domingo, 13 de janeiro de 2013

954-Estados e Eságios de Consciência


Enfim, alguém para integrar

É sempre um pouco difícil abordar a questão do desenvolvimento espiritual em virtude da escassez de outros estudos comparativos. Mas, se tomarmos a via dos estados de consciência parece que o caminho se torna menos obscuro. Vamos partir do princípio do homem e aproveitar as perspectivas de mundo anotadas por Gebser. Jean Gebser foi um filósofo polonês (1905-1973) que se dedicou ao estudo da consciência humana e criou uma escala capaz de situar as fases de desenvolvimento espiritual, que vai da arcaica à integral, passando pelas fases mágica, mítica, racional e pluralista.  Ensinou que viemos do arcaico, que pode ser considerado o ponto zero: o homem olhava para os céus e nem mesmo sabia o que era aquilo. Bem mais tarde passamos para o mágico: aquilo era realmente maravilhoso, a magia da abóbada celeste. Muito tempo depois, saltamos para o mítico: havia deuses poderosos carregando e sustentando tudo aquilo. Não demorou muito, saltamos para o racional: quem são esses deuses? Neste século XXI abre-se a fase pluralista, que estudará o Deus Único sob a visão de todas as tradições religiosas, cujo resultado poderá ser o alcance da fase integral: acabar-se-ão as divisões fundamentalistas.
Gebser não foi o único a estudar o crescimento consciencial do homem. Outro que trabalhou isso foi o estadunidense James W. Fowler, professor de Teologia e Desenvolvimento Humano, conhecido mundialmente por seu livro “Estágios da Fé”, no qual traça um verdadeiro mapa do desenvolvimento humano e sua concepção de Deus.   Fowler teve a companhia de Piaget. O suíço Jean Piaget (1896-1980) revolucionou as concepções de inteligência e desenvolvimento cognitivo partindo de pesquisas baseadas em observação. Apesar de considerar-se um epistemólogo genético, Piaget contribuiu com a Educação, com a Psicologia e até mesmo com a Informática.
Esses dois também contribuíram para isso, criando cada qual a sua escala para identificação da expansão cognitiva. Mais recentemente, Ken Wilber andou juntando concepções de uma dezena de autores e chegou a uma tabela centrada na cores do Arco-íris, segundo a qual, partindo do infravermelho, o desenvolvimento pode alcançar o ultravioleta. Ken Wilber é norte-americano considerado um dos mais brilhantes filósofos da atualidade. Fundou o Integral Institute, onde reúne centenas de pesquisadores da mente e da consciência. O seu mais recente livro, “Espiritualidade Integral”, foi editado no Brasil pela Aleph.
A juntada das teorias consagradas no mundo todo, dá a Wilber a certeza de não merecer as críticas dos discordantes, como sempre ocorre e por conta de cuja mania humana nós já ficamos séculos discutindo a autoria e nunca reconhecendo o efeito das idéias ou teses.
Para nós, aprendizes, interessados em entender onde poderíamos nos localizar na tabela crescente de Wilber, importa anotar que o trabalho desse intelectual não se resume apenas aos aspectos religiosos. Apesar de Wilber demonstrar especial interesse por explorar a inteligência espiritual e a repressão do sublime, como especifica, trata por igual as inteligências cognitiva, estética, espiritual e moral, associando-as com as esferas de valor (Max Weber) (pela ordem): ciência, arte, espiritualidade e ética.
Wilber reúne as diversas teorias para concluir que dependendo das circunstâncias uma pessoa pode experimentar diferentes níveis de evolução em cada um dos quadrantes: cognitivo, estético, espiritual e moral.
A sua análise demonstra uma catástrofe perpetrada contra o desenvolvimento espiritual, segundo narra. Lá nos primórdios de nossa consciência, sem nenhum critério científico, filosófico ou religioso, misturávamos tudo aquilo que modernamente foi diferenciado e conceituado como esferas de valor, o que pode ser descrito como estética, ética, ciência e religião. O problema foi que da Idade Média para frente além de diferenciar as esferas de valor (o que foi bom), nós as dissociamos (o que foi ruim) e, sob o pretexto de contrapor a hegemonia de uma Igreja dominadora, jogamos fora o aspecto da espiritualidade. Os últimos espiritualistas foram executados em praça pública e queimados. A Reforma e a Contra-Reforma religiosas só vieram aprofundar o fosso da divisão.

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