domingo, 6 de maio de 2012

Série: Antes e depois do Armagedom (VI)


82. Mais um episódio apocalíptico

Em 1920, era tão patente, através da Alemanha, essa expectativa messiânica, que foi lançado na Universidade de Munich um concurso de ensaios sobre o tema seguinte: “Como deve ser o homem que liderará a Alemanha de volta às culminâncias de sua glória?” O vultoso prêmio em dinheiro foi oferecido por um milionário alemão residente no Brasil (não identificado por Ravenscroft) e quem o ganhou foi um jovem chamado Rudolf Hess que, em tempos futuros, seria o segundo homem da hierarquia nazista! Sua concepção desse messias político guarda notáveis similitudes com a figura do Anticristo descrita nos famosos (e falsos) “Protocolos do Sião”, segundo Ravenscroft, protocolos esses que chegaram a ser usados à época para descrever os planos sionistas (judeus) para o domínio do mundo e que Hitler dizia querer evitar.
Também consta que Hitler considerava Rudolf Steiner, o místico, vidente, pensador e escritor austríaco como seu arquiinimigo. Segundo informa Ravenscroft, Steiner, em desdobramento espiritual, penetrava, conscientemente, os mais secretos e desvairados encontros, onde se praticavam rituais atrozes para conjurar os poderes que sustentavam a negra falange empenhada no domínio do mundo. Que andaram muito perto dessa meta, não resta dúvida.
Conheciam muito bem a técnica do assalto ao poder sobre o homem, através do próprio homem. Hugh Trevor-Roper, no seu livro “The Last Days of Adolf Hitler”, transcreve uma frase do Führer, que diz o seguinte: “Não vim ao mundo para tornar melhor o homem, mas para utilizar-me de suas fraquezas. Estou determinado a cumprir uma missão a qualquer preço”.
“Jamais capitularemos – disse, certa vez, repetindo o mesmo pensamento de sempre. – Não. Nunca. Poderemos ser destruídos, mas, se o formos, arrastaremos o mundo conosco – um mundo em chamas”.
Muito bem. É tempo de concluir esta primeira parte dos segredos íntimos e espirituais do Homem Besta. Por exemplo, o que aconteceu com a Lança de Longinus? Continua no Museu de Hofburg, em Viena, para onde foi reconduzida após novas aventuras.
Mas, não sem antes Hitler tomar posse dela, ao invadir a Áustria, em 1938, levando-a para a Alemanha, cercada de tremendas medidas de segurança. Lá ficou ela em exposição, guardada dia e noite, pelos mais fiéis nazistas. Quando a situação da guerra começou a degenerar, construiu-se secretíssima e inviolável fortaleza subterrânea para guardá-la. Apenas meia dúzia de elevadas autoridades do governo sabiam do plano. Uma porta falsa de garagem disfarçava a entrada desse vasto e sofisticado cofre-forte, em Nürenberg, que o Führer ordenou fosse defendido até à última gota de sangue. Quando se tornou evidente que o Terceiro Reich desmoronava de fato, ante o avanço implacável das tropas aliadas, Himmler achou que a Lança de Longinus precisava de um abrigo alternativo.
Uma série de providências foi propagada, com uma remoção fictícia, para um ponto não identificado da Alemanha; e outra, verdadeira, sob o véu do mais fechado segredo, para um novo esconderijo, onde o talismã do poder ficaria a salvo dos inimigos do nazismo. Por uma dessas misteriosas razões, no entanto, um dos cinco ou seis oficiais nazistas que sabiam do segredo, ao fazer a lista das peças que deveriam ser removidas, mencionou a Lança de Mauritius, aliás, o nome oficial da peça.
Acontece que, entre as peças históricas do Reich, havia uma relíquia de nome parecido, ou seja, “A Espada de Mauritius”, e esta foi a peça transportada, e não a Lança de Longinus.

