segunda-feira, 12 de março de 2012

Como é que pode?


39. Deu a louca. É isso?

A expressão “deu a louca” não é nova. Bem antiga ela é, mas não é velha. Está de volta. Ao ler esta sucessão de artigos neste blog, uma hora tratando de política e economia, outra hora tratando de profecias, aqueles leitores mais conservadores estarão a pensar ou a dizer: deu a louca no redator.
Pode ser. Os novos tempos pertencem àqueles que conseguem pensar esse amálgama de temas entrelaçados a fazer parte do cotidiano dos homens. Durante muitos séculos, por pensarmos fragmentariamente, nos perdemos do rumo. A Torre de Babel é simbólica do que aconteceu com os homens. Mas, os aviões de 11 de setembro investiram contra a torre e ela veio abaixo. Lá aonde se brindava o triunfo do individualismo egoístico e o descompromisso com a vida, hoje se reza pela paz e pela concórdia. Uma oração marcada pelo desejo de amar e compreender tem uma só linguagem. Então o homem conservador precisa admitir mais esse valor a conservar: a vida também é feita de profecias, de sonhos, de abraços, de respeito, de valores eternos que as armas não destroem, que o dinheiro não compra, que o orgulho não sustenta. A vida é simples.
Os radicais conservadores encastelados nas torres gêmeas simbolizavam a linguagem de Babel, enquanto os radicais islâmicos instalados na cabine dos aviões que foram jogados contra as torres gêmeas são, tanto quanto, conservadores no outro extremo. Nenhum dos dois tinha uma linguagem ampla para a vida. O que ganharam eles dois? Que resultados obtiveram eles dois?
O mundo ganhou com isso. Foi a aula mais bem dada sobre o que não podemos fazer de lado nenhum.
Então, quando “dá a louca” no redator é o momento certo para vislumbrar o terrorista e o banqueiro olhando-se mutuamente nos olhos a se perguntarem também mutuamente: o que eu ganharei com a sua destruição? Por que o meu argumento é mais importante a ponto de se transformar em arma destruidora?
Essa loucura de colocar o George Soros (maior ícone das bolsas de valores do planeta) cara a cara com o sucessor de Bin Laden (que não se sabe se há) é uma prova de fogo. Vale também para o homem-bomba a caminho de seu alvo e vale para o dono do capital-bomba destinado a destruir os sonhos do lado explorado.
O que esses caras não podem mais continuar a fazer é se esconder atrás do anonimato de uma ideologia para arrancar os olhos do próximo e pousarem de mocinhos.
Percebe, leitor, o salto quântico? Depois de milênios de guerras, eis que o guerreiro se ergue da trincheira portando uma bandeira branca e caminha na direção da trincheira inimiga. No primeiro momento ele é visto como embusteiro, traiçoeiro, e pode até levar chumbo, mas depois, mesmo ferido, será compreendido como alguém que pergunta: O que eu ganho com a sua destruição? Que contribuição tem a vida com a nossa guerra? Quem sairá ganhando? Quem está certo?
Esta é a loucura nova, o fazer novo. Loucura e fazer novos que cobram de mim e de ti um pensamento novo.
Juro que os vizinhos condominiais pararão de brigar. Juro que os casais, mesmo sob diferentes perspectivas, começarão a entender-se e a pensar que só vale a pena se a vida ganhar. Se a vida perder, perderemos todos. Melhorando a metáfora: tudo vale a pena se alma não for pequena. Homens de alma pequena macularam a história humana. Abaixo os homens de alma pequena. Seu lugar não é aqui.
A louca que deu no redator não é loucura. É proposta. É ousadia. É coragem de oferecer-se ao novo. Tem a pretensão de buscar conhecer a proposta da vida. Se a vida sair ganhando, vale a pena. Se não, não.
Você vem com a gente?

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