estar o inconsciente, os espíritas localizam o espírito).

Traduzia suas emoções em imagens, em um intento para entendê-las e não ser possuído por elas. Esta vivência lhe serve de ferramenta para o processo terapêutico, quer dizer: não ficar na emoção e sim chegar às imagens subjacentes e daí à prática.

Jung concebia este encontro com o inconsciente (espírito) como um experimento científico sobre si mesmo, onde as maiores dificuldades radicavam no domínio de seus sentimentos negativos assim como na incompreensão do material que surgia de sua psique, o que lhe produzia resistência, oposição e temor. (Bem como foi narrado daquilo que se aprendeu com via xamanismo) Temia perder o controle e ser possuído pelos conteúdos do inconsciente, mas ao mesmo tempo sabia que não podia pretender que seus pacientes fizessem aquilo que ele não podia fazer consigo mesmo.

Apesar de considerar uma experiência penosa submeter-se a isto, sentia que o destino o exigia. Obtinha forças para enfrentar-se nesta luta na idéia que não era só por seu bem, mas sim pelo bem de seus pacientes. Por outro lado, a família e a atividade profissional foram ingredientes indispensáveis para ajudar Jung em todo este processo. Ambas lhe recordavam que era um homem comum. O mundo real e cotidiano complementava seu estranho mundo interior e representava a garantia de sua normalidade. Jung afirma que isto marcou a diferença entre ele e Nietzsche (outro ateu), que tinha perdido o contato com a realidade e vivia submerso em seu mundo interno caótico.

Surgiram então duas imagens importantes. A primeira aludia à transformação, morte e renascimento, enquanto que a segunda sugeria que devia deixar de identificar-se com o herói, aniquilar sua atitude consciente e apartar a vontade. Quer dizer, abandonar as demandas do Ego para poder acessar à consciência transpessoal.

Em outra imagem encontrava duas figuras bíblicas: Elias e Salomé - acompanhadas por uma serpente negra - que afirmava pertencerem à eternidade. Jung interpretou estas figuras como a personificação de Logos e Eros. Entretanto sentia que esta era uma explicação muito intelectual pelo que preferiu pensar que eram a manifestação de processos profundos do inconsciente. Faltava ao médium Jung aceitar que suas relações mais ricas estavam acontecendo no mundo dos espíritos. E que a serpente nada mais era que o símbolo do conhecimento.

Posteriormente apareceria em sonho outra figura chamada por Jung de "Filemón". Era um velho com chifres e asas de Martim pescador, que levava consigo 4 chaves. Com ele, Jung conversava e Filemón lhe dizia coisas que lhe eram desconhecidas. Ensinou-lhe a "objetividade psíquica", o que ajudou Jung a distinguir entre si mesmo e os objetos de seus pensamentos. Para Jung esta imagem representava uma inteligência superior, um guru espiritual, que lhe comunicava pensamentos iluminados. Mais tarde surgiu a imagem de "Ka" que representava uma espécie de demônio da terra, um espírito da natureza, que em certa medida complementava a figura de Filemón.

Isso tudo estava se encaminhando para um produto mais profundo que chegou para Jung, a figura de Abraxas – o monstro que pode virar anjo. Falaremos dele adiante.

Enquanto Jung anotava suas fantasias, perguntava-se o que era, em realidade, o que estava fazendo, já que, no seu pensar, não se tratava de ciência. Uma voz feminina que provinha de seu interior – que Jung associava com a voz de uma de suas pacientes falecidas - respondeu-lhe que "era arte". Hoje se diz tratar-se de ciência e arte dos iniciados que falam com a espiritualidade. Jung se opunha pensar que fosse arte, entretanto deixou fluir esta "mulher interior", embora se sentisse assustado ante esta presença desconhecida. Chamou-a "anima", referindo-se à figura interna feminina arquetípica do homem, enquanto que o "animus" representava a figura masculina. Descreveu os aspectos negativos da "anima" como sedução, astúcia e ambigüidade, mas com a qualidade de ser a mediadora entre a consciência e o inconsciente. Jung afirma que durante anos serviu-se de sua "anima" para acessar aos conteúdos de seu inconsciente, enquanto que em sua velhice já não recorria a ela porque conseguia captar estes conteúdos de forma direta.