Na Confusão que se seguiu, ninguém mais deu pelo engano, e o oficial que o cometeu, um certo Willy Liebel, suicidou-se pouco antes do colapso total do Reich. A essa altura, Nürenberg não era mais que um monte de ruínas e, por outro estranho jogo de “coincidências” um soldado americano, perambulando pelas ruínas, descobriu um túnel que ia dar em duas portas enormes de aço com um mecanismo de segredo tão imponente como o das casas-fortes dos grandes bancos mundiais. Alguma coisa importante deveria encontrar-se atrás daquelas portas.
E assim, às 14h10m do dia 30 de abril de 1947, a legítima Lança de Longinus passou às mãos do exército americano. Naquele mesmo dia, como se em cumprimento de misterioso desígnio, Hitler suicidou-se nos subterrâneos da Chancelaria, em Berlim, dois anos antes.
Como ficou dito atrás, a Lança de Longinus encontra-se novamente no Museu Hofburg, em Viena. Estará à espera de alguém que venha novamente disputar a sua posse para dominar o mundo? Vejamos, para encerrar esta primeira parte, algumas considerações de ordem doutrinária.
Haverá mesmo algum poder mágico ligado aos chamados talismãs? Questionados por Allan Kardec (perguntas 551 a 557), os Espíritos trataram sumariamente da questão, ensinando, porém, que “Não há palavra sacramental nenhuma, nenhum sinal cabalístico, nem talismã, que tenha qualquer ação sobre os Espíritos, porquanto estes só são atraídos pelo pensamento e não pelas coisas materiais”.
Continuando, porém, a linha do seu pensamento, Kardec insistiu, com a pergunta 554, formulada da seguinte maneira:
— Não pode aquele que, com ou sem razão, confia no que chama a virtude de um talismã, atrair um Espírito, por efeito mesmo dessa confiança, visto que, então, o que atua é o pensamento, não passando o talismã de um sinal que apenas lhe auxilia a concentração?
— É verdade - respondem os Espíritos – mas da pureza da intenção e da elevação dos sentimentos depende a natureza do espírito que é atraído.
Os destaques são meus e a resposta à pergunta 554 prossegue, abordando outros aspectos que não vêm ao caso tratar aqui. Nota-se, porém, que os espíritos confirmaram que os chamados talismãs servem de condensadores de energia e vontade, e podem, portanto, servir de suporte ao pensamento daquele que deseja atrair companheiros desencarnados para ajudá-lo na realização de seus interesses pessoais.
Disseram mais: que os Espíritos atraídos estarão em sintonia moral com aqueles que os buscam, ou seja, se as intenções e os sentimentos forem bons, poderão acudir Espíritos bondosos; se, ao contrário, as intenções forem malignas, virão os Espíritos inferiores e a sua ação poderá ser a tragédia, mais ainda se se tratar de ambiente coletivo: partido político, torcida organizada, sindicato ou quadrilha.
Por toda parte, no livro de Trevor Ravenscroft, há referências repetidas de que duas ordens de Espíritos estão ligadas à mística da Lança de Longinus: os da luz e os das trevas, segundo as intenções de quem os evoca. Além disso, é preciso lembrar que os objetos materiais guardam, por milênio a fora, certas propriedades magnéticas, que preservam a sua história.
Essas propriedades estão hoje cientificamente estudadas e classificadas como fenômenos de psicometria, tão bem observados, entre outros, por Ernesto Bozzano.
Médiuns psicômetras, em contato com objetos, conseguem rever, às vezes com notável nitidez, cenas que se desenrolaram em torno da peça, principalmente se ela for de ferro ou outro metal, ou cristal ou pedra. São materiais que ficam altamente magnetizados pelos acontecimentos de que foi testemunha, ainda mais se foi forjada alhures nos tempos bíblicos, passando pelos momentos graves da História, como foi o Calvário, com a agonizante situação de Jesus. Seja como for, a peça reúne em torno de si uma longa e trágica história, tão fascinante que tem incendiado, através dos séculos, a imaginação de muitos homens poderosos e desatado muitas paixões nefandas.
Existem posicionamentos contraditórios sobre o papel de Longinus na crucificação de Jesus. Enquanto alguns o apontam como perverso desejoso de ferir o infeliz réu, outros o põem como responsável pela ressurreição, pois ao retirar do pulmão da vítima a água que se depositava para transformar-se em pneumonia, deu-lhe a chance de retomar o próprio corpo logo após ser recolhido à tumba.
E, como explicariam os Espíritos a Kardec, não é a Lança por si mesma que move os acontecimentos, é o pensamento dos homens que se concentram nela e querem a todo preço fazer valer o poder que se lhe atribui. Nisso, ela é realmente um talismã.
Ainda uma palavra a mais: É certo que Hitler foi médium dedicado e desassombrado de tremendos poderes das trevas. Esses seres desarvorados, que se demoram, por milênios sem conta, em caliginosas regiões do mundo espiritual, por certo ainda não desistiram da aspiração de conquistar o mundo e expulsar a luz para sempre, se possível.
Ficarão a desejar, ao menos quanto ao planeta Terra, onde os episódios de praticamente todo o século XX estavam previstos por João Evangelista no seu Apocalipse.
Tudo passou. Tudo acabou. É claro, também, que alguns remanescentes se empenham no setor político-militar e mesmo em organizações sociais e religiosas, que representem núcleos de poder, para tentar impor suas macabras vontades. Não terão o sucesso que tiveram os do passado.
A obra maligna e hábil que se realizou na vida política, militar e diplomática do planeta, Igreja no meio, infiltrando-se em várias oportunidades e em vários pontos geográficos de poder, nos altos escalões hierárquicos, de onde melhor podem influenciar os acontecimentos e a própria teologia, acabou pra sempre.
Os espiritualistas sempre atentos a essas investidas cíclicas dos espíritos das trevas, denunciaram através de João Evangelista e de muitas outras previsões o que estava por acontecer na Europa e Ásia.
O lobo adere ao rebanho sob a pele do manso cordeiro; ele não pode dizer que vem destruir, nem pode apresentar-se como inimigo; tem de aparecer com um sorriso sedutor, de amizade e modéstia, uma atitude de desinteresse e dedicação, um desejo de servir fraternalmente, sem condições e, inicialmente, sem disputar posições.
Muitas vezes, esses emissários das sombras nem sabem, conscientemente, que estão servindo de instrumentos aos amigos da retaguarda. A sugestão pós-hipnótica foi muito bem aplicada por Espíritos altamente treinados na técnica da manipulação da mente alheia. É a utilização da fraqueza humana de que falava Hitler.
A estratégia é brilhantíssima e extremamente sutil. Usam da criação de movimentos paralelos, o envolvimento de figuras mais destacadas no movimento em ardilosos processos de aparência inocente ou inócua. Muita atenção. Quem suspeitaria de Adolf Hitler, quando ele compareceu, pela primeira vez, a uma reunião de meia dúzia de modestos dirigentes do Partido dos Trabalhadores?

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