sexta-feira, 9 de novembro de 2012

910-Iniciar-se para a Verdade



Como se dá a Iniciação

Ainda que ao leitor lhe pareça extraordinário, às vezes está mais perto da Iniciação aquele a quem todos apontam com o dedo e acusam, do que aquele santarrão que sorri doce e candidamente diante do auditório de um templo ou casa espírita. Paulo de Tarso foi um verdugo e possivelmente autor de execuções antes do acontecimento que lhe sobreveio no Caminho para Damasco, quando a figura de Cristo se lhe apareceu cobrando razões para sua truculência contra os cristãos. A instantânea transformação desse homem surpreendeu aos santos de Jerusalém. O malvado converteu-se em profeta... Este é o Mistério do Escolhido para exemplificar uma iniciação.
Um longo período de turbulências emocionais, perturbações mentais, dores inexplicáveis, depressões causais, transtornos obsessivos, profissões que não dão certo, casamentos que se arrastam ou se desfazem, doenças renitentes, insatisfações psíquicas ou sexuais, comportamento inadequado e muito mais coisas não conhecidas e não pesquisadas aqui, podem ser sinais do chamado que não quer calar. Lembremos que Paulo foi derrubado do cavalo e estava sob intensa dor quando percebeu a doçura do terapeuta que surgira em espírito. Fora dessa circunstância Paulo não veria um santo; mais provavelmente visse um obsessor.
Todos os grandes médiuns e xamãs passam por períodos de provação. Se fracassam, sucumbem levados pelo minguar de seus estados vitais e abandonam seus corpos para fazer o retorno à Pátria Espiritual a caminho da reciclagem. Se fazem a travessia, assumem seu mister sacerdotal no que de mais sagrado possa existir o fazer de alguém perante uma comunidade. O tamanho da messe não conta. Pode ser a dedicação a uma criança abandonada, a uma creche, a um sanatório, um mandato à frente de uma instituição ou coisa ainda maior.
Obama, reeleito presidente da nação mais influente do planeta recebe a segunda chance de transformar o mundo sob sua influência. O mandatário chinês, recém conduzido ao posto tem uma missão pela frente. O planeta está sob os botões dos seus comandos e suas almas postas à prova.
Há, no entanto, as situações de menor intensidade, que não deixam de ter as mesmas conotações com que as que se revelam aos grandes médiuns, xamãs e líderes. Milhões de reencarnações vêm marcadas para o ofício do voluntariado: precisam doar-se, iluminar, servir. Não importa se eleitos por milhões de votos ou levados ao cargo por necessidade imperiosa bilateral: precisamos deles e eles precisam mostrar que podem atender. Enquanto o mister sagrado não se revela, haja perturbações, dores, doenças, sofrimentos, descaminhos, chamados, provocações. Paulo de Tarso já foi citado como exemplo, mas um muito bom exemplo.
Será que você já não foi chamado? Terá decodificado isto?
Podemos anotar com maior grau de acerto do que de erro, que a imensa maioria do voluntariado que conhecemos em muitas casas de serviços gratuitos ou não e de outras instituições similares, é formada por Escolhidos, pessoas trazidas de seus infernos vibratórios aonde muita coisa estava atravessada e que, em plena luz proporcionada pelo transtorno recebido, tiveram a iluminação, o insight, a queda da ficha, que resultou na sua continuidade já não mais como paciente, mas como alguém que embora ainda se faça ou se julgue necessitado de ajuda, não mais só quer receber, antes quer dar, completamente integrado no mister sagrado de ajudar. E, ao ajudar, liberta-se da síndrome do pedir.
Essa é uma situação que se aplica ao matrimônio, à paternidade/ maternidade, ao trabalho profissional e a muitas outras: quantas pessoas nós conhecemos que são carentes, sugam, se apropriam daquilo que o universo proporciona e são incapazes de produzir algo que possam rotular como sua obra, sua oferta, sua dádiva a este mesmo universo.
A iniciação tem início no insight, passa pelo calvário de uma preparação que não é curta, tudo à conta de um ritual de iniciação, ocasião em que o “profano”, “impuro”, “desajustado” beatifica-se, benze-se, purifica-se, ajusta-se, é sagrado e se levanta da tumba da morte (figuradamente) para uma vida de grandes compensações físicas, emocionais, psíquicas, espirituais.
Esta é a iniciação de primeiro grau. Outras virão para mudar de freqüência e subir de posto. Aqui também os chamados são tantos que ou o candidato foge e se esconde para renunciar a tudo ou faz a travessia e cruza mais esta linha na outra extremidade, sempre a caminho do cumprimento de sua missão maior. E de evolução.  
Em geral as iniciações são dolorosas. Não há vitória sem esforço. Mas, a dor do período iniciático é sempre menor que a dor do período do chamado. Para o discípulo que se encaminha com determinação, o período iniciático nada mais é que um treino, uma preparação, um adestramento, como de fato, é, mas não só. A iniciação deve conter uma iluminação, uma revelação, o erguer de um véu. A partir daquele instante é que a morte do velho se faz verdade para dar nascimento ao novo ser. O comportamento do novo denota o seu novo estágio. Esse é o tema do próximo capítulo.

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