Através de sua "anima", Jung conseguia estabelecer um diálogo com o inconsciente, acessar aos conteúdos do mesmo e diminuir a autonomia que exercia sobre sua pessoa. O poder que tinha as imagens voltou menos violento. Já não havia um salto do inconsciente para a consciência, mas sim estabelecia um intercâmbio dinâmico criativo.

Estas fantasias, Jung as escreveu no "Livro Negro" e posteriormente no "Livro Vermelho", no qual se encontram suas mandalas e as ilustrações realizadas por ele mesmo. Entretanto sentia que não conseguia pôr em palavras aquilo que experimentava, por isso preferiu dedicar-se em profundidade à compreensão das imagens para assim tirar conclusões concretas das mensagens que o inconsciente lhe sugeria.

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sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

992-A Revolução de Jung em Busca do Espírito


b. Da teoria para a vivência

Depois da ruptura com Freud (que, como explicamos, era ateu), para Jung começou um período de confusão; dava-se conta de que não possuía um marco de referência teórica no qual apoiar-se, por isso assumiu uma atitude de tipo "vivencial". É isso mesmo. A novíssima disciplina para-médica chamada Psicologia, tinha nada em mãos para lidar com o Sagrado, ou Alma Humana, pois as ciências se proclamavam laicas, agnósticas, atéias e estavam longe de admitir a existência, por exemplo, do Espírito ou do próprio Deus.
Jung trabalhava com seus pacientes sem seguir regras preestabelecidas e tratava de ajudá-los a entender as imagens oníricas que estas lhe proporcionavam através da intuição e de seu próprio trabalho pessoal de introspecção. Muito tenuemente se percebe que aqui também se inclui a mediunidade. Jung sentia que podia obter ajuda da mitologia para acessar ao mundo do inconsciente, entretanto esta não lhe oferecia maiores respostas já que ele próprio ainda não tinha conseguido decifrar seu próprio mito.
Em um sonho de 1912, Jung entra em contato com imagens relacionadas com mortos e com a lenda alquímica de Hermes Trismegistro. Tenta dar significado ao sonho, mas se dá por vencido pensando que o melhor a fazer é "continuar vivendo aquilo", tratando de prestar atenção às fantasias e imagens que se apresentavam.
Outro sonho em que apareciam tumbas de mortos que voltavam para a vida à medida que Jung os observava, sugeria-lhe a existência de rostos arcaicos inconscientes que cobram vida através da psique; este conteúdo lhe serve posteriormente para formular sua teoria sobre os arquétipos e lhe dão noções de reencarnação.
Todo este material simbólico contribuído pelos sonhos, Jung não conseguia compreendê-lo nem vencer assim o estado de desorientação. Sentia uma grande opressão interna e chegou a pensar que sofria algum tipo de transtorno psíquico. Através de uma revisão dos acontecimentos concretos de sua vida tentou encontrar alguma explicação para a sua confusão, mas sendo este caminho também infrutífero, decidiu entregar-se por completo ao mundo do inconsciente.
O primeiro episódio que recordou foi um de sua infância quando estava acostumado construir casas e castelos (de brinquedo) com pedra e lama. Esta lembrança serviu de conector com sua parte mais genuína e criativa, por isso decidiu reviver esse momento retomando esta atividade de "construção". Começou a criar um sítio no qual colocou uma igreja, mas notou que resistia a colocar o altar. Um dia, caminhando perto do lago, encontrou uma pequena pedra piramidal de cor vermelha, e ao vê-la, compreendeu que devia tratar-se do altar. No momento que a colocou em seu sítio, voltou para sua mente a lembrança do falo subterrâneo que tinha sonhado (quando menino), e sentiu um grande alívio. Parecia que o inconsciente o estava guiando à compreensão daquelas coisas que no passado não tinham tido resposta.
À medida que realizava esta atividade de construção, sentia que seus pensamentos se esclareciam e que se encontrava no caminho adequado para descobrir seu próprio mito. Desde este momento, Jung afirma que ao longo de sua vida, nos momentos de escuridão, recorria à criatividade como uma porta de entrada aos pensamentos e idéias que queria desenvolver.

