segunda-feira, 19 de novembro de 2012

918-Iniciar-se para a Verdade


Um pouco de história

Homero se ocupou dos sonhos e o fez de forma irreverente, preferindo entendê-los como tentações dos espíritos do mal. Sócrates foi além ao entendê-los como uma expressão do lado bestial humano. Freud veio nessa mesma linha: as repressões exercidas sobre o ser humano, principalmente, sexuais, para ele, dão origem aos sonhos. Jung foi mais sutil e prestou um grande serviço à humanidade. Observou que em toda a história e no mundo inteiro os sonhos têm muita semelhança. Logo, a sua finalidade tem uma causa: transmitem uma verdade universal àquele que sonha e informam que a origem do fenômeno está associada a processo não aleatório. Melhor dizendo: é mais uma coisa comum a todos os seres humanos. E assim fica demonstrada a existência de um criador, um plano, uma causa e um efeito comuns não apenas no plano biológico.
Outros estudiosos, em linha semelhante de pensamento, teorizaram que os sonhos consistem de associações e memórias emitidas da parte frontal do cérebro, em resposta a sinais aleatórios do tronco encefálico. Estes autores sugeriram que os sonhos são o melhor "ajuste" que o cérebro frontal poderia fornecer a este bombardeamento provindo do tronco cerebral. Nesta proposição, os neurônios-ponte, via tálamo, ativariam várias áreas do córtex cerebral emitindo imagens bem conhecidas ou mesmo emoções, e o córtex, então, tentaria sintetizar as imagens disparadas, dando origem aos sonhos. O sonho "sintetizado" pode ser completamente bizarro e mesmo sem sentido porque ele está sendo desencadeado por uma atividade sem controle. Aquele sonho que temos dormindo é uma propriedade do cérebro, dizem os acadêmicos. Com base nessa assertiva, também vão além e dizem que cachorro, veja, um bicho, também sonha, tem pesadelos.
Mas, há o sonho no sentido figurado, que sonhamos acordados ou imaginando, aquele que chamamos também de devaneio, plano de vida ou fantasia. Esse parece ser uma função além da mente humana, quem sabe algo maior que esta existência.
Contudo, parece existir uma sutil ligação entre uma e outra coisa, entre sonhos e sonhos.

UM MUNDO A PESQUISAR

Já se disse que pessoas aposentadas, de larga idade, umas viúvas, outras não, começam dizer que não têm mais idade para isso ou aquilo e também já não falam mais de seus sonhos quando dormem. O que seria isso, se não o prenúncio da morte?
Pode ser um exagero, mas poderemos ver que não é bem assim. Esse é um distúrbio muito comum, chamado de "Síndrome do Ninho Vazio", no qual adultos a partir de 40 ou 50 anos de idade enfrentam grandes depressões quando seus filhos saem de casa para terem suas próprias vidas. Já é possível aceitar que quando uma pessoa pensa em derrota, a vida que está nela desiste de lutar.
Wilda Tanner, num brilhante trabalho intitulado “O Mundo Místico, Mágico e Maravilhoso dos Sonhos”, ensina que os sonhos que acontecem enquanto dormimos, são terapias para nossos males do dia-a-dia. Segundo ela, para uma imensa maioria, o “terapeuta” chega e trabalha de graça nas altas horas da noite, faz muito bem o seu trabalho, vai embora e nem deixa um cartãozinho para esperar uma ligação de “muito obrigado”. Há casos, porém, que o paciente interage e encomenda ao “terapeuta” as tarefas mais absurdas e importantes e, na manhã seguinte, ao abrir os olhos a solução está ali, completa, clara e certa, também a custo zero.
Wilda trabalha com a hipótese de que interagir com nossos sonhos noturnos significa abrir a porta que leva às maiores oportunidades de expansão do conhecimento. Como alguém que se oferece para estudar o lado espiritual do homem, Wilda assegura que estamos na vida corporal para bem mais do que apenas aprender com os professores, que cobram, e não ensinam tudo; há muita sabedoria nos sonhos e cabe a nós entrar nela.
Mas, atenção: existem livros que sugerem a interpretação literal dos sonhos cujos símbolos prometem dizer a “mesma verdade” para os sonhos de todas as pessoas que, por exemplo tenham sonhado com o pato ou com o padre. Isso não é tão simples assim, pois para uns o pato tem um significado e o padre também. Os símbolos colocados dentro dos nossos sonhos nem sempre são o conteúdo e sim a chave para se chegar ao conteúdo.
As teses de Wilda são conciliatórias entre o saber acadêmico e o saber empírico. Se temos um problema, o melhor caminho é distanciar-se dele para vê-lo de fora. Não é assim que atua a consultoria empresarial? E por que é assim? No centro do problema, agimos com a emoção. E a emoção contamina a razão. Ter emoção é um dos atributos do ser animal que somos. Enquanto animais, temos instintos, temos impulsos, temos medos. Ao trabalhar com os sonhos, permitimos que nosso espírito, de per si ou com a ajuda de guias espirituais, sem emoção, com a razão pura, nos indique a melhor solução.

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