domingo, 8 de abril de 2012

Apesar de tudo, ficou assim...


61. Domingo, lua cheia, vitória garantida!

A escolha do primeiro dia da semana para “dia consagrado ao Senhor”, diferente do sábado, e sétimo dia da semana, como acontece com os judeus, foi uma opção romana. Era preciso ligar a figura do novo objeto de adoração à festa do Sol, das tradições mais antigas romanas, o “Sol Invictus”. O novo Deus Romano precisava ser adorado no mesmo dia das antigas tradições de adoração e esse Deus se chamava Jesus Cristo, tinha altares folheados a ouro e os exércitos romanos saíam pelos campos de morte a conquistar territórios em seu nome.
O Império Romano assumiu a culpa pela morte de um inocente e, mesmo sem tê-lo indultado, colocou-o no pedestal mais alto de uma corporação religiosa que nem mesmo leva o nome de cristã.
Foi-se juntando o fato de a ressurreição ter ocorrido no terceiro dia após a morte na cruz e coincidindo com a Pessach judaica (páscoa), que nada tinha a ver o domingo e sim uma data específica do calendário judaico que, por coincidência, também, naquele ano, caiu no primeiro dia útil da semana judaica. Visto tratar-se de um dia dedicado ao Sol (astro), tanto quanto a segunda-feira era dedicada à Lua e a terça à Morte, ficou fácil puxar o dia consagrado ao Senhor para o domingo – Sol – afivelado ao respeitável dia de homenagem ao “Sol Invictus”, do mitraísmo religioso romano, anterior ao seqüestro do cristianismo para religião daquele império.
Para ficar melhor, teria de escolher, também, noites muito iluminadas e o domingo de páscoa também passou a ser agendado para a quarta lua cheia do ano, marcando-se o carnaval e início da quaresma com quarenta dias de antecedência. E assim também já mete aí os quarenta dias de jejum enfrentados por Jesus no deserto, antes de proclamar o discurso histórico mais contundente, que foram as bem-aventuranças.
Tudo certo? No pensar dos generais e papas, sim.
O futuro diria que não. A Igreja perderia poder, dividir-se-ia e as liberdades humanas passariam a incomodar esses arranjos absurdos para a verdade que não quer calar.
O novo Deus Romano se encaixou nos interesses e datas romanos, menos a mensagem de Jesus. Esta ficou no limbo, não decolou.
Este Jesus apresentado pelas igrejas cristãs e até negado por algumas igrejas evangélicas mais radicais, não é o Jesus de Nazaré histórico, revolucionário, corajoso, incisivo.
Quantos usaram seu nome em vão e disseram tantas besteiras que facilmente ele pôde ser trocado pelo Papai Noel na sua data natalícia e pôde ser trocado pelos coelhos na data de sua vitória sobre a morte.
A coisa ficou séria. Faça-se uma pesquisa com todos no dia de Natal perguntando o que de mais importante essa data sugere e teremos como resposta: Papai Noel, presentes, reunião de família. Idem com a Páscoa: a resposta será chocolate, coelhos.
A figura principal dessas duas datas, principalmente na data de Páscoa, é encenado nos templos e teatros como alguém que se ofereceu em holocausto ao pecado da humanidade. E a humanidade entendeu que seus pecados tinham sido zerados.
Nunca se disse: a morte de Jesus foi um choque com impacto na mente do povo, uma sugestão à derrota do mal, mediante a mudança de costumes. Em todos os eventos em que Jesus pregou a vitória sobre a doença, sobre a imperfeição, sobre o caráter deletério, cobrou: mude, transforme-se, esta é sua chance de não voltar a pecar. E nenhum momento ele disse haver zerado os pecados do mundo.
Tanto não se disse sobre a transformação moral, que a região da Judéia e da Palestina está pior hoje do que à época de Jesus: sofisticou o ódio, a vingança e a violência e incluiu o terrorismo.
Mas, este dia de hoje é um domingo – dia do Sol – que celebra a Passagem da margem escrava para a margem liberta e deve ser encarada como tal e não como um festival de chocolates e ovos postos por coelhos (que não põem ovos). Algo está errado com a humanidade da região visitada por Jesus e algo está errado com a humanidade descendente da cultura romana. O caminho foi desviado. A rota é outra.
Pense nisso neste domingo.

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