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quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

991-A Revolução de Jung em Busca do Espírito


Um psicólogo bastante espiritualista

Se o leitor não tem muitas informações sobre Jung, o título da postagem de hoje serve uma tentativa de definir Carl Gustav Jung, suíço, que viveu entre nós de 1875 a 1961 e foi contemporâneo de Freud. Encarregou-se de melhorar muito o trabalho de Freud, de quem foi discípulo. E precisamos compreender esse homem, filho da cultura europeia, contaminada por duas correntes básicas de fé, a católica e a protestante e tendo como mestre um ateu famoso, que foi Freud. Andou muito Jung, tendo em vista a conjuntura que, acrescente-se, tinha na Universidade o terceiro pilar do tripé. Jung precisou afastar-se da Universidade e do público cliente para dedicar-se às suas pesquisas. Foi quando demonstrou competência mediúnica e pendores xamânicos. Todos os estudiosos da Psicologia irão encontrar Jung em sua trajetória. Uns o acharão muito espiritual e se agarrarão a ele em busca de explicações científicas para a alma. Outros se afastarão dele por achar que a alma não deve ser estudada.

A série que agora começa, apresentará Jung por ângulos de uma visão desconhecida da maioria dos seus leitores.

a. Superstições ou Coisa Séria?

O homem em sua necessidade constante de progresso e avanço tecnológico, com o passar do tempo, foi pouco a pouco desprezando a forma de pensamento simbólico e mítico, considerando-o como mera fantasia dos povos primitivos e antigos, assim como, se diz, contraproducentes à sua e nossa evolução.

As culturas dos povos antigos (Babilônios, Egípcios, Maias, entre outros) desenvolveram um complexo sistema de pensamento abstrato/sagrado, sendo a Kabalah, a Alquimia, a Astrologia e o Tarot, manifestações que chegaram até nós, mas que ainda são consideradas pelos profanos puras superstições. Tem-se como provável que as versões desses métodos sagrados não chegaram até nós na sua integridade, mas sim bastante alterados, do mesmo modo que os textos sagrados também o foram.

Este conhecimento universal se expressa fundamentalmente através de símbolos que os iniciados são obrigados a dominar já que as imagens míticas outorgam a possibilidade de um atalho para a conexão com o sagrado e com a memória da natureza, o que resulta totalmente inacessível por meio do pensamento lógico.

Dentro da história da Psicologia, foi C. G. Jung quem recuperou estes conhecimentos herméticos e traduzindo-os para uma linguagem psicológica; conseguiu introduzi-los na cultura ocidental moderna, revalorizando-os. Sua missão se encaminhou por compreender as manifestações do inconsciente: sonhos, fantasias, visões, alucinações, que aparecendo de forma aparentemente confusa, desconexa e caótica deviam encerrar um significado e um sentido.

É por isso que, ante as imagens que proporciona do mundo obscuro, segundo Jung, se pode tomar duas atitudes básicas: deixá-las passar lentamente – o que significa que pouco a pouco seguirão apresentando-se cada vez com maior força e até sob forma de sintoma físico – ou assumir o compromisso de trabalhar o material apresentado e tentar dar-lhe um sentido e um significado pessoal para integrá-lo à consciência. Esta segunda foi a opção de Jung, que, a partir de sua própria experiência arquetípica teceu sua teoria, amplificando-a através dos anos, enquanto percorria e vivia seu mito pessoal. Sem sabê-lo, Jung era guiado por forças invisíveis a cumprir um rol xamânico.

Entenda o mundo estudado por Jung: nas tribos animistas, o sacerdote, chamado Chamán era quem possuía a chave para penetrar no mundo dos espíritos e assim ser mediador entre a vontade dos deuses e dos homens. Sua competência de historiador, curador, sábio, conselheiro e chefe espiritual, não lhe era outorgada ao acaso. O candidato a Chamán era identificado por determinados sinais que ia mostrando ao longo de sua infância e puberdade, que consistiam em sintomas físicos e psíquicos particulares: isolamento, convulsões, visões terroríficas, enfermidades físicas desconhecidas, linguagem incoerente, etc. Por volta dos 15 anos, isolava-se o candidato em uma gruta e o submetia a uma rigorosa iniciação, a qual consistia em submetê-lo a provas que implicavam a confrontação com o mundo dos espíritos elementares da natureza. Nesta luta cruenta se o candidato saía vitorioso, os elementares o serviam como aliados e intermediários com outros espíritos dotando-o de poderes tipo curador do físico e da alma; tipo dom para interpretar sonhos; tipo capacidade para viajar no tempo e no espaço em busca de registros; tipo magia para adotar formas animais diversas; e ainda, o tipo conhecedor de ervas curativas. Se o iniciado fracassava na prova, seria vencido por estas mesmas forças sob a forma de morte ou enfermidade, loucura e sofrimento constante. Ressalte-se que este mesmo resultado era a consequência do ato de rechaçar a experiência iniciática por temor.

