quarta-feira, 11 de abril de 2012

O modelo de fé pede reforma


62. Uma nova ordem religiosa para o milênio

A rigor, as seis grandes correntes de fé do planeta estão em crise e, em suas bases, os fiéis cobram adaptações, transformações, que os dogmas e as tradições muito atrapalham.
O mesmo rigor com que algumas delas se apegam aos ensinamentos de seus antigos gurus brota nas mentes populares cansadas de um discurso surrado e equivocado para os tempos mais atuais.
O extraordinário desenvolvimento mental propiciado pela evolução do homem nestes 4 mil últimos anos e a globalização propiciada inicialmente pelo interesse econômico, levaram a humanidade e olhar para as suas próprias conquistas e para as suas próprias misérias e a descobrir que o modo de pensar é a matriz do fazer, que o pensamento nasce da vontade e que a vontade é uma expressão da alma e que a verdade está na alma e não na mente, pois a mente não é uma matriz e sim um instrumento.
Como a religião sempre se apresentou como modeladora das almas – o que não é errado – e não cumpriu corretamente este papel porque as religiões não emanam de Deus e sim de intérpretes auto-outorgados, à medida que o pensamento humano evoluiu fez envelhecer os conceitos emanados dos intérpretes. Tratava-se de conceitos temporais, assim como temporais são os axiomas científicos, substituíveis pelos novos paradigmas surgidos da expansão da consciência evolutiva. Mas, as religiões não se valeram da Filosofia e da Ciência e foram ultrapassadas, permitindo que se formasse uma avalanche de homens e mulheres sem religião alguma.
A alma, princípio eterno que habita os homens – somos uma alma que habita um corpo e não um corpo que possui uma alma e a alma nada mais é do que a própria consciência que evolui –, repito, a alma é uma entidade autônoma em relação ao corpo, porém a ele atrelada enquanto nele pulsar a vida biológica. Ao ser contrariada, deixa a alma transparecer a sua inconformidade, o seu desconforto ao habitar um santuário que não é santo, isto é, são.
Fora da sintonia das ondas emanadas da Inteligência Superior do Universo somos um receptor fora de freqüência, um celular em zona sem cobertura, um GPS sem contato visual com o satélite. E a perda da bússola descaminha o viajante que, no trepidar das turbulências, vai buscar consolo em qualquer instância que lhe substitua a sensação de estar acolhido, ligado.
Entendo que o leitor já vislumbrou a proposta – a caminho – de uma nova ordem religiosa para este milênio, alicerçada em posturas capazes de transmitir aos seres humanos uma nova idealização de Deus. Não um Deus externo, separado, juiz, xerife. Um Deus que legislou – todas as Leis Universais podem ser identificadas. Parece clara a proposta: fomos tirados do Éden e desafiados a interpretar a Lei; fazer nascer dentro de nossa vontade e, por conseqüência fazer-se consciência e instrumento da nossa índole; criar uma livre opção por sermos éticos conosco mesmos e com a vida da qual somos parte; abdicar da necessidade de um olho a olhar e a anotar as nossas faltas para depois punir, como tem sido a prática de quase todas as correntes de fé.
Aprendemos a orar para Deus pedindo clemência por nossos erros, mas não somos educados e convencidos a mudar de postura e buscar a dignidade pelo cumprimento do dever, a buscar os direitos por mérito e não por jeitinhos.
A nova cultura do milênio induz à necessidade de líderes, formadores, condutores, docentes, com coragem para mostrar outras formas de agradar a Deus, isto é, de respeitar as leis naturais, em substituição à pratica de  apenas orar, clamar e puxar o saco de Deus enquanto continuamos em falta conosco mesmos e com a vida.

Nenhum comentário:

Postar um comentário