terça-feira, 27 de novembro de 2012

926-Iniciar-se para a Meditação


Meditar não é concentrar-se, é entrar em vigília

Aqui, agora, vamos falar um pouquinho de espiritualidade dentro das escolas meditativas budistas. Já advertimos atrás: Meditação não é concentração.
Não se concentre! Se você se concentra, cria um problema porque então tudo o mais se torna uma perturbação, uma tentação a desviar a sua atenção. Se você tenta se concentrar dentro de um carro andando, então o barulho do carro se torna uma perturbação; a pessoa sentada ao seu lado se torna uma perturbação. Onde quer que você busque concentrar-se algo surgirá como tentação para desconcentrar, mais ainda nas mulheres cuja mente é um radar ainda mais potente e vigoroso que o dos homens.
Meditação não é concentração, está certo? É simplesmente estar consciente, vigilante. Você apenas relaxa e observa a respiração, o ruído da chuva, o andor dos passos, o cantar dos pássaros, o barulho do cosmos. Neste observar, nada é excluído. O carro está roncando – perfeitamente OK, aceite isso. (Claro está que o motorista não é você) O tráfego está passando – está OK, é parte da vida. O passageiro roncando ao seu lado no avião ou no ônibus, aceite isso. Nada é rejeitado.
Isto faz de você um prestador de atenção ao que se passa com seu corpo, a respiração, os batimentos cardíacos, a digestão, o movimento dos intestinos e até dos gases que ali se formam e que, agora, você está ciente de que eles existem e vão sair, precisam sair.
Nesse treinamento, em vigília constante, você vai desenvolver o fluxo da mente. Ela vai obedecer ao seu comando e fará o acompanhamento de qualquer coisa que seja uma ordem sua.

Por quinze minutos durante o dia, exale profundamente o ar dos pulmões várias vezes. Este é um exercício ideal para se fazer ao acordar ou ao deitar-se. Sente-se numa cadeira ou no chão, exale profundamente várias vezes e, enquanto exalar, feche os olhos. Quando o ar sair, você entra em seu corpo com o pensamento. E, então, permita ao corpo inalar e, quando ar entrar, abra os olhos e saia de dentro de corpo. Exatamente o oposto: quando o ar sai, você vai para dentro; quando o ar entra, você vai para fora.
Quando você exala, é criado um espaço internamente, porque respiração é vida. Quando você exala profundamente, você se esvazia, “aquela vida” saiu. De certo modo, você “está morto”, por um átimo de tempo, claro. Nesse silêncio de morte vá para dentro. O ar está saindo: você fecha os olhos e vai para dentro. O espaço está presente e você pode se mover facilmente.
Lembre-se: é difícil fazer isso na contramão do ar. Enquanto você está exalando está, ao mesmo tempo movendo-se para dentro. Não fácil inverter esses fluxos, mas é assim que tem de ser. Crie um ritmo entre esses dois movimentos. Dentro de quinze minutos, você vai se sentir profundamente familiarizado com este movimento de brincar com o pensamento entrando e saindo do interior do seu corpo enquanto você está “brincando” de entrar e sair na contramão do ar.
A mente irá se acostumando a obedecer. Esse é o segredo. A mente tem de obedecer e não sair por aí como casquinha de amendoim caída no rio.

RESPIRANDO PELA BARRIGA

Depois de algumas semanas de treinamento de acordo com o que foi sugerido na questão da respiração, alguma coisa nova já deverá estar acontecendo em sua vida. A mais importante observação deve ser para os sonhos.
No entanto, você pode ir além. É o que veremos agora.
Comece  relaxando o estômago e  respirando pela barriga. Faça disso uma prática. Deitado na cama, antes de dormir, por três ou quatro minutos, respire pela barriga. Ué, você nunca fez isso? É fácil. O seu diafragma deve ser acionado aumentando de volume quando o ar é inspirado e muito contraído, esvaziado, quando o ar é expirado.
De manhã, quando acordar, respire pela barriga. Faça isso sempre que se lembrar. Lembre-se, não esqueça. Sinta mais a sua barriga.
Quero abrir um parêntese para falar desses cuidados, dessa disciplina, dessas prioridades. Você se alimenta sempre que seu corpo pede, não é mesmo? Você toma água ou suco sempre que sente sede, não é mesmo? Seu corpo sabe pedir. Sua mente, não. Então é você que tem de cuidar das necessidades dela, assumindo isso como se sua mente fosse uma criança.
Sua mente irá ganhando experiência para “anotar” coisas que ela deixava passar sem prestar atenção. À medida que sua mente dignificar aquela região do corpo para a qual foi treinada a “olhar”, perceba, começará existir entre ela e os órgãos uma enorme empatia. Percebeu? Isso, de modo análogo, é a interação entre mente, corpo e espírito.

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