quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

958-O Espírito


O Espírito visto sob diferentes culturas

A palavra espírito tem sua raiz etimológica do Latim "spiritus", significando "respiração" ou "sopro", mas também pode estar se referindo a "alma", "coragem", "vigor" e finalmente, fazer referência a sua raiz no idioma PIE (s)peis- (“soprar”). Na Vulgata, a palavra em Latim é traduzida a partir do grego “pneuma” (πνευμα), (em Hebreu (רוח) ruah), e está em oposição ao termo anima, traduzido por “psykhê”.
A distinção entre a alma e o espírito somente ocorreu com a atual terminologia Judeo-Cristão (ex. Grego. "psykhe" vs. "pneuma", Latim "anima" vs. "spiritus", Hebreu "ruach" vs. "neshama", "nephesh" ou ainda "neshama" da raíz "NSHM", (respiração).
A palavra espírito costuma ser usada em dois contextos, um metafísico e outro metafórico.

Filosofia

 

Espírito é definido pelo conjunto total das faculdades intelectuais. Ele é freqüentemente considerado como um princípio ou essência da vida incorpórea (religião e tradição espiritualista da filosofia), mas pode também ser concebido como um princípio material (conjunto de leis da física que geram nosso sistema nervoso).
Na Antiguidade, o sopro e o que ele portava (o som, a voz, a palavra, o nome) continha a vida, seja em protótipo, em essência ou em potência (mítica). No tronco judaico-cristão das religiões diz-se que Deus soprou o barro para gerar o (ser no) homem. Dar um nome aos seres vivos ou não, emitir o som do nome (i.e, chamar por um nome, imitar as vozes animais, mimitizá-los, fazer do nome onomatopéia, apresentar-lhes na língua, dar-lhes uma palavra que lhes chame etc), fazer soar pela emissão do sopro vocal, significava possuir (ter o que é deles, a carne, a voz, i.e., ser-lhes o proprietário). Assim, diz-se também que ao dar nomes aos animais, o Homem ancestral, tomou deles a posse, tomou deles algo, deu-lhes a representação, o espírito. Nos contos míticos, emitir um som significa chamar pelo ser que atente a tal som. Assim, o gênio da lâmpada de Aladino das (Mil e Uma Noites) aparecia quando Aladim esfregava a lampada maravilhosa, assim emitindo um ruído ou som que era exatamente o nome do gênio encarcerado.
Ainda quanto ao gênio, desde as mais antigas tradições cultiva-se a idéia do gênio que vem em ajuda do homem, porém nem sempre, nascendo daí a necessidade de tê-lo aprisionado, disponível, numa alusão de que para possuir as suas qualidades há que dominá-lo, domá-lo. Somente a partir de 1572 começou a aparecer na literatura a expressão “gênio” como sinônimo de inteligência extraordinária ou dom genial.
De qualquer maneira, há muito significado entre gênio e espírito.
Em política, diz-se do espírito das leis, expresso na constituição e em muitas outras ocasiões em que se refere ao “espírito da coisa” como um conteúdo entendido não explicitamente.

Corpo e espírito

 

Em diferentes culturas, o espírito vivifica o ser no mundo. O espírito também permitiria ao ser perceber o elo entre o corpo e a alma. Entretanto, muitas vezes espírito é identificado com alma e vice-versa, sendo utilizados de forma equivalente para expressar a mesma coisa.
Segundo a teoria dualista de Descartes, o corpo e o espírito são duas substâncias imiscíveis, cada qual com uma natureza diferente: o espírito pertenceria ao mundo da racionalidade (res cogitans), enquanto o corpo às coisas do mundo com extensão (res extensa), i.e., ao mundo das coisas mensuráveis. Descartes acreditava que a função da glândula pineal seria unir a alma/espírito ao corpo. Sua visão do ser humano era mecanicista. O corpo era tratado como uma máquina de grande complexidade. Pensava em partes separadas, no que ligaria o que com o que, qual seria a função de cada parte, em suas relações etc.
Para os religiosos, a morte separa o espírito do corpo físico, e a partir daí, o espírito passa a ser somente da esfera espiritual. Para eles, a morte parece não encerrar a existência de cada ser particular.

