sexta-feira, 20 de abril de 2012

Para escutar e ouvir

69. A música das esferas existe?


Teoricamente, sim. No entanto, ainda não há comprovação científica de que seja possível ouvir o movimento dos astros, como propõe esse conceito abstrato. “A música das esferas existe para quem tem a capacidade de ouvi-la interiormente”, diz o músico e pesquisador Marcelo Petraglia. “É possível ouvir algo além do que o ouvido humano é capaz de captar”.
A idéia dessa música acompanha a humanidade desde os tempos do grego Pitágoras (580-500 a.C.). Mas foi o astrônomo alemão Johannes Kepler (1571-1630) quem aprimorou esse conceito utilizando a matemática e desenvolvendo as leis que regem os movimentos dos astros. Kepler descobriu que os planetas fazem um traçado elíptico e não redondo, ao redor do Sol. Assim, calculou o ponto mais próximo da rota de cada um em relação ao Sol (periélio) e, depois, o ponto mais distante (afélio). Analisando o tempo que cada planeta leva para dar uma volta ao redor do Sol (a Terra, por exemplo, leva 365,24 dias), Kepler transpôs proporcionalmente as medidas dessas órbitas em freqüências, encontrando assim tons e intervalos musicais. Ou seja, teoricamente, Júpiter, Vênus, Saturno e outros planetas produzem suas próprias melodias.
Apesar de ser um conceito abstrato, a matemática torna a música das esferas um fato.
Há mais para se dizer. Todos sabemos que qualquer movimento de qualquer corpo ao deslocar-se no vazio do espaço produz um ruído. É o caso de um projétil, de um pássaro voando e também seria o caso do avião se estivesse com os motores desligados. Quando maior e mais lento, mais grave é o som. Quando menor e mais rápido, mais agudo é um som.
Imagine-se no caso da Galáxia Via Láctea os milhares de corpo em giro constante ao redor de Alcione, que é a maior estrela a ocupar o centro da galáxia, quantas melodias estariam sendo produzidas desde milhões de anos.
É a isso que Pitágoras e Kepler, além de outros sucedâneos, chamam de música das esferas, mas que, muito bem, poderia ser denominado de “Sons do Espaço”.
Alguns médiuns com capacidades especiais de super audiência, quando se concentram, podem ouvir os sons mais próximos o que, evidentemente, inclui a fogueira do nosso Sol a crepitar o tempo todo fazendo acontecer a cada fração de segundo explosões equivalentes a uma bomba atômica. Sem querer estabelecer parâmetros, quem já tenha presenciado a queima de um taquaral, em que a pressão do fogo sobre os gomos da taquara provoca um estampido e muitos são os gomos queimados ao mesmo tempo, esses sons podem dar uma amostra de como é o som do Sol. Vale lembrar também a super queimas de foguetes quando um time entra em campo. É algo assim, numa comparação muito pobre.
A longas distâncias e mesclados com os sons dos bailados dos planetas ao  redor dos corpos centrais, esses sons se tornam musicais. Ouvidos de perto assustam. O um ratinho dentro de um teatro onde uma sinfonia acontece ouve o que? Guardadas as proporções, os nossos ouvidos não estão preparados, ainda, para ouvir, proporcionalmente, como ratinhos, os sons de uma imensa sinfonia cósmica em andamento no imenso teatro de uma galáxia.
Feche seus olhos, concentre-se nos sons externos, faça um esforço para afastar o que seja sons da rua, do homem, da máquina. O que resta?
Faça mais um esforço, tente ouvir as batidas de seu próprio coração e o jorro do próprio sangue através das artérias e veias.
Se você treinar constantemente isso, chegará o dia em que além de muitos outros sons, você começará a ouvir os sons do cosmos.
Acredite.

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