sábado, 7 de abril de 2012

Aleluia?


60. Uma difícil e penosa passagem

Aleluia coisa nenhuma. Ninguém tem nada para festejar, o Mestre Jesus continua pregado na cruz, seus algozes continuam a berrar “crucifica-o!, crucifica-o!” e o cortejo segue já não mais Gólgota acima, mas sim montanha abaixo, no rumo do brejo.
Aproveitando este sábado de Aleluia da tradição de algumas igrejas, queremos avançar e saltar fora dos quadrados limitantes do pensamento religioso. Nada é mais aprisionante do que os dogmas e as tradições. E infelizmente as religiões mais populares não têm outra mensagem que não se estruture em dogma e tradição.
Toda motivação da Páscoa não é no sentido de atravessar de uma margem para a outra como é a razão de ser mais velha dessa efeméride: sair da margem escrava para a margem liberta. É isso que a tradição judaica inscreve nos seus livros sagrados e é isso que o cristianismo foi buscar para associar com a passagem de Jesus da condição de condenado pela Justiça Romana para a condição de Deus dos romanos.
Quanta coisa confusa para a cabeça dos seres mais pensantes.
Importa notar que não se incentiva a libertação que Jesus sugeriu, ensina-se o consumismo que desvia o pensamento do foco libertador.
Até o comedimento alimentar ou jejum centrado no sofrimento de Jesus está alterado para um banquete, uma festa regada a vinhos, celebrando a morte de um “sujeito indesejado”, executado numa sexta-feira. Trás para a cena não os desdobramentos deste episódio, mas o réu crucificado e o coelho que bota ovo.
Nenhum dos responsáveis principais pela difusão do evangelho de Jesus e, consequentemente, pela condução das almas de bilhões de seres humanos, fala das circunstâncias em que Jesus padeceu uma condenação sem ser réu. Tentam convencer a humanidade cristã que aquilo foi uma imolação para zerar os pecados todos da humanidade, mas todos os indultados continuaram como antes sem nenhuma evolução transformante. O mundo ficou igual, pior e mais refinado na maldade e na falta de ética. Quem realmente não queria modificar-se, aproveitou a conta zerada para fazer pior na fiança de que o salvador que salvou uma vez salvará novamente.
Parece que nos rejubilamos com a figura crística pregada na cruz, exibida como troféu: “viu, o homem foi morto, ei-lo aqui pregado, surrado, cuspido!!!”
De que adiantou a mensagem desse grande avatar?
Os coelhos ovíparos enxovalham a sua imagem e os seus representantes não entenderam o recado.
Jamais poderão dizer que a mídia é responsável pela invasão dos coelhos porque se de dentro dos templos partissem exortações no sentido de que o que está em questão é o ser humano e não a festa, os canais de mídia iriam mudar a prática, o foco.
Fica o registro para você, leitor, meditar um pouquinho nesta aleluia mergulhada na pompa das igrejas e no banho de sangue que nossos líderes gostam de incentivar.

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