segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

945-"O Destino Existe?"


O Destino não existe (II)

Veja aí como a humanidade cristã não entendeu a mensagem de Jesus. De forma hipócrita fala-se muito de direito à vida, discute-se sobre questões como a legalização do aborto, da eutanásia, de pesquisas com células-tronco, entre outras, além das divergências quanto a transfusão de sangue, transplante de órgãos, fertilização in vitro, etc. etc.
É válido pensar nessas questões, esclarecer conceitos, afastar preconceitos, mas elas não podem ser o foco quando se tem uma realidade como a que muitos países vivem hoje: as pessoas podem ou devem ser poupadas em laboratório, clínicas ou UTIs, mas não são poupadas na rua, na favela, nos lixões.
Preocupamo-nos com a questão de quando se inicia a vida, a proteção do feto, da criança que ainda está pra nascer, mas não damos a menor bola para ela depois quando estiver semi-nua, ranhenta, barriguda, faminta, seviciada, engolida pela máquina do terror. Isso não conta ou conta menos que um cãozinho abandonado na praça.
As vidas que já estão no caldeirão não é problema nosso. E olha que o blog não é favorável ao aborto em nenhuma hipótese.
É engraçado como é muito mais fácil se pensar por antecipação, querer resolver problemas premeditadamente, coisas que ainda não aconteceram, quando se está diante de um enorme problema, um quadro problemático diante de nossos olhos e debaixo de nossos narizes. Enquanto preocupamo-nos com o abstrato, o concreto vai a cada dia descendo pelo penhasco como uma grande bola de neve que só tende a aumentar.
O médico que realiza o aborto é mais réu que o estuprador que engravidou a paciente abortiva. Mas, experimenta colocar esse tema em debate aí no seu grupo de reflexão.  

Não desmerecendo uma vida que está pra nascer e nem a vida que já em curso, ou que está pra morrer, a nossa sociedade é cruel com ela mesma. Dignidade, decência e liberdade são valores sepultados, saíram do foco.
Não se pode fugir da realidade e querer se esquivar, fechar os olhos e ignorar a gravidade dessa situação precária na qual se enquadra a infância e a juventude de muitos países. O Estado e a sociedade não podem se alienar. Por isso, muito mais urgente é decidir o destino dessas vidas, que, querendo ou não, estão vivendo, ou melhor, sobrevivendo. Milhares delas estão nos orfanatos, outros milhares nas ruas. Essas dos orfanatos, quando de lá saírem, sairão para fazer o que?

Pode parecer hipócrita dizer que o futuro desses países depende dessas crianças e jovens, como é o lema de várias instituições que pedem doações pela TV. Mas só se limitando ao contexto da frase, não é essa mesmo a realidade? Um dia, se o destino quiser, se a “pedra”, o “pó” ou as “balas” não impedirem, essas crianças irão crescer, deixando de ser pequenos seres indefesos e inocentes para se tornarem sabe lá que tipo de adulto.
Nada contra quem pede doações. Mas, e os governos nada fazem? Para onde vai o dinheiro dos impostos. Ah, isso tem outro destino!!!!

O que muitas instituições, grupos de apoio aos jovens devem brigar e reivindicar não é, por exemplo, pelo passe livre de ônibus, ou querer que essas crianças e jovens conheçam os grandes centros das capitais, isso é muito pouco pra elas, é interessante, mas é supérfluo frente a tanta carência. Lutar para que elas tenham uma infância e adolescência digna, decente, com o mínimo de estudo, alimentação, proteção, para crescerem e se desenvolverem e um dia serem úteis para si mesmas e para a sociedade, para o país, é o mais importante. O governo tem a sua parcela de culpa, mas ele sozinho não pode resolver. Querendo ou não a nação está toda envolvida, pode e deve contribuir para a resolução do problema.

Os direitos fundamentais dessas crianças e jovens também devem ser garantidos. A liberdade de expressão, liberdade de viver e de ter uma família, de ter um estudo e um lazer decentes. Muitos casais lutam para ter um filho, fazem o que podem pelos meios naturais e até artificiais para conseguirem isso, tentativas falhas que custam dinheiro, enquanto os orfanatos estão lotados de crianças querendo um lar.

O ser humano ainda tem que vencer o egoísmo e ser mais altruísta. Muitas pessoas fazem doações para campanhas famosas, sem ter certeza se aquele dinheiro doado irá realmente ajudar alguém, enquanto estão cercadas em suas próprias cidades de pequeninos que precisam de um pouco de carinho, atenção. Doar pela internet ou pelo telefone não adianta, não limpa a consciência e nem salva a alma de ninguém. Falta a coragem pra ir lá, encarar o problema, ver de perto a situação, se sensibilizar, e quem sabe ter peito pra levar uma ou mais de uma delas para casa. O que se deve ter em mente é que essas crianças não têm escolha, nem ninguém que decida concretamente por elas. Que maior prova de limitação da liberdade do que essa?
Isso é fazer futuro, é fazer resultado, é fazer destino!!!

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