(Abro aqui este parêntese para convidar o leitor a rivalizar esta narrativa com dois episódios encontrados na Bíblia: a luta de Jacó contra Deus – é isso que lá está – e os 40 dias e 40 noites de jejum e tentações a que se submeteu Jesus no deserto. Ainda voltaremos a isso mais adiante).

Em sua autobiografia Mémórias, Sonhos e Reflexões, Jung descreve esta mesma experiência através da qual ele próprio entra em contato com os conteúdos de seus sonhos e visões, a escuridão e riqueza de sua psique e o enfrentamento com suas dúvidas e temores, devido às imagens que o inconsciente lhe proporcionou durante os anos 1912-1920. Foram para Jung "a matéria prima de um trabalho que durou toda a vida". Precisava achar a resposta às inquietações que as teorias e os dogmas não tinham podido lhe oferecer. Venha conosco nesta jornada que está só começando.

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quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

990-Desenvolvimento de Uma Cultura de Interação


f.Agir como aliado da Natureza

De volta à proposta: a maior mudança, em mim, terá que ser cultural. Eu terei de fazer as coisas não porque alguém me compele a isso, mas porque eu decido que tem de ser assim. Na estrada, eu não serei cuidadoso apenas porque o radar está me vigiando; eu serei cuidadoso porque me amo e quero respeitar a vida que desfruto. Os outros não precisam mais ensinar-me, estimular-me, cobrar de mim atitudes A ou B. Serei um agente da vida a serviço da vida, onde quer que esteja. Poderão chamar-me de babaca, de louco, de tolo ou esquizofrênico. Não importa o que os outros pensam de mim, importa o que eu penso que sou. Em defesa da vida que vive em mim e em meu redor, serei um autêntico mosqueteiro, aliado aos tantos outros mosqueteiros que estão por aí a espera de aliados.

A vida que vive em mim será preservada, acarinhada, respeitada, engrandecida. Este santuário onde se abriga temporariamente o espírito que sou, será por mim defendida, protegida, respeitada, engrandecida. Onde eu estiver, ninguém agredirá a vida sem o meu protesto e a minha proposta de mudança e cura.

É isso! Quero ser um curador. Um curador em plena ação terapêutica.

Isso inclui o lixo, que não será jogado sobre a face da Grande Mãe Natureza como sujeira infecciosa. Quero aliar-se aos mosqueteiros para oferecer aos diferentes lixos um destino adequado.

Sei que, no início, poderei estar um tanto só nesta postura, mas irei procurar os meus amigos e aliados para, juntos, sermos mais fortes, mais sábios, mais vivos (não no sentido dessa vivacidade cafajeste que infesta a sociedade), mas no sentido de estar pouco a pouco mais distante da morte.

Eu sei, todos nós sabemos: quantas vezes, em vários ambientes, após dar início a uma conversa com este foco, sempre encontramos inúmeras outras pessoas pensando parecido, querendo fazer parecido, procurando ajuda e aliados. E, muitas vezes, desistindo por falta de reforço.

É com esta proposta que as minhas ideias serão exteriorizadas. Conto certo com a hipótese de aliados, atraídos pelo chamamento da vida, fora da lista de traidores de sei mesmos e migrados da lista de distraídos para a lista de atraídos. É com esses que quero contar.

Passarei a ser um contribuinte para que mídia faça matérias encaminhando proposituras de soluções para a galopante carreira destruidora do ser humano e da natureza.

Onde houver uma associação de cidadãos com foco na organização em prol da vida passarei a somar. Não como eco-chato. Meu segundo nome, agora, é eco-curador.

