terça-feira, 15 de janeiro de 2013

956-Estados e Estágios de Consciência


Um entendimento holístico

No modelo de Ken Wilber de Filosofia Integral a consciência se organiza em esferas evolutivas que sucessivamente incluem e transcendem a camada anterior. Você, leitor, poderia entender  como isso se dá (proposta de exercício correlato com aquilo que ficou conhecido por Iluminismo) dirigindo-se a um terreno desconhecido à noite, portando consigo um cabo energizado tendo na extremidade um suporte para lâmpadas. Leve consigo uma coleção de lâmpadas com as seguintes capacidades: 20, 40, 60, 100, 300, 500, 1000 watts. Você ligará a lâmpada de 20 watts a erguerá e olhará em volta até onde a claridade permitir que você veja. Você verá o que estiver iluminado. Se quiser, trocará pela lâmpada de 40, 60 e assim sucessivamente, sempre fazendo o exercício de olhar em volta. Mas, não basta olhar, o ideal é que você percorra todo o campo iluminado, faça contato com o que ali existe, descubra, aprenda, certifique-se. Parece óbvio e até idiota um exercício assim, mas não há outro jeito de explicar com maior realismo o fenômeno da expansão do campo de consciência.
Tomando a informática como parâmetro, hoje, qualquer computador é capaz de informar qual é o seu limite de computação, mas quem pode informar isto é outro computador com maior capacidade que este. Nossa mente é isso. Ela tem um limite que só pode ser revelado por outra de nível mais alto.
E, claro, isso não é tudo. Para voltar ao terreno ilumninado, estará iluminado o terreno, nele haverá coisa que você vê, toma contato, sabe o que é, mas também haverá coisas que você não sabe o que é. Certo? Então não é só iluminar, é também apropriar-se do conhecimento do que ali existe.
À medida que a luminosidade do conhecimento permitir, seus olhos (aqui pegos como símbolos da consciência) irão abarcando maior área e tomando maior ciência do que ali existe. A palavra consciência, quer significar exatamente co-ciência. Ter também ciência do que ali existe. A palavra também é sintomática, pois conhecer algo não significa apropriar-se daquilo, mas sim do {co}-nhecimento sobre ele.  Infelizmente, os níveis de consciência das maiorias humanas não ocorre por experiência, ocorre por informação. Eu acredito nisso ou naquilo não porque sei, mas porque me disseram.
Wilber aprofunda e ensina que a vida inclui e transcende a organização física e molecular onde ocorre; a mente, por sua vez, inclui e transcende a vida; a alma inclui e transcende a mente; e o espírito, inclui e transcende a alma.
  • A: Matéria / Física - A
  • B: Vida / Biologia - A+B
  • C: Mente / Psicologia - A+B+C
  • D: Alma (sutil) / Teologia - A+B+C+D
  • E: Espírito (causal) / Misticismo - A+B+C+D+E
Esta idéia que qualquer "todo" conhecido é apenas um "holon" (parte de um "todo maior", é um conceito holístico que Wilber tomou emprestado de Arthur Koestler), que aplica-se também aos átomos, moléculas e organismos; letras, palavras, frases, páginas, livros e ideias; e também se aplica à própria consciência humana, um holon que se manifesta em quatro quadrantes: eu, isto, nós, "istos" (que quer dizer isto coletivo).
Segundo o seu modelo, a negação das camadas vistas como "inferiores" (comum a vários sistemas filosóficos e religiosos), seria um equívoco; assim como o descarte, por parte de alguns campos da ciência, de toda esfera que transcenda os limites de sua visão.
A visão científica em geral considera um "cosmos" da realidade física como "todo", e não um holon. Isso implica a visão de que apenas a física e causalidade seriam as ciências perfeitas e reais. Wilber propõe a retomada do conceito grego de “Kosmos”, que inclui não só a matéria, mas também a vida, a mente, a alma e o espírito. Assim, uma visão materialista encontraria explicações para o domínio de seu "olho do físico", criando teorias para o cosmos. Já uma visão de Kosmos implicaria o desenvolvimento de um "Olho do Espírito", uma vez que causas oriundas de um holon transcendente pareceriam inexplicáveis - ou fatos acausais, na visão de Carl Gustav Jung - se considerado apenas a esfera anterior.
Wilber também expande o conceito da Dinâmica da Espiral de sua colega Clare W. Graves, um modelo dos estágios do desenvolvimento humano, aplicável a vários campos, de acordo com uma visão do mundo mais ou menos individual, familiar, coletiva ou holística.
Segundo o pensador, a maioria das visões espirituais e psicológicas incorrem numa visão dualista (racional ou espiritual, ciência ou religião, ego ou essência do ser). Wilber ignora toda a história do pensamento pós Descartes, que é construída sobre a crítica contra o pai do racionalismo. Wilber tentará então criar um pensamento pretensamente inovador ignorando qualquer estudo aprofundado acerca da história ocidental, a começar por, por exemplo, David Hume entre outros. Para ele há um modelo de três camadas (pré-pessoal, pessoal e transpessoal; mítico, religioso ou místico; corpo, ego ou Ser; instinto, intelecto ou intuição; natureza, cultura ou Kosmos), e há uma falácia ao incluirmos as experiências pré-pessoais na coluna "espiritual" do modelo anterior. Assim, sua análise discerne, no dito espiritual, aquilo que é "transpessoal" e evolutivo daquilo que seria "pré-pessoal".
Wilber propõe dez níveis e quatro quadrantes que, se combinados, geram a abordagem "todos os níveis, todos os quadrantes" de sua Filosofia Integral. Esses níveis e quadrantes são:
  • SUPERIOR ESQUERDO: Interior-Individual, Eu. Psicologia do Desenvolvimento.
  • SUPERIOR DIREITO: Exterior-Individual, Isto. Neurologia, Ciência Cognitiva.
  • INFERIOR ESQUERDO: Interior-Coletivo, Nós. Psicologia cultural, antropologia.
  • INFERIOR DIREITO: Exterior-Coletivo, Istos. Sociologia.
Cada um destes quadrantes apresenta 10 estágios ou níveis, sub-divididos em pré-pessoais, pessoais ou transpessoais:
  • TRANSPESSOAL: Causal, Sutil e Psíquico.
  • PESSOAL: Centáurico/Visão Lógica, Formal (formop) e Operacional Concreto (conop).
  • PRÉ-PESSOAL: Rep-ment, Fantásmico-emocional, Sensório-físico e Indiferenciado ou matriz primária.

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