quinta-feira, 28 de junho de 2012

Reencarnação: nem tudo é fácil (II)


131. Introdução (II)

E assim se pode retomar o tema “reencarnação”. A ampla aceitação da Reencarnação nos Estados Unidos, pode ser atribuída a vários fatores. Dentre estes fatores temos o testemunho favorável da suposta evidência científica e de pessoas famosas, como dos atores Shirley MacLaine e Glenn Ford, que falam de suas "vidas anteriores". Livros têm sido escritos, como "Out of a Limb" (Além de Uma Fronteira) de Shirley MacLaine, que se tornou um bestseller. Este livro descreve os ciclos do renascimento. Outros autores como a reencarnacionista "cristã"  Jeanne Dixon e o falecido Edgar Cayce também escreveram livros sobre o assunto. Jornais de sensacionalismo  como o "National Enquirer"   têm contribuído para a divulgação da crença na Reencarnação, atraindo a atenção dos leitores para este assunto.
Nos passados anos 1960 e 1970, alguns livros como "Jonathan Livingston Seagull", e "A World Beyond", de Richard Bach, foram vendidos rapidamente, semeando as bases da filosofia hinduísta e ocultista, da qual provém a doutrina da Reencarnação para condicionar a mente dos leitores.
Na década de 1970, as idéias de Bach e Montgomery foram substituídas pelas de Elizabeth Kubler-Ross, autora de livros como "On Death and Dying" (Sobre a Morte e o Morrer),  e "Questions and Answers on Death" (Perguntas e Respostas sobre a Morte) e de Raymond Moody, autor do livro "Life After Life"  (Vida Após a Vida), e "Reflections on Life After Life" (Reflexões Sobre a Vida Após a Vida).
A proposta destes dois escritores é de que a morte é o princípio de outra vida espiritual e de que todas as pessoas encontram descanso e paz nessa nova vida. Tanto Kubler-Ross como Moody negam a doutrina cristã do Julgamento Divino. Ambos acreditam na Reencarnação.
Conquanto alguns cristãos tenham criticado a teoria da Reencarnação, a maioria das igrejas tem permanecido ignorante das implicações da mesma. Diante do amplo silêncio dessas igrejas e das aparentes evidências, muitos cristãos têm chegado à conclusão de que a Reencarnação existe ou, pelo menos, não descartam a possibilidade de que esta seja um fato.
Na verdade, lá no fundo da consciência dos cristãos de todas as agremiações religiosas, deve estar a mesma sensação que assalta a todos nós: como pode ser amoroso e justo o Deus do julgamento final, que entrega a seus filhos uma única existência e condena uns a viverem aleijados e miseráveis, enquanto a outros premia com perfeição e riqueza? Faz mais do que isso: ao fim de uma única existência baixa a sentença condenando muitos de seus “amados” filhos ao fogo eterno do inferno, sem chances de recuperação.

O Que é Reencarnação?
        
Reencarnação é o ensino de que a alma se move de um corpo para outro, num ciclo de nascimento-morte-renascimento, teoria desenvolvida pela doutrina budista/hinduísta da transmigração da alma e bem mais tarde decodificada de forma ampla pelo professor francês conhecido pelo pseudônimo de Allan Kardec. Para os hinduístas, a transmigração ensina  a possibilidade de a alma renascer, inclusive, no corpo de um animal, o que foi amplamente desmentido pelos espíritos que prestaram informações às equipes de Kardec.
O status do corpo no qual a alma nasce depende da qualidade de vida vivida por aquela alma em seu corpo anterior. Uma vida boa conduz ao renascimento numa forma mais elevada, enquanto uma vida má conduz ao renascimento numa forma inferior, marcada por resgates.
Essa graduação para uma forma melhor ou pior satisfaz a Lei do Carma, teoria central do Hinduísmo. A Lei do Carma ensina que as boas obras são recompensadas e as más obras são cobradas em resgates. O alvo do Hinduísmo é que a alma consiga quebrar a Lei do Carma e venha a se integrar no universo, livre das reencarnações. Um pouco diferente é a evolução pregada pelos espíritos que assistiram ao trabalho de Kardec: ao completar todos os ciclos de resgates, a alma reencarna se quiser para uma missão elevada.
Tivemos vários casos assim: Simão Pedro, Paulo de Tarso, João Evangelista e o próprio Judas Iscariote estiveram entre nós novamente.
A mente ocidental, que aparentemente rejeita a idéia de renascer como um mosquito ou como uma minhoca, achou melhor deletar os animais do seu ciclo... E com razão. Esta hipótese, hoje, já está reduzida a zero mesmo entre os hinduístas, que confundiram a formação dos espíritos, vindos dos reinos mineral, vegetal, entômico, viral, animal para chegar ao reino humano e daqui apenas avançar para, por exemplo, para o reino angelical.
A Reencarnação ensina ainda que a alma tem preexistido eternamente. Montgomery, em seu livro "A World Beyond", afirma que este foi escrito psicografado através do médium Arthur Ford, o qual estava na fila do Além, aguardando a oportunidade de entrar em um novo corpo. Ele escreveu: “Iniciamos com a premissa de que cada ser humano é uma entidade em continuação por toda a eternidade, sem princípio e sem fim, a despeito do que afirmam os moralistas, que a nossa vida começa com o nascimento físico de um bebê e termina no Dia do Julgamento. Ora, jamais houve um tempo em que não tenhamos existido e sempre existiremos, ainda que constantemente mudando de forma e de estágio, pois tanto somos parte Deus como Deus é parte de nós (p. 7).
Apegados, porém, aos escritos antigos, à ciência velha que não se renovou, muitos intérpretes religiosos tentam explicar que vivemos uma vez só e que ao depositar-se o nosso corpo em uma sepultura, existirá apenas a vida espiritual, que se tornará eterna no paraíso, para os bons, e eterna no inferno para os maus. Este princípio é tão cruel e absurdo que, mesmo entre os humanos, não poderia funcionar. Se um homem comete um desatino levado pela embriagues (que é doença) e, sendo condenado, não ficará eternamente preso, pois poderá curar-se, pagar por seu erro e retornar ao convívio social como outra pessoa em termos de caráter e de índole. Mas, infelizmente, algumas religiões negam essa perspectiva a Deus, colocando-o como irado e irascível aplicador de uma lei nada amorosa, nada generosa.
A mesma situação pode ser reconhecida no caso dos suicidas. Quantos casos conhecidos de pessoas que tomam remédio para emagrecer e sob o efeito de tais “tarjas pretas” receitadas por seus médicos jogam-se pela janela de seus apartamentos e morrem. Assassinos de si mesmos, levados ao fogo do inferno? E seu médico? Teriam ambos a oportunidade de repararem suas atitudes numa próxima etapa, atendendo aos preceitos do Deus amoroso e generoso, que dá a todos os seus filhos a oportunidade de refazerem suas rotas tortuosas?
Apenas nestes dois exemplos qualquer mente obtusa começará a pensar e a dar importância e verossimilidade a tese da reencarnação. É isso que faz o povo dos Estados Unidos dada a sua boa formação, dada a abundância de informações e dada a democracia que impera em seu país, onde para afirmar qualquer asneira o autor tem de estar pronto a responder pelo que disse. Assim, a tese do céu e inferno eternos coroando uma única existência passa a ser rejeitada por aquele povo.  

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