terça-feira, 4 de dezembro de 2012

933-Iniciar-se para o Discernimento



Uma perigosa armadilha para o Iniciado

Muito se pede a quem muito se dá. A evolução é um monstro faminto sempre com maior capacidade famélica. E o Iniciado descobre que existem muitos pontos obscuros em sua estrutura de saber e acha que pode iluminar tudo atabalhoadamente. Talvez por leitura, televisão, redes sociais, filmes, indicação de leitura ou de eventos, o Iniciado parece enlouquecido na busca do novo, qualquer novo...
Imaginemos um depósito fechado há muito tempo, empoeirado, desarrumado, mal iluminado, cheio de teia de aranha e que, por decisão do seu dono será aberto, esvaziado, lavado, pintado, rearrumado, com cheiro de limpeza, mas que num repente começa a receber coisas e mais coisas nada organizadas, sem hierarquia, sem conexão, jogadas pra dentro na pressa, sem arrumação... Vira outro depósito. Cada vez que o dono entra ali percebe a estapafúrdia, a esculhambação, a desarmonia...
Não se perturbe, não se angustie. Sempre será assim a consciência do recém Iniciado. Ocorre aquela fúria atabalhoada de saber, referida linhas atrás, mas há que ter a paciência de acomodar o novo, observar o novo, integrar-se ao novo, sentir o novo, descobrir-lhe os significados e absorvê-los como novas riquezas adquiridas.
A nossa mente é um sujeito profissional que se dá muito bem quando executa no máximo duas funções. Imagine-se ela trabalhando em vários lugares, misturando as estações, atendendo a múltiplas demandas partidas de diferentes e diversos comandos...
Calma pessoal, cada coisa ao seu tempo. Uma Iniciação como a descrita nestas postagens pode representar um salto de mais de um século para a velha consciência. Cabe ao Iniciado curtir seu novo estágio, degustar as novidades, rever conteúdos que passaram ao largo, reviver, reler, ressignificar... É assim que a coisa funciona.
Tenho certeza que aquele livro lido há cinco anos terá um novo sabor se voltarmos a lê-lo.
É preciso, também, prestar atenção para o mercado que se abre na seqüência de séculos de obscuridade espiritual em contraposição à teimosia de setores fundamentalistas amarrados num passado imemorial. É uma guerra, mas calma, leitor. Usei a palavra “mercado” e agora acrescento a palavra “cliente”. Sim, nesse mercado todos estão em busca de conquistar e fidelizar clientes. O objetivo é obscuro porque o dinheiro está no meio e aí pague pra ver quem quiser. Vamos com calma.
Um exemplo: o país mais rico do mundo ainda é a terra de Tio Sam – aquele jargão inventado com a sigla US, lendo-a como Uncle Sam. Colonizado por levas e mais levas de luteranos, calvinistas, anglicanos e ateus, num determinado momento tornou-se a pátria das igrejas fundamentalistas centradas no Velho Testamento, uma espécie de cópia mal-feita do judaísmo ou do islamismo, tendência que pela influência norte-americana no mundo, acabou exportada como a religião de muitos países do chamado Terceiro Mundo. Enquanto isso, uma elite intelectualizada yankee estava buscando algo mais espiritualizado e encontrou no budismo um campo vasto de expansão. Mas, não foi um budismo original. Assim, nasceu a outra corrente exportável, a New Age, e atrás dela o marketing espiritual que rende milhões de dólares tanto aos evangélicos como aos novos budistas. Negócio espetacular. Fala sério, irmão!
Tristeza. Sempre foi assim com muitas igrejas e continuará assim por algum tempo. Lembre-se que nós estamos falando de Iniciação. Quem se deixa levar pelo guia não é um iniciado, é um cego que não vê o próprio caminho, não retirou a venda dos olhos. Temos de pedir ou dar tempo a ele. Cada coisa no seu tempo.
Experimente propor a uma pessoa destas uma mudança de religião! Você vai apanhar.
Nós já fomos assim antes da Iniciação. Lembra-se?

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