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terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

989-Desenvolvimento de uma Cultura de Interação


e.Treinar a aliança com a Natureza

A experiência vivencial que ofereço a seguir visando o melhor encaminhamento desta proposta cultural, na verdade, deveria ser lida em voz alta, pausadamente, e gravada. O gravador deve ser levado pelo interessado para um ambiente de floresta ou praia deserta, onde cada um trabalhará o aguçar dos seus sentidos, ficar descalço, sentar-se ou deitar-se o mais confortavelmente possível, fechar os olhos, como disse, aguçar a percepção e colocar para rodar a gravação que dirá:
“Percebo como é firme e carinhosa a Terra que está sob meus pés.
Sinto suas emanações magnéticas, sua segurança, seu abrigo, sua acolhida. Esvazio lentamente os pulmões, retirando deles e do diafragma todo o ar que ali está. Inspiro devagar sentindo o frescor, o carinho e a energia do oxigênio oferecido por este ambiente. Percebo o ar puro que emana deste ambiente, acarinhando meu rosto, minhas orelhas, meus lábios, num terno beijo de amor e respeito. Aquele filete de água vertendo do ventre da terra, não é uma lágrima. Nem as gotas de chuva podem ser entendidas como lágrimas. São oferendas. Como também a brisa e os raios solares são oferendas. O planeta e sua natureza oferecem-me ar puro, água pura, energia limpa, nutrientes íntegros, néctares, remédios, fibras, clorofila e todos os demais elementos... O planeta e sua natureza oferecem-me flores, frutos e perfumes... Oferecem-me revoadas de borboletas e de pássaros, que também cantam suas canções e seus hinos de louvor à vida... Vida esta na qual me incluo.
O planeta e sua natureza oferecem-me dançares e malabarismos de peixes, bailados de rica coreografia e profusão de cores... Tudo quanto aqui relato e descrevo, nada custa, não é preciso pedir, é só valorizar, é só agradecer, é só respeitar, é só entender e é só servir-se... Tudo isso é vida em profusão. Vida que também está em mim. Veio comigo desde a concepção.
Quero entender que faço parte dessa vida, desse show, dessa apoteose...
Quantas vezes o show me pertence, o bailado é meu, o canto é meu, ou deveria ser meu... E quantas vezes neguei fazer o show, tive vergonha de bailar, tive medo de cantar, endureci para a vida, emudeci para a melodia, ceguei para a beleza, deixei o viço murchar dentro de mim e caí tomado pela inanição ou pela dor... Agora, estou sendo chamado de volta!!! Ouço! Sinto! Compreendo! Escolho! Desabrocho! Desencanto! Venho integrar-me e entregar-me à vida sem reservas, sem negaças, sem medos, sem receios, com dignidade e com altivez!!! Entendo ser este o motivo pelo qual ganhei esta vida! Quero vivê-la! Venho entregar-me à mais importante experiência do ser humano!!! Integrar-me e interagir com a Grande Mãe Natureza para viver com ela uma Apoteose de Amor.
Quero encarar a vida como a maior dádiva e a maior conquista!!!
Quero aprender com a Natureza! Com o Sol, que não nega sua luz a ninguém!
Quero aprender com a Lua, que brilha na obscuridade, porém submete-se à luz principal!
Quero aprender com as águas, que nunca param e nunca negam caminho!
Quero aprender com os pássaros, que sempre têm uma canção para cantar!
E que não têm medo de abrir as asas perante o que aparenta ser um enorme vazio!
Quero aprender com os peixes, que dançam sempre em qualquer ritmo da vida!
Quero aprender com as flores, que se enamoram do Sol, mas são fiéis às suas raízes! E que oferecem sua beleza sem nada pedir em troca!
Quero aprender com as frutas, que são belas por fora e saborosas por dentro!
Quero aprender com as sementes, que concordam em morrer para gerar uma nova vida!
Ao conectar-me com o planeta, com a vida que está nele, quero pedir a Deus que proteja meus pais, que proteja todas aquelas pessoas que me ajudaram. Serei eternamente agradecido a eles e a elas.
Quero pedir perdão por qualquer coisa que tenha feito em seu desabono.
Quero, neste ato, também, perdoá-los irrestritamente por algo que tenham feito em meu desabono. Já esqueci.
E assim, conectado ao planeta e à vida, digo uma oração em ação de graças para o meu Deus...”

