quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

997-Estudos sobre a Consciência


Consciência e razão emanam do espírito?

Sindérese, na escolástica da filosofia moral, é a capacidade natural ou disposição (habitus) da razão prática para apreender intuitivamente os universais primeiros princípios da ação humana.

Razão é uma faculdade única, mas é chamada de maneira diferente de acordo com o fim que ela atribui à sua busca de verdade. Quando seu objetivo é a mera consideração (contemplação) da verdade, ela é chamada de razão especulativa; quando se considera a verdade na perspectiva da ação (práxis), é chamada de razão prática. Em ambos os casos a razão usa demonstração (silogismo) como sua ferramenta, que procede do entendimento de verdades já conhecidas (premissas) para a declaração de uma proposição (conclusão), cuja verdade procede necessariamente das premissas.

Como saber que esses conteúdos (e, consequentemente, a sua conclusão) são verdadeiros? Resposta: por serem eles próprios conclusões de manifestações anteriores.

Embora pudéssemos ter de volta esse processo de demonstração da verdade dos conteúdos, é certo também que uma regressão ad infinitum privaria a cadeia demonstrativa da certeza. Por isso, é necessário que o ponto de partida do raciocínio humano parta de algumas premissas imediatamente cognoscíveis, ou seja, auto-evidentes, proposições chamadas primeiros princípios, cuja verdade não é, de fato, não podem ser, captadas através da demonstração, mas apenas por intuição (nous).

O hábito ou disposição que permite a especulação ou motivo para intuitivamente apreender os princípios que presidem o raciocínio discursivo, é chamado de “compreensão dos princípios” (intellectus principiorum). O princípio da “não contradição”, da “identidade” e de “terceiro excluído”, os quais são, em última análise, com base na noção de “ser”, o primeiro que a nossa razão apreende absolutamente.

Sindérese é a capacidade ou disposição que permite que a razão prática apreenda intuitivamente os princípios ou leis que presidem o seu raciocínio discursivo sobre a ação humana. “Ser” é a primeira noção absolutamente apreendida.

“Boa” é a primeira coisa que é apreendida pela razão prática, uma vez que tudo que age o faz para um fim que possui a qualidade de bondade. É por isso que o primeiro princípio ou lei da razão prática é: “o bom é para ser feito e buscado; o mal deve ser evitado”. Talvez aqui comecemos por entender que consciência e razão são emanações espirituais.

Também os preceitos da lei natural podem ser considerados objetos de sindérese na medida em que o bem esteja à frente de todas as coisas para as quais o ser humano tem inclinação. Entende-se que o ser humano nasce benévolo. O princípio sagrado é ser benévolo. Torna-se corrompido pelo meio.

Sindérese também é tomada como capacidade não só de apreender os primeiros princípios, mas também para julgar cada passo do discurso prático à luz desses princípios. Nada escapa inerte, imune; tudo é anotado.

Mas, como uma disposição intelectual relacionada com o conhecimento dos primeiros princípios de ação, sindérese, fornece apenas a premissa universal do silogismo prático? Toda a ação humana é singular, contingente e tem lugar em circunstâncias particulares. Para completar o discurso prático e chegar a uma conclusão sobre o que tem de ser feito aqui e agora, outras capacidades são necessárias além da sindérese para, realmente, dar ação a outras faculdades além da razão. É por que toda a imagem relativa à ação humana inclui poderes, disposições e atos como o desejo (questão instintiva), a consciência (questão espiritual que não deixa de ser cultural), a vontade (questão psíquica), cada um dos quais a ser esmiuçado aqui no blog em futuro próximo.

A origem da noção de sindérese como aqui apresentada pode ser rastreada, também, por um lado, nos Comentários sobre Ezequiel, por São Jerônimo, onde syntéresin é mencionada entre os poderes da alma e descrita como centelha da consciência (e esta como a mente do espírito). Também aparece citada por Alberto Magno e Tomás de Aquino à luz da psicologia e das teses aristotélicas como ética. Veja que agora se abre outro viés para estudos da consciência. Uma interpretação alternativa de sindérese foi proposta por Boaventura de Souza Santos, que a considerou como a inclinação natural da vontade para o bem moral.

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