domingo, 2 de dezembro de 2012

931-Iniciar-se para o Discernimento



O mistério do Escolhido

Ainda que ao leitor lhe pareça extraordinário, às vezes está mais perto da Iniciação aquele a quem todos apontam com o dedo e acusam, do que aquele santarrão que sorri doce e candidamente diante do auditório de um templo. Paulo de Tarso foi um verdugo e um assassino antes do acontecimento que lhe sobreveio no Caminho para Damasco, quando caiu do cavalo e Cristo apareceu-lhe para perguntar: o que tens contra mim? Nesse instante, caíram todas as fichas de Paulo. Por que eu sou contra Jesus? O crente de qualquer corrente de fé também deve perguntar-se: por que isso ou aquilo é apontado como obstáculo ao meu crescimento? E por que o meu pastor insiste tanto nisso ou naquilo como inimigos de nossa fé? As razões que ele apresenta são coerentes? Minha opção é continuar sendo guiado ou gritar por liberdade, como quis Jesus?
A instantânea transformação de Paulo surpreendeu aos santos de Jerusalém e também às autoridades romanas, a quem Paulo prestava serviços. O malvado converteu-se em profeta... Este é o Mistério do Escolhido. Os escolhidos vêm para fazer a diferença, quebrar o paradigma, chutar o pau da barraca: Pitágoras, Jesus, Galileu, Ghandi, Martin Luther King, Nelson Mandela, Helena Blavatsky, Allan Kardec, Albert Einstein, foram escolhidos para exercer algum tipo de libertação. Paulo de Tarso também, porém não como autor e sim como multiplicador. Sem ele a obra de Jesus seria muito pouco conhecida.
Um longo período de turbulências emocionais, perturbações mentais, dores inexplicáveis, depressões causais, transtornos obsessivos, profissões que não dão certo, casamentos que se arrastam ou se desfazem, doenças renitentes, insatisfações psíquicas, comportamento inadequado e muito mais coisas não conhecidas e não pesquisadas, entram para o rol dos sinais de chamamento dos escolhidos.
Todos os grandes médiuns, xamãs e profetas passaram e passam por períodos de provação. Quando fracassam, sucumbem levados pelo minguar de seus estados vitais e abandonam seus corpos ao fazer o retorno à Pátria Espiritual para reciclagem. Quando conseguem fazer a travessia, assumem seu mister sacerdotal no que de mais sagrado é o fazer bem intencionado de alguém perante uma comunidade.
Mas, cuidado, leitor: com tantas igrejas atuando como franquias de postos de arrecadação financeira, muitos supostos escolhidos não podem entrar para esta lista; ofereceram-se para aquele posto e pagarão um elevado preço por sua usurpação.
Há situações de menor intensidade, que não deixam de ter as mesmas conotações com as quais se revelam os grandes médiuns, xamãs e profetas. Milhões de reencarnações vêm marcadas para o ofício do voluntariado: precisam doar-se, iluminar, servir, porque essa é a missão assumida. E enquanto o mister sagrado não se revela, haja perturbações, dores, doenças, sofrimentos, descaminhos. Paulo de Tarso já foi citado como exemplo e não à toa: ele vinha atravessando uma grave crise pessoal e estava em busca de socorro quando se dirigia a Damasco. O restante da história todos conhecemos.
Podemos anotar com maior grau de acerto do que de erro, que a imensa maioria do voluntariado de instituições de caridade, é formada por Escolhidos, pessoas trazidas de seus infernos vibratórios aonde muita coisa estava atravessada e que, em plena luz dos tratamentos recebidos, tiveram a iluminação, o insight, a queda da ficha, que resultou na sua continuidade já não mais como pacientes, mas como alguém que embora ainda se faz e se julga necessitado de ajuda, não mais só quer receber, antes quer dar, complemente integrado no mister sagrado de ajudar a quem precisa de ajuda. E, ao ajudar, liberta-se da síndrome do pedir.
Faça, porém, uma separação neste ato de ajudar. Tem gente ajudando o pastor e o pastor não está doente e nem é um sofredor. E, infelizmente, não conhecemos nenhuma obra sua de ajuda aos necessitados. Logo...
A iniciação (de que estamos falando) tem início no insight, passa pelo calvário de uma preparação que não é curta e vai ato heróico da morte do ser velho, ocasião em que o “profano” beatifica-se, benze-se, é sagrado e se levanta da tumba (figurada) da morte para uma vida de grandes compensações espirituais.
Esta é a iniciação de primeiro grau. Outras virão para mudar de freqüência e subir de posto. Aqui também os chamados são tantos que ou o candidato foge e se esconde para renunciar a tudo ou faz a travessia e cruza a linha na outra extremidade, sempre a caminho do cumprimento de sua missão. E de evolução.   
Em geral as iniciações são dolorosas. Não há vitória sem esforço. Mas, a dor do período iniciático é sempre menor que a dor do período do chamado. Para o discípulo que se encaminha com determinação, o período iniciático nada mais é que um treino, uma preparação, um adestramento, como de fato, é, mas não só. A iniciação deve conter uma iluminação, uma revelação, o erguer de um véu. A partir daquele instante é que a morte do velho se faz verdade para dar nascimento ao novo ser. O comportamento do novo denota o seu novo estágio. Esse é o tema do próximo capítulo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário