A consciência
sob o ponto de vista espiritual
(Advertência ao leitor: estamos
caminhando em busca do espírito onde se presume seja a sede da consciência)
O extraordinário Leon Denis, em “O Problema do
Ser, do Destino e da Dor”, no capítulo IV – A Personalidade Integral, que vem
em abono a esta série – também fala de consciência. Assim:
A consciência, o “eu”, é o centro do ser, a
própria essência da personalidade. Ser pessoa é ter uma consciência, um “eu”
que reflete, examina-se, recorda-se. Poder-se-á, porém, conhecer, analisar e
descrever o “eu”, os seus misteriosos recônditos, as suas forças latentes, os
seus germens fecundos, as suas atividades silenciosas? As psicologias, as
filosofias do passado debalde o tentaram encontrar. Os seus trabalhos não
fizeram mais do que tocar de leve a superfície do ser consciente. As camadas
internas e profundas continuaram obscuras, inacessíveis, até ao dia em que as
experiências do Hipnotismo, do Espiritismo, da renovação da memória aí
projetaram, afinal, alguma luz.
Então
se pôde ver que em nós se reflete, se repercute todo o universo na sua dupla
imensidade, de espaço e de tempo. Dizemos de
espaço, porque a alma, nas suas manifestações livres e plenas, não conhece
as distâncias. Dizemos de tempo,
porque um passado inteiro dorme nela ao lado do futuro que aí jaz no estado de
embrião.
As
escolas antigas admitiam a unidade e a continuidade do “eu”, a permanência, a
identidade perfeita da personalidade humana e a sua sobrevivência. Os seus
estudos basearam-se no sentir íntimo, no que em nossos dias se chama introspecção.
A nova psicologia experimental considera a
personalidade como um agregado, um composto, uma “colônia”. Para a psicologia
experimental ela é apenas a aparente unidade do ser, que pode decompor-se. O
“eu” é uma coordenação passageira, disse Th. Ribot, em Les
Maladies de la Personnalité ,
páginas 170 e 172. Essas afirmações baseiam-se em fatos de experiência, que não
se podem deixar de lado, tais como vida intelectual inconsciente, alterações da
personalidade, correlação entre as doenças da memória e as lesões do cérebro,
etc.
Como aproximar e conciliar teorias tão
dessemelhantes e, contudo, baseadas, ambas, na ciência de observação? De
maneira simples. Pela própria observação, mais atenta, mais rigorosa. Myers
disse-o (em La Personnalité Humaine , pág.
19 – obra que representa o mais grandioso esforço tentado pelo pensamento para
resolver os problemas do ser) por estes termos:
“Uma
investigação mais profunda, mais audaz, exatamente na direção que os psicólogos
(materialistas) preconizam, mostra que eles se enganaram afirmando que a
análise não provava a existência de nenhuma faculdade acima das conhecidas na
vida terrestre, assim como eles a concebem, é capaz de produzir e o meio terrestre
de utilizar. Porque, na realidade, a análise revela os vestígios de uma
faculdade que a vida material ou planetária nunca poderia ter gerado e cujas
manifestações implicam e fazem necessariamente supor a existência de um mundo
espiritual. Por outro lado, e em favor dos partidários da unidade do “eu”,
pode-se dizer que os dados novos são de natureza a fornecer às suas pretensões
uma base muito mais sólida e uma prova presuntiva que se avantaja em força a
todas as que eles poderiam ter imaginado, a prova, especialmente, de que o “eu”
pode sobreviver, e sobrevive realmente, não só às desintegrações secundárias,
que o afetam no curso da sua vida terrestre, mas também à desintegração
derradeira que resulta da morte corporal.
Muito
falta ao “eu” consciente de cada um de nós para poder compreender a totalidade
da nossa consciência e das nossas faculdades. Existem uma consciência mais
vasta e faculdades mais profundas, cuja maior parte se conserva virtual em
relação à vida terrestre, das quais se desprenderam, por via de seleção, a
consciência e as faculdades da vida terrestre; tais, consciência mais alta e
faculdades mais profundas, de novo se afirmam em toda a plenitude depois da
morte.
Há
cerca de catorze anos tenho sido levado lentamente a essa conclusão, que revelou
para mim a sua forma atual, em conseqüência de uma longa série de reflexões
baseadas em provas, cujo número ia aumentando progressivamente. Em certos casos
vê-se aparecer em nós um ser muito diferente do ser normal, possuindo não só
conhecimentos e aptidões mais extensas que as da personalidade comum, mas, além
disso, dotado de modos de percepção mais poderosos e variados. Às vezes, até mesmo
nos fenômenos de “segunda personalidade” o caráter se modifica e difere por tal
forma do caráter habitual que alguns observadores se julgaram na presença de um
outro indivíduo.
Cumpre
fazer bem a distinção entre esses casos e os fenômenos de incorporações de
Espíritos. Os médiuns, no estado de desdobramento, de sonambulismo, emprestam
às vezes o seu organismo a entidades do Além, Espíritos desencarnados que dele
se servem para se comunicar com os homens; mas, então, os nomes, as
particularidades, as provas de identidade fornecidas pelos manifestantes não
permitem confusão alguma. A individualidade que se manifesta difere
radicalmente da do paciente.
.....
Sem
embargo, o erro era possível. Com efeito, do mesmo modo que as incorporações de
Espíritos, a intervenção de personalidades secundárias é precedida de um sono
curto. Estas surgem, as mais das vezes, num acesso de sonambulismo ou mesmo
após uma comoção. O período de manifestação, a princípio de breve duração,
prolonga-se pouco a pouco, repete-se e vai-se destacando, cada vez com maior
precisão, até adquirir e constituir uma cadeia de recordações particulares que
se distinguem do conjunto das recordações registradas na consciência normal.
Esse fenômeno pode ser facilitado ou provocado pela sugestão hipnótica. É mesmo
provável que nos casos espontâneos, em que nenhuma vontade humana intervém, o
fenômeno seja devido à sugestão de agentes invisíveis, guias e protetores do sujet. Exercem eles, nesses casos, como
veremos, a sua ação para um fim curativo, terapêutico.
AGORA,
CHEGOU A VEZ!
Esta
postagem de número 999 é a penúltima a ser postada neste endereço, neste blog.
A próxima (nº 1000) será a última. As postagens continuarão postadas apenas no
endereço:
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