segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

988-Desenvolvimento de uma Cultura de Interação


d.Unir e não fragmentar; incluir, não excluir
 

Nossa (majoritária) cultura de rapina nos conduz a explorar com sofreguidão os recursos disponíveis, à exaustão, até mesmo do nosso próprio corpo e por extensão, então, da natureza circundante. O modelo científico europeu, concebido por Bacon, manda extrair da natureza, mediante tortura, todos os seus segredos. E nós levamos isso tão a sério até mesmo com o santuário de nossa alma, o corpo. Mas, não estamos atrás dos segredos, como seus aliados, estamos atrás da rapina. Mentimos pra nós mesmos, traímos a nos mesmos, não medimos as consequências de nossos atos e só lembramos que a vida não nos pertence quando estamos a um fio de perdê-la por completo.

Enquanto todo o Universo nos ensina ciclos, trocas, interatividade e inclusão, trabalhamos a exclusão, a separação, e achamos que podemos buscar a salvação individual, coisa que jamais estará ao alcance de qualquer um. Somos um sistema e o sistema precisa ser salvo, isto é, melhorado. Fragmentados intimamente morremos doentes. Fragmentados no sistema vemos a nossa sociedade cair pelo abismo. E então nos agarramos naquela raiz exposta do paredão e achamos que estamos livres da queda. Não haverá salvação para ninguém enquanto a humanidade não encarar o processo de reverso do andor da carruagem.

Nossos fragmentos são ilhas íntimas, nós nos comportamos como ilhas do lado de fora. Esses fragmentos, segundo o psiquiatra Augusto Cury, são ilhas que se formam em nosso córtex cerebral a ameaçar nossa estabilidade emocional. Ainda segundo ele, é preciso ligar os fragmentos através de pontes capazes de conectar experiências distintas para promover aprendizado e maturidade.

Recomenda-se a cada leitor fazer um inventário descrevendo os fatos mais relevantes de sua existência para poder compreender que nem tudo é desespero, nem tudo é serenidade. Os ciclos nos alcançam com mais intensidade do que imaginamos. O medo e a tranquilidade estiveram presentes alternadamente construindo a beleza e a feiura, o júbilo e a decepção, o mar de rosas e o maremoto. O que seria de uma alma que passa por aqui apenas voando em céu de brigadeiro?

Se não ligamos os fatos de baixa maré com os de alta maré, somos levados a acreditar apenas num dos lados de nossa história e qualquer que seja ele isso não é bom.

É preciso tirar algumas horas para cuidar de nós, se não quem vai nos cuidar será o médico e a enfermeira, o psiquiatra e o coveiro. Abrir a caixa de lembranças para regozijo ou para lamentação e ir anotando o que foi bom e o que foi mau, é um exercício integrador de nosso capital espiritual. Nessas anotações que o blog e o psiquiatra recomendam, é bom estabelecer uma cronologia nesses fatos, inclusive para descobrir quais foram as fases em que tais eventos se desencadearam. Veja: novamente estão aqui os ciclos.

É muito importante entender o que foram conquistas choradas e prêmios até de certa forma inesperados; o que foram derrotas ou provas e que lições deixaram. É muito importante encontrar a fortaleza para o auto-perdão naquelas situações em que fomos perfeitos babacas com nossa própria vida. E também para entender quando fomos prejudicados por alguém e se realmente foi um prejuízo ou se a vida estava querendo mudar de ciclo. E olhar também para aqueles atos indignos que praticamos contra outras pessoas. Só olhar, não. Consertar, se possível. Essa conciliação entre eu comigo e de mim para com a vida circundante, quem sabe, seja a reconciliação entre o que entendemos por vitórias (que nos legam dignidade) e o que entendemos por derrotas (que nos impingem sensação de impotência e desespero) e, na verdade, tudo isso deveria se transformar em dignidade pela nossa postura de resistir, persistir, perseverar, transformar, apanhar e dar a volta por cima, surrar e não se ufanar. Disso virá o equilíbrio, o novo entendimento de que a vida é cíclica. Nem sempre haverá noite; nem sempre permanecerá o dia. Não há bem que sempre dure nem mal que nunca termine.

Se você acredita nesse esforço de mudança para melhor, sairemos aos poucos dessas operações capacitados a valorizar mais os bons momentos e fortalecidos a enfrentar com altivez os maus momentos.

Importa que, essa transição para uma nova postura, não seja algo passageiro, de um fim de semana, mas um processo a ser incorporado e revitalizado. É isso que o blog espera de todos.

 

AVISO AOS FREQUENTADORES DESTE BLOG

 

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