sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Algo para pensar com carinho



22.Expiações e provas (necessárias)

A propósito da crônica anterior, de nº 21, o raciocínio mais superficial que se faz é, por um lado, lamentar quando acontecem as tragédias naturais ou provocadas, o que bem demonstra nossa índole humanitária, hoje.
Quem sabe num longínquo passado tenhamos tido o prazer de atear fogo nos casebres de nossos adversários sem perguntar se ali dentro havia inocentes...
As tribos adversárias mandavam seus guerreiros invadir a taba desafeta e atear fogo nos casebres. De que lado nós estávamos, resta perguntar.
Quem quiser andar pra frente não pode furtar-se desta conversa. Conversa não para encher lingüiça e passar o tempo, mas para servir de baliza do passado.
Aqueles radicalmente cheios de razão não fazem concessões nem curvas. Andam em retas.  Uma reta é sempre traçada a partir de três balizas: a de ré (que assinala o ponto do passado, de onde viemos); a daqui (que assinala onde estamos no presente); e a da frente, que assinala para onde queremos ir.
Então se descobre que evoluir é também fazer curvas, copiar a sabedoria das águas, que sempre sabem para onde vão, fazendo curvas e concessões...
Evoluir é abandonar velhos hábitos, antigas atitudes, matar o homem velho em favor do nascimento do homem novo.
Se não, não há avanço.
Vamos retroceder alguns séculos e nos transportar para o Coliseu, em Roma. Observe que os legisladores e o imperador e seus asseclas ao determinarem e ao executarem a soltura das feras contra indefesas vítimas desarmadas, mulheres, idosos e crianças, há que considerar que entraram para a lista kármica, sem distinção. Aquelas centenas ou milhares que, das arquibancadas e galerias, aplaudiam o leão e se deliciavam com o sangue derramado e a derrota daqueles que consideravam desafetos, também entraram para a lista kármica, já podem ter sido chamados a derramar sangue para experimentar a recíproca ou quem sabe ainda estejam no período de acerto.
Evoluímos um pouquinho. Hoje vamos aos estádios e vibramos com a derrota do time adversário. E algumas vezes quebramos a cara do torcedor adversário nojento que nos desafia ali mesmo na arquibancada ou antes ou depois na entrada ou saída da versão moderna do coliseu.
Há que botar em dia o karma, ah se há!!!.
E as guerras das quais participamos e durante as quais acionamos armas contra alguém de outra farda ou bandeira e pintamos de heróis, como fica isso, cabe perguntar.
E há que perguntar também sobre as barbaridades perpetradas contra escravos e índios.
Como imigrantes europeus, que somos, em grande maioria, é quase certo, também, que estivemos no Coliseu, nas guerras e mais tarde, já na América, promovendo atrocidades contra escravos e índios.
Nascer pobre, quase mendigo, ser expulso do desenvolvimento, ter de morar no morro, na favela, na palafita, passar por “catástrofes calculadas”, sentir o “mundo acabar”, não ter para onde ir, aprender a linguagem da solidariedade, da caridade, da justiça com misericórdia, pode ser uma experiência karmática.
De outro modo, gostaria de enfocar o pouco caso com que as Leis Naturais ou Divinas são encaradas pelos membros das gangues de poder e do tráfico, acostumadas a eliminar os concorrentes para retirá-los do caminho ou submeter seus eleitores a duras provas por desleixo administrativo. Não se pode imaginar que ignorem as leis divinas e nem que imaginem poder manipulá-las. Muito menos se pode imaginar que se julguem isentos de serem chamados a responder por seus atos.
Pensemos nisso tudo, até depois...

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