Psicologia

 

Em psicologia, o espírito designa a atitude mental dominante de uma pessoa ou de um grupo, que motiva-o a fazer ou a dizer coisas de um determinado modo.

Espiritologia

 

De acordo com a espiritologia (ou "psicologia espiritual"), o espírito é o corpo psíquico, que entra em contato com a quarta dimensão (ou Mundo Astral), local onde não existem problemas de espaço (distâncias) ou de tempo. Segundo esta corrente, o ser humano pode entrar em contacto com outros lugares ou até outras épocas, sendo que, alguns pesquisadores, como o psiquiatra suíço Carl Gustav Jung, acreditavam que os problemas do mundo contemporâneo, não eram regidos apenas pelas pessoas fisicamente, mas também psiquicamente, utilizando o mundo astral como meio de intervir no Mundo Terrestre.

Espíritos na Bíblia

 

Na Bíblia, ao menos no que restou das mutilações que ela sofreu quando foi adaptada ao interesse ao romano, a expressão "espíritos" se refere aos anjos que se rebelaram contra Deus. Na tradição judaico-cristã, são também chamados de "anjos decaidos", "espíritos impuros" ou “demônios”. Eles subordinaram-se à liderança de um anjo rebelde que foi proeminente na hierarquia angélica, comummente denominado por Satanás e Diabo.
Segundo a Bíblia Cristã, embora impedidos de se materializar, estes "anjos decaidos" teriam grande poder e influência sobre a mente e o modo de viver dos humanos. Teriam capacidade de se incorporar em humanos e em animais e possuí-los (possessão espírita, não delirio de possessão), e também usam coisas inanimadas (assombração), tais como casas ou objetos.
No Novo Testamento, o uso do termo "demônio", em gr. daimoníon, é limitado e específico em comparação com as noções dos antigos filósofos e o modo em que esta palavra era usada no grego clássico. Originalmente, o termo daimoníon designava as divindades, que podiam ser boas ou ruins.
Os "espíritos superiores" ou "mais evoluídos", alegadamente espirítos de bem, apresentam-se como protectores e conselheiros dos humanos, e até mesmo, chegando a conferir poderes ou dons sobrenaturais.
É também no Novo Testemento que o Espírito Santo é apresentado como a ligação entre Deus (Criador) e o Homem (Criatura).

Espiritismo

 

Segundo a Doutrina Espírita, o espírito é a individualização do princípio inteligente do Universo. Quando encarnado - ou seja, vestido de um corpo humano - é chamado de alma, nesta situação alma e espírito são as mesmas coisas em diferentes estágios. A reencarnação, segundo o espiritismo, é o processo de auto-aperfeiçoamento por que passam todos os espíritos.
Para os espíritas, o estado natural do espírito seria o de liberdade em relação à matéria, ou seja, a condição de desencarnado. Nesta situação, o espírito mantém a sua personalidade e suas características individuais.
Também segundo a doutrina espírita, a interação do espírito com o cérebro se dá através do perispírito. Este conecta a vontade que nasce no espírito com o estímulo que direciona o cérebro.
Para designar um espírito específico, os espíritas utilizam a inicial em maiúsculo, como por exemplo: "O Espírito Emmanuel".

Teosofia

 

Na Teosofia, o espírito é associado aos dois princípios mais elevados do Homem, a díade Atman-Budhi, a essência imortal do Homem.

Outras teorias

 

Na teoria Shmuelin, é o espírito Divino que reside na mente do homem – o Ajustador do Pensamento. Este espírito imortal é pré-pessoal – não é uma personalidade, se bem que esteja destinado a transformar-se em uma parte da personalidade da criatura mortal, quando da sua sobrevivência.

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