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segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

988-Desenvolvimento de uma Cultura de Interação


d.Unir e não fragmentar; incluir, não excluir
 

Nossa (majoritária) cultura de rapina nos conduz a explorar com sofreguidão os recursos disponíveis, à exaustão, até mesmo do nosso próprio corpo e por extensão, então, da natureza circundante. O modelo científico europeu, concebido por Bacon, manda extrair da natureza, mediante tortura, todos os seus segredos. E nós levamos isso tão a sério até mesmo com o santuário de nossa alma, o corpo. Mas, não estamos atrás dos segredos, como seus aliados, estamos atrás da rapina. Mentimos pra nós mesmos, traímos a nos mesmos, não medimos as consequências de nossos atos e só lembramos que a vida não nos pertence quando estamos a um fio de perdê-la por completo.

Enquanto todo o Universo nos ensina ciclos, trocas, interatividade e inclusão, trabalhamos a exclusão, a separação, e achamos que podemos buscar a salvação individual, coisa que jamais estará ao alcance de qualquer um. Somos um sistema e o sistema precisa ser salvo, isto é, melhorado. Fragmentados intimamente morremos doentes. Fragmentados no sistema vemos a nossa sociedade cair pelo abismo. E então nos agarramos naquela raiz exposta do paredão e achamos que estamos livres da queda. Não haverá salvação para ninguém enquanto a humanidade não encarar o processo de reverso do andor da carruagem.

Nossos fragmentos são ilhas íntimas, nós nos comportamos como ilhas do lado de fora. Esses fragmentos, segundo o psiquiatra Augusto Cury, são ilhas que se formam em nosso córtex cerebral a ameaçar nossa estabilidade emocional. Ainda segundo ele, é preciso ligar os fragmentos através de pontes capazes de conectar experiências distintas para promover aprendizado e maturidade.

Recomenda-se a cada leitor fazer um inventário descrevendo os fatos mais relevantes de sua existência para poder compreender que nem tudo é desespero, nem tudo é serenidade. Os ciclos nos alcançam com mais intensidade do que imaginamos. O medo e a tranquilidade estiveram presentes alternadamente construindo a beleza e a feiura, o júbilo e a decepção, o mar de rosas e o maremoto. O que seria de uma alma que passa por aqui apenas voando em céu de brigadeiro?

Se não ligamos os fatos de baixa maré com os de alta maré, somos levados a acreditar apenas num dos lados de nossa história e qualquer que seja ele isso não é bom.

É preciso tirar algumas horas para cuidar de nós, se não quem vai nos cuidar será o médico e a enfermeira, o psiquiatra e o coveiro. Abrir a caixa de lembranças para regozijo ou para lamentação e ir anotando o que foi bom e o que foi mau, é um exercício integrador de nosso capital espiritual. Nessas anotações que o blog e o psiquiatra recomendam, é bom estabelecer uma cronologia nesses fatos, inclusive para descobrir quais foram as fases em que tais eventos se desencadearam. Veja: novamente estão aqui os ciclos.

É muito importante entender o que foram conquistas choradas e prêmios até de certa forma inesperados; o que foram derrotas ou provas e que lições deixaram. É muito importante encontrar a fortaleza para o auto-perdão naquelas situações em que fomos perfeitos babacas com nossa própria vida. E também para entender quando fomos prejudicados por alguém e se realmente foi um prejuízo ou se a vida estava querendo mudar de ciclo. E olhar também para aqueles atos indignos que praticamos contra outras pessoas. Só olhar, não. Consertar, se possível. Essa conciliação entre eu comigo e de mim para com a vida circundante, quem sabe, seja a reconciliação entre o que entendemos por vitórias (que nos legam dignidade) e o que entendemos por derrotas (que nos impingem sensação de impotência e desespero) e, na verdade, tudo isso deveria se transformar em dignidade pela nossa postura de resistir, persistir, perseverar, transformar, apanhar e dar a volta por cima, surrar e não se ufanar. Disso virá o equilíbrio, o novo entendimento de que a vida é cíclica. Nem sempre haverá noite; nem sempre permanecerá o dia. Não há bem que sempre dure nem mal que nunca termine.

Se você acredita nesse esforço de mudança para melhor, sairemos aos poucos dessas operações capacitados a valorizar mais os bons momentos e fortalecidos a enfrentar com altivez os maus momentos.

Importa que, essa transição para uma nova postura, não seja algo passageiro, de um fim de semana, mas um processo a ser incorporado e revitalizado. É isso que o blog espera de todos.

 

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