c.Cadê os aliados da Natureza?
O
nosso pobre e equivocado sistema social trabalha da seguinte forma: alguns
setores interessados em explorar a natureza com fins lucrativos, sujam o
planeta, prejudicam a humanidade ou parcelas dela. Os grandes desastres
ecológicos provocados pelo mau uso da natureza são transformados em conta
pública, o governo interfere para reparar as conseqüências e o faz aplicando o
dinheiro que poderia estar sendo aplicado em educação, saúde, segurança,
transporte, etc.
Em
algumas situações é o desgoverno institucional o responsável pelos desastres
ecológicos. Exemplo: a ocupação irresponsável das encostas sem a necessária
orientação e fiscalização do poder público, acaba se transformando em tragédia
e em altas contas a serem pagas.
Somos
despreparados para ajudar a natureza – inclusive de nossa própria corporal – e
acabamos nos transformando em adversários delas.
Como
a mente humana é insignificante frente ao que chamamos de mente de Deus,
imagina só quem será, sempre, o perdedor?
Como
o ser humano pode chegar a ser aliado de Deus? – talvez seja uma pergunte
pertinente.
Como
resposta: descobrindo a maravilhosa postura de colaborador pelo aperfeiçoamento
da vida em todas as suas nuances.
Trata-se,
sem dúvida, de um processo natural, que pode demorar, mas ele está vindo.
Conto,
sempre, aos meus ouvintes quando falo sobre isso, parte da minha história
pessoal e a da história pessoal de meu filho.
Na
idade dos peraltas meninos das décadas de 1940 e 1950 saíamos meus amigos e eu
pelos campos e matas a caçar e pescar armados de estilingues (que chamávamos de
bodoques) e, via de regra, metíamos pedradas nos passarinhos. Não se tratava de
matar por matar, pois recolhíamos o produto de nossos abates para assar e
comer. Mas, éramos, sem dúvida alguma, matadores de passarinhos. Por essa
época, também, outra mortandade de passarinhos entrou em ação. Vieram as
lavouras mecanizadas de soja, trigo, milho e outros grãos e o combate ao que chamavam
de pragas, na verdade insetos, membros da natureza, era feito com pesadas
cargas de agrotóxicos. Os passarinhos que se serviam dos grãos dessas lavouras,
morriam em série. Quanto mais passarinhos morrendo, mais insetos vivendo.
Mas,
veja como se evolui. Meu filho, menino da década de 1970/80 comprava alpiste
nas lojas do ramo e oferecia aos passarinhos que nos visitavam na cidade.
Algumas
das situações difíceis pelas quais passamos, têm alguma coisa a ver com a
poluição dos rios e falta de pássaros. Refiro-me aos mosquitos da dengue e aos
borrachudos, que são, hoje, grandes inimigos da nossa insana sociedade.
Conto
também aos meus ouvintes a história do agricultor que se dirigiu a um senhor
idoso, tipo eremita, que vivia numas grotas afastadas, para se queixar do
ataque dos insetos à sua horta. O eremita ouviu calado, pensativo, e logo
disse-lhe:
—
Se o senhor não se incomoda com o que eu disser, eu lhe conto a verdade.
Ante
a afirmativa de que podia falar sem restrição, disse o eremita:
— O
senhor se lembra daqueles inúmeros tiros de espingarda disparados pelo senhor
contra as águias que visitavam as árvores de nossa região? Pois, ali, o senhor
estava chamando os insetos para sua horta.
—
Como assim, responde atônito, o agricultor?
— Sim,
sem as águias para comerem as cobras, as muitas cobras comeram todos os sapos.
Sem os sapos para comerem os insetos, os muitos insetos acabaram por procurar
comida na sua horta. E agora, o todo poderoso homem, tem como trazer de volta à
vida as águias? Os sapos? Não pode? Então tem ele que se contentar em combater
os insetos. E como faz ele? Mete venenos neles, venenos que acabam entrando na
corrente sanguínea dos homens e quem perde é a vida.
Como
aliado da vida, que queremos ser, jamais o homem irá atirar contra (ou destruir)
qualquer componente do equilíbrio da vida.
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