quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

935-Iniciar-se para o Discernimento


O discernimento. Como chegar a ele? (II)

Então, agora... Silencio minha mente, relaxo meus músculos, torno serena minha respiração para estabelecer, neste instante, um contato muito especial. Vou conversar com minha alma. E através dela chegar muito perto de Deus.
Ao terminar esta jornada de aprendizado, que foi e que é a Iniciação, quero declarar-me novo como ser, novo como homem, nova como mulher.
Encerra-se uma fase, abre-se outra.
Descubro que eu não estou sozinho nesta vida. E nem abandonado.
Tenho um corpo, uma mente, um espírito e um anjo guardião.
Carrego trilhões de células, dezenas de órgãos, vasos, músculos, combinações, sinapses. Tenho sentidos que percebem através de terminais sensitivos.
Tenho membros que pegam e soltam, apalpam e caminham, dão, tateiam e deslizam. Tenho intuição e sensibilidade para perceber que sou um ser divino.
Tenho uma mente com grande capacidade, que com sabedoria readquirida a utilizarei convenientemente. Sou um espírito em trânsito pela matéria.
A razão de ser da minha vida está naquilo que amo. Está naquilo que levo exclusivamente como meu capital existencial.
Mas, antes de tudo, o maior amor que dedico é a mim mesmo. E antes de tudo, tudo que quero para mim é ser feliz.
Pertenço à Grande Obra de Deus e me dôo àqueles a quem amo em profundidade.
Sou parte disso tudo como ser único, sem cópia.
Sou parte da imensidão do Universo que se mostra nas nuvens, nas águas e no arco-íris, nas estrelas, nas constelações e galáxias, para que eu descubra que não estou sozinho no Universo. Sou parte dele.
Sou parte das manhãs que me acolhem quando acordo e se estendem à minha frente num sorriso que percebo nas gotas do sereno, nos pingos das chuvas, no jorro das cachoeiras, no cantar dos pássaros.
A vida corre em minhas veias como rios que transportam e abrigam alimentos e vida por todos os recantos do meu território, do mesmo modo como os rios também correm pelas veias da Terra distribuindo vida.
Sou parte da vida que se estende à minha frente e se borda elegantemente nas espumas das ondas do mar e nos espelhos mágicos dos lagos e das lagoas.
Não é diferente quando os vegetais se oferecem como fibras, frutos, sementes e sucos que se transformam em alimentos meus.
E nem é diferente quando a natureza animal vem oferecer-me a própria vida como alimento para mim.
Sou parte da vida que floresce e me entrega a beleza com que desabrocha, inclusive em mim, os coloridos do mundo e das pessoas que enfeitam o todo.
A vida me entrega suas poções mágicas, seus remédios naturais e seus perfumes para que a minha existência seja um prêmio animado pela beleza, pela música, pelo canto, pelos demais prazeres.
A vida que também está em mim se agita nos ventos e nas brisas que sopram as velas das minhas viagens interiores e exteriores.
Ela me entrega beijos e carícias até mesmo naquelas horas em que não mereço afetos e beijos.
A vida me dá a Lua, espelho que vigia meus sonhos, reflexo que me alcança enquanto adormeço para acordar na materialização dos meus próprios sonhos.
Ela me dá o Sol, astro rei que preside a sinfonia do nosso sistema planetário e que ilumina e energiza as vidas todas que se desenvolvem sob seu calor e ao seu redor.
E a vida me dá as maravilhosas telas pintadas do entardecer.
E, para mim, que aqui estou neste momento, a vida me dá a energia e a coragem para renascer todos os dias.
Numa oração, eu me declaro vivo e a caminho da cura progressiva.
Liberto-me de todas as amarras que me prendiam aos quadrados surrados e repetidos como verdades veladas, promessas indefinidas, medos infundados...
Olho-me no espelho e percebo Deus agindo em mim, incentivando-me a crescer para Ele, mostrando-me os seus mapas.
Morreu o velho eu. Nasceu o novo nós. Estamos a caminho. Esperem-nos.
Apenas como conclusão destes conceitos: discernir é um ato de maestria, é mister de quem já vislumbra os desdobramentos posteriores e por conta dessa sabedoria poder adicionar componentes capazes de minimizar uma crise, ou por outra, dela extrair os máximos resultados.
Lembra do sábio que mandou seu ordenança empurrar a vaca do consulente precipício abaixo? É algo espantoso para uma mente viciada em linearidade. A vaca dava àquela família a única fonte de proteína, mas a família padecia longos meses sem proteína enquanto a vaca aguardava novo bezerro. A miséria era grande. O sábio matou a vaca e com ela matou o homem velho que não queria fazer outra coisa do que depender da vaca. No ano seguinte, o homem novo tinha horta, galinheiro e lavoura, que sentiu-se obrigado a buscá-los desde que acabou o círculo vicioso com a vaca.
Nós temos de ter coragem de matar o velho para que o novo possa nascer.  

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