quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

963-O Espírito


ESSA DEMORA É UMA COISA ESTRANHA

Desde muito antes de Cristo se discutia abertamente o papel do Espírito na concepção de um cosmos inteligente. E os homens demonstravam maior inteligência. O período dos filósofos gregos desde 600 anos de Cristo, cuja maior figura foi Pitágoras, e mesmo após Cristo com alguns destacados pensadores com sede em Alexandria, onde estava a maior biblioteca universal, foi um período rico em abstrações cosmogônicas e cosmogênicas. Mas, os ditadores sempre atrapalharam alguma coisa e é assim que devemos interpretar a iniciativa romana de fundar uma igreja para sustentar o império, que ruía. Ainda que se diga que a religião católica foi obra de centenas de cardeais, nunca se deixará de entender que esses construtores do cânone católico ali estiveram a serviço dos generais romanos e vigiados pelos militares. A igreja não era independente, nunca foi até bem depois do século XIX e prestar obediência ao imperador e a seus prepostos era uma questão de garantir os salários daqueles religiosos que receberam a missão de “inventar” uma igreja que pudesse aproveitar tudo quanto fosse útil da pregação de Jesus anotada por seus apóstolos e evangelistas.
Nesta concepção, quase 400 anos depois de Jesus, era preciso preservar o poder que controlava o povo. Essa coisa de reuniões em pequenos grupos nas casas do caminho, como faziam os verdadeiros cristão, cai fora. O povo teria de vir para dentro das catedrais ouvir o papa, o cardeal, o padre. Esse discurso tinha de ser coerente com o que pensava o imperador. O que pensava o imperador? Conquistar, dominar, garantir a fidelidade dos súditos, arrecadar impostos (na igreja era dízimo – décima parte daquilo que os contribuintes ganhavam), expandir o império, enriquecer. E a Igreja Romana fez exatamente isso principalmente depois que o Império Romano faliu e ela teve de segurar a peteca sozinha.
Tudo quanto fizeram os imperadores romanos e tudo quanto fez a Igreja, está na história – ainda que a história tenha sido escrita pelos vencedores – e a história é um sangue só, invasões, dominações, inquisições, condenações.
É claro e evidente que um poder com estas preocupações não podia ter tempo para Deus. E a doutrina do Espírito era a primeira a ser afastada dos catecismos.
A ciência teve como estudá-lo e estudou-o profundamente, ao menos por parte daquela parcela de cientistas não ateus. Mas, vindo da ciência, rotulada como atéia, ficava fácil à Igreja condenar os estudos espirituais como coisa do diabo, não do diabo Lúcifer, mas dos “diabólicos anti-cristos”, inimigos da Igreja.
Hoje, quanto você ouve os discursos inflamados dos pobres e obscuros pastores de algumas igrejas dita evangélicas, dita pentecostais, arrasando com a doutrina espiritual, saiba que eles estão apenas repetindo o discurso católico de alguns séculos atrás. Sua “doutrina” condena o catolicismo, mas usa o discurso católico.
Coitados, não sabem o que estão dizendo.
Veja o leitor: completamente à margem dos estudos de Helena Blavatsky e de Allan Kardec, ainda em 1851, o médico Paul Gibier, nascido francês e mais tarde radicado nos Estados Unidos, publicava um livretinho que quando visto na prateleira da livraria você parece nem notar que ele existe. Chama-se “A Análise das Coisas” e versa sobre o que Gibier chamou de “ciência futura”. Sim, a ciência toda era coisa de futuro. E trata do Espírito e sua influência sobre as religiões, filosofias, ciências e artes.
A tradução do francês para qualquer outra língua é uma tarefa dura e quanto mais fiel pior fica para um brasileiro entender. Mas, Gibier passeia garbosamente pelas avenidas do conhecimento e põe de pé a idéia que o mundo é uma aldeia espiritualmente estruturada a partir de dois princípios que geram um terceiro: a inteligência e a energia, que o organizam e o terceiro princípio, a matéria. Sem a participação da inteligência, a energia continuaria solta sem finalidade. Com a participação da inteligência, a energia ganha propósito, programa, finalidade. E vai se condensar, por exemplo, no corpo humano. Melhor dizendo, antes disso vai compor as milhões de partículas do corpo, como se fosse a partitura contendo as milhares de notas que depois de escritas (DNA) poderão se fazer partitura e ganhar vida material (a sinfonia que é o corpo humano).
Mais de 130 anos depois os estudiosos do Genoma olharam para dentro da célula humana e entenderam que ela tem sua partitura, seu programa, sua memória. E essa não é autoria da energia e nem da matéria. O que há por trás de uma célula? O chip divino, chamado Espírito.
Já não se trata de demora para que todos os setores da ciência e das religiões incluam em suas pautas o Espírito. Trata-se de preconceito, teimosia, queda de braço, birra, orgulho.
Já pensaram como ficará feio a estas igrejas todas terem de admitir que erraram?
Já pensaram como ficará feio a todos os ateus, incluindo-se aí os cientistas, terem de admitir que estavam equivocados?
Esta série termina aqui. Outras virão. Acompanhe